quinta-feira, 6 de novembro de 2008

PAI RICO, PAI POBRE/ SÉRIE 1

INTRODUÇÃO

Há uma necessidade
A escola prepara as crianças para o mundo real? "Estude com afinco, tire boas notas e você encontrará um bom emprego com um salário alto", costumavam falar meus pais. O objetivo deles na vida era oferecer instrução superior para mim e para minha irmã mais velha, de modo que no futuro tivéssemos maiores oportunidades de sucesso. Quando finalmente me formei em 1976 – com destaque, pois fui um dos primeiros lugares da turma no curso de contabilidade da Florida State University, meus pais finalmente atingiram seu objetivo. De acordo com o "Plano Diretor", fui contratada por um dos "Oito Grandes" escritórios de contabilidade e imaginava à minha frente uma longa carreira e uma aposentadoria enquanto ainda fosse jovem. Meu marido,
Michael, seguiu um percurso semelhante. Ambos viemos de famílias trabalhadoras, de recursos modestos, mas com uma forte ética em relação ao trabalho. Michael também se formou com louvor, e ele o fez duas vezes: primeiro em engenharia e depois em direito. Rapidamente foi contratado por um prestigioso escritório de advocacia em Washington, D.C., especializado em patentes. Seu futuro parecia brilhante, com uma trajetória profissional bem definida e uma aposentadoria precoce garantida.
Embora nossas carreiras tenham sido bem-sucedidas, elas não foram exatamente o que esperávamos. Ambos mudamos de emprego várias vezes, pelas razões certas. Contudo, não há planos de pensão garantidos: nossos fundos de aposentadoria só aumentam em função de nossas contribuições individuais.
Michael e eu somos muitos felizes no casamento e temos três filhos maravilhosos. Enquanto escrevo este livro, dois deles já estão na faculdade e o terceiro está começando o segundo grau. Gastamos uma fortuna para assegurar-nos de que nossos filhos estão recebendo a melhor formação possível.
Um dia, em 1996, um dos meus filhos chegou em casa decepcionado com a escola. Estava aborrecido e cansado de estudar.
- Por que tenho que perder tempo estudando coisas que nunca aplicarei na vida real? - protestou. Sem pensar, respondi:
- Porque se você não tiver boas notas, você não vai entrar na faculdade.
- Mesmo que não entre na faculdade - replicou - vou ficar rico.
- Se você não se formar, não vai conseguir um bom emprego - respondi com uma ponta de pânico e preocupação maternal. - E se você não tiver um bom emprego, como é que você pode ficar rico?
Meu filho deu um sorrisinho forçado e balançou a cabeça. Já tínhamos levado este papo várias vezes. Ele abaixou a cabeça e desviou o olhar. Minhas palavras cheias de sabedoria materna caíam novamente em ouvidos surdos.
Embora esperto e determinado, ele sempre se mostrou um garoto bem-educado e respeitador.
- Mãe! - começou. Era minha vez de ouvir um sermão. - Caia na real! Olhe o que está acontecendo. As pessoas mais ricas não ficaram ricas por causa do estudo. Veja o Michael Jordan e a Madonna. Até o Bill Gates largou Harvard para fundar a Microsoft, e ainda tem pouco mais de trinta anos. Há um arremessador de beisebol que ganha mais de US$4 milhões embora digam que é "desafiado mentalmente".*
/* Terminologia politicamente correta para o que se costumava chamar de
"débil mental". (N. T.)/
Seguiu-se um prolongado silêncio. Percebi que estava dando a meu filho os mesmos conselhos que meus pais tinham me dado. O mundo havia mudado, mas os conselhos continuavam os mesmos. Boa formação e notas altas não são mais suficientes para garantir o sucesso e ninguém parece ter se dado conta, a não ser nossos filhos.
- Mãe - continuou ele -, não quero trabalhar tanto como você e o papai. Vocês ganham muito dinheiro, moramos numa casa grande e temos muitos brinquedos. Se seguir seu conselho vou acabar como vocês, trabalhando demais só para pagar mais impostos e me endividar. Não há mais segurança no emprego; já sei tudo a respeito de downsizing e de rightsizing.** Também sei que o pessoal que se forma na universidade não está ganhando tanto quanto antigamente. Sei que não posso depender da seguridade social ou dos fundos de pensão da empresa para aposentar-me. Preciso de novas respostas.
/** Nova corrente administrativa que sugere às empresas não meramente
"enxugar" o número de seus empregados, mas sim manter o número necessário às suas atividades. (N. T.)/
Ele estava certo. Ele precisava de novas respostas e eu também. O conselho de meus pais pode ter funcionado para as pessoas que nasceram antes de 1945, mas pode ser um desastre para os que nasceram em um mundo em rápida transformação. Não basta dizer para meus filhos "Vá para a escola, tire boas notas e procure um emprego tranqüilo e seguro".
Eu sabia que tinha que procurar novas formas de orientar a educação de meus filhos.
Como mãe e contadora, preocupava-me com a falta de instrução financeira nas escolas que nossos filhos freqüentam. Muitos dos jovens de hoje têm cartão de crédito antes de concluir o segundo grau e, todavia, nunca tiveram aulas sobre dinheiro e a maneira de investi-lo, para não falar da compreensão do impacto dos juros compostos sobre os cartões de crédito. Simplesmente, são analfabetos financeiros e, sem o conhecimento de como o dinheiro funciona, eles não estão preparados para enfrentar o mundo que os espera, um mundo que dá mais ênfase à despesa do que à poupança.
Quando meu filho mais velho ficou totalmente endividado no cartão de crédito, no primeiro ano da faculdade, eu o ajudei a rasgar os cartões e comecei a procurar um programa que me ajudasse a educar meus filhos em termos de questões financeiras.
No ano passado, meu marido ligou do escritório: "Encontrei alguém que pode ajudar você", disse ele. "Seu nome é Robert Kiyosaki. Ele é empresário e investidor e está aqui para patentear um produto educacional. Penso que é o que você estava procurando."
Justamente o que eu estava procurando
Meu marido, Mike, ficou tão impressionado com CASHFLOW, o novo produto educacional que Robert Kiyosaki estava desenvolvendo, que conseguiu que nós participássemos de um teste do protótipo. Como se tratava de um produto educacional, perguntei também a minha filha de dezenove anos, caloura da universidade local, se ela gostaria de participar do teste e ela concordou. Cerca de quinze pessoas, divididas em três grupos, participaram do teste.

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