segunda-feira, 24 de novembro de 2008

OS RECURSOS DE UMA EMPRESA

Vantagem competitiva: gestão de recursos, habilidades e competências

Os Recursos de uma empresa

Os recursos de uma empresa podem ser definidos como todos os ativos,
capacidades, processos organizacionais, atributos empresariais, informações e
conhecimentos controlados pela empresa para conceber e implementar estratégias que aperfeiçoem sua eficiência e eficácia.

Neste contexto entende-se por recursos, os ativos tangíveis e os intangíveis que são vinculados de forma semi-permanente à empresa.

Os recursos tangíveis podem ser assim desmembrados em: recursos financeiros, recursos organizacionais, recursos físicos e recursos tecnológicos. O valor de muitos recursos tangíveis pode ser visualizado em um demonstrativo financeiro, mas os intangíveis não.

Por isso os demonstrativos financeiros não refletem a realidade total de uma empresa. Os recursos são fontes das capacidades da empresa, que por sua vez, são fonte das competências essenciais da empresa, sobre as quais as vantagens competitivas são calcadas.

Os recursos intangíveis são:
o conhecimento, a confiança existente entre gerentes e funcionários,
as idéias, a capacidade de inovação, as capacidades gerenciais e científicas, a
reputação das empresas em relação aos seus bens e serviços, entre outros.

E são classificados da seguinte forma:
recursos humanos que compreende conhecimentos, confiança, capacidade gerencial, rotinas de organização, etc.,

Recursos de inovação que são as idéias, a capacidade de inovação e a capacidade científica, e ainda os
Recursos de reputação que são a confiabilidade junto aos clientes, nome da marca,
percepção de qualidade, durabilidade e confiabilidade do produto, reputação junto
aos fornecedores, interações e relações de eficiência, eficácia, suporte e benefício recíproco.

Um aspecto crucial para a análise da competitividade é a possibilidade de
transferir recursos. Neste sentido, o recurso será mais valorizado quanto menor seja a possibilidade de adquiri-lo no mercado, garantindo à organização uma vantagem estratégica. Através da análise interna, uma empresa identifica seus recursos, capacidades e competências essenciais e, ainda, determina que ações poderão ser tomadas, ou seja, quais estratégias serão formuladas para se chegar ao objetivo determinado. Vale ressaltar que um recurso isolado não consegue gerar vantagem competitiva, para isso é necessário combinar diversos recursos disponíveis na organização.

CAPACIDADES

As combinações dos recursos tangíveis e intangíveis resultam nas capacidades, que são as habilidades que a empresa tem de organizar os recursos para se chegar a uma proposição desejada. Sabendo utilizar as capacidades, a empresa pode conseguir uma vantagem competitiva sustentável. A habilidade implica saber como fazer, ou seja, envolve a capacidade prática, física e mental e é adquirida, principalmente, através do treinamento e da experiência adquirida.

O desenvolvimento de habilidades está fortemente relacionado à experiência. A experiência é uma forma de aquisição dos conhecimentos, principalmente tácitos, oriundos das vivências pessoais. Como as capacidades estão enraizadas em processos organizacionais que englobam muitas pessoas e podem conectar diversas empresas, elas estão menos sujeitas que outros tipos de ativos a impedimentos. Porém há muitos desafios que precisam ser enfrentados para fazer desta capacidade uma realidade, a superioridade competitiva de uma capacidade precisa ser demonstrável, ou seja, ser viável sua comprovação através de um teste objetivo; E as empresas que buscam desenvolver capacidades superiores como base para vantagens competitivas sustentáveis devem evitar desprezar tendências e similaridades.

As capacidades, conforme Mintzberg (2006 apud RAMOS, 2007), baseiam-se
no conhecimento organizacional, no que as organizações fazem. As atividades que uma determinada organização pode desempenhar, de acordo com possíveis proficiências é o que pode caracterizar suas capacidades, ou seja, são as atividades que a empresa executa com excelência que a diferencia e a deixa com vantagem frente aos seus concorrentes, atribuindo valor aos seus bens e serviços por um longo período.
É importante ressaltar que nem sempre os recursos e capacidades de uma
empresa são bens estratégicos. Alguns recursos podem ser o ponto fraco de uma empresa. Como por exemplo, a falta de recursos financeiros para investir em capital humano capacitado ou em equipamentos; Dessa forma a empresa não terá vantagem competitiva, nem desenvolverá uma competência essencial nessa área.

Nessa situação, o recurso financeiro que é um bem tangível, é um ponto fraco da empresa.

COMPETÊNCIAS

A competência é a inteligência prática para situações que se apóiam sobre os conhecimentos adquiridos e os transformam com tanto mais força, quanto mais aumenta a complexidade das situações. De modo geral, as competências “baseiam-se no desenvolvimento, transporte e intercâmbio de informações e conhecimentos através do capital humano da empresa” (HITT; IRELAND e HOSRISSON, 2002).

Na administração a preocupação das organizações em contar com indivíduos
preparados para o desempenho eficiente de determinada função não é recente.
Taylor (1970) já alertava para a necessidade das empresas contarem com homens eficientes, ressaltando que a procura pelos competentes excedia à oferta. À época, baseadas no princípio taylorista de seleção e treinamento do trabalhador, as empresas procuravam aperfeiçoar em seus empregados as habilidades necessárias para o exercício de atividades específicas, restringindo-se às questões técnicas relacionadas ao trabalho. Em decorrência de pressões sociais e do aumento da complexidade das relações de trabalho, as organizações passaram a considerar, no processo de desenvolvimento profissional de seus empregados, não só questões técnicas, mas, também, os aspectos sociais e comportamentais do trabalho.

No âmbito organizacional competência pode ser conceituada como um
conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores que geram um diferencial competitivo para a organização (STOLLENWERK,

Essa competência gera vantagem competitiva à empresa, e é difícil de ser
copiada pelos concorrentes.

Dentre as teorias que abordam a competitividade das organizações, duas linhas assumem destaque a partir da década de 1990. Uma delas tem sua origem nos estudos realizados por Porter (1990), onde segundo o autor, a fonte da vantagem competitiva da organização está centrada na sua capacidade de inovar e evoluir. Esta capacidade deve ser desenvolvida como uma resposta às pressões e desafios enfrentados na relação da empresa com o ambiente.

Portanto, o ambiente impele a busca por inovação, estimulando as empresas a procurar respostas internas para fazer frente às novas demandas.

A segunda linha está centrada nos estudos de Prahalad e Hamel (1995) apud
Brandão e Guimarães (2001), quando os autores utilizam o termo competência
essencial para identificar as capacidades organizacionais que qualificam as
empresas para obter vantagem competitiva frente às suas concorrentes. Sem
dúvida, eles deram uma contribuição muito importante no sentido de atribuir ao termo competência, atualmente, uma dimensão estratégica. A dimensão estratégica está fortemente relacionada ao fato de os autores centrarem a análise nas competências coletivas. A perspectiva é de que as empresas ao conseguirem identificar e desenvolver competências necessárias terão obtido o passaporte para o sucesso. Apresentada desta maneira parece ser uma tarefa fácil, mas certamente não o é; De qualquer forma, as empresas que conseguirem realizar a tarefa, conquistarão importante vantagem competitiva sobre seus concorrentes.

Os autores acrescentam ainda que uma competência somente será considerada como essencial se passar pelos seguintes testes: valor percebido pelos clientes, diferenciação entre concorrentes e capacidade de expansão.

A formulação da estratégia competitiva deve buscar potencializar a
competência na qual a empresa é mais forte.

CONCLUSÃO

O valor estratégico dos recursos é indicado pelo grau com que podem contribuir para o desenvolvimento das capacidades e competências essenciais, e por fim, de uma vantagem competitiva. Já as funções de uma organização
requerem, para serem executadas de um conjunto de competências ou capacidades de vários tipos (como a capacidade de fazer pesquisa ou de fabricar produtos com baixo custo), suportadas pelos diversos tipos de recursos ou ativos (incluindo patentes, maquinário, etc).

As competências organizacionais podem ser combinadas de várias formas
para se obter vantagens competitivas, sejam elas, joint-ventures ou outras formas de alianças com parceiros, acordos de licenciamento, relações de franquias e contratos de longo prazo, cuja combinação extensiva resulta em redes. Elas podem acontecer em paralelo, como quando uma empresa de eletrônicos combina sua capacidade de
pesquisas com uma empresa de produtos mecânicos para desenvolver um conjunto de novos produtos eletromagnéticos; Ou podem acontecer seqüencialmente, como quando a capacidade de projeto de uma empresa é combinada com a capacidade de produção de outra.

De forma sucinta podemos concluir que os recursos, por meio das capacidades, geram as competências da organização. As competências essenciais da empresa são aquelas que lhe proporcionam um diferencial competitivo e uma vantagem estratégica, que pode ser posicional ou sustentável, dependendo dos seus recursos e capacidades. Desta forma, a identificação das necessidades e a gestão dos recursos, capacidades e competências individuais e organizacionais tornam-se essenciais para a diferenciação e sustentação das empresas no mercado atual.

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