- comportamentos e funcionalidade macroeconômica
1 - Introdução
O objetivo deste capítulo é construir um instrumental analítico para posteriormente se fazer análises de políticas macroeconômicas. Com este instrumental poderemos ter uma idéia mais clara das relações entre os agentes econômicos, suas motivações, ou seja, os fatores que afetam seus comportamentos e a interação entre seus comportamentos individuais e as restrições macroeco-nômicas.
Veremos, por exemplo, que as famílias se comportam ativamente, respondendo às mudanças de uma série de variáveis. Primeiro, elas definem o montante de sua renda líquida que é destinado ao consumo e o montante que é destinado à poupança. Segundo, elas agem como que se maximizassem uma função utilidade, restritos à renda disponível. Daí resulta a demanda por produtos, os quais podem ser oriundos de produção interna ou importados.
O governo, por seu lado, não apresenta um comportamento endógeno ativo na economia. A sua receita é definida pelos diferentes tributos, cujas alíquotas são exógenas. Os componentes da despesa são, via de regra, considerados constantes em termos reais ou obedientes a uma determinada taxa exogenamente definida de crescimento ou redução.
As empresas são, presumidamente, minimizadoras de custos de produção e, dessa forma, comportam-se ativamente na escolha ótima do emprego de fatores e uso de insumos intermediários. Esta escolha é feita com base nos preços e restringidos a uma determinada tecnologia de produção. Além disso, com base nos preços relativos e na produção, elas decidem a proporção ótima entre vendas da produção no mercado doméstico ou externo de forma a maximizar sua receita. Da resolução dos problemas de minimização de custos das empresas e de maximização de receita obtém-se a demanda de fatores, a oferta para o mercado doméstico e a oferta para exportações. As decisões quanto ao investimento dependem, fundamentalmente, da demanda e, consequentemente, da sua produção.
O resto do mundo, conforme a suposição de país pequeno, age no sentido de adquirir toda a produção ofertada para exportação pelo país em estudo, ao preço internacional. Da mesma forma, ele atende a todas as necessidades de importações deste país, cobrando o preço internacional para cada produto. Alternativamente, pode-se considerar o resto do mundo como um monopólio que define os preços das importações e um monopsônio que estabelece o preço das exportações do país em estudo.
Para uma melhor compreensão das inter-relações existentes entre os agentes e os mercados da economia, observe o fluxograma da Figura 8, o qual mostra a estrutura básica da economia brasileira, conforme o instrumental analítico utilizado neste trabalho.
O objetivo deste capítulo é construir um instrumental analítico para posteriormente se fazer análises de políticas macroeconômicas. Com este instrumental poderemos ter uma idéia mais clara das relações entre os agentes econômicos, suas motivações, ou seja, os fatores que afetam seus comportamentos e a interação entre seus comportamentos individuais e as restrições macroeco-nômicas.
Veremos, por exemplo, que as famílias se comportam ativamente, respondendo às mudanças de uma série de variáveis. Primeiro, elas definem o montante de sua renda líquida que é destinado ao consumo e o montante que é destinado à poupança. Segundo, elas agem como que se maximizassem uma função utilidade, restritos à renda disponível. Daí resulta a demanda por produtos, os quais podem ser oriundos de produção interna ou importados.
O governo, por seu lado, não apresenta um comportamento endógeno ativo na economia. A sua receita é definida pelos diferentes tributos, cujas alíquotas são exógenas. Os componentes da despesa são, via de regra, considerados constantes em termos reais ou obedientes a uma determinada taxa exogenamente definida de crescimento ou redução.
As empresas são, presumidamente, minimizadoras de custos de produção e, dessa forma, comportam-se ativamente na escolha ótima do emprego de fatores e uso de insumos intermediários. Esta escolha é feita com base nos preços e restringidos a uma determinada tecnologia de produção. Além disso, com base nos preços relativos e na produção, elas decidem a proporção ótima entre vendas da produção no mercado doméstico ou externo de forma a maximizar sua receita. Da resolução dos problemas de minimização de custos das empresas e de maximização de receita obtém-se a demanda de fatores, a oferta para o mercado doméstico e a oferta para exportações. As decisões quanto ao investimento dependem, fundamentalmente, da demanda e, consequentemente, da sua produção.
O resto do mundo, conforme a suposição de país pequeno, age no sentido de adquirir toda a produção ofertada para exportação pelo país em estudo, ao preço internacional. Da mesma forma, ele atende a todas as necessidades de importações deste país, cobrando o preço internacional para cada produto. Alternativamente, pode-se considerar o resto do mundo como um monopólio que define os preços das importações e um monopsônio que estabelece o preço das exportações do país em estudo.
Para uma melhor compreensão das inter-relações existentes entre os agentes e os mercados da economia, observe o fluxograma da Figura 8, o qual mostra a estrutura básica da economia brasileira, conforme o instrumental analítico utilizado neste trabalho.
2 – Famílias
A noção de função consumo macroeconômica foi, primeiramente, desenvolvida por Keynes (1936). Em sua teoria, o consumo (C) é função da renda presente das famílias. Kuznets (1942) critica a fórmula keynesiana dizendo que ela ignora a existência de defasagens de ajustamento do consumo à renda. Este autor verificou, através da análise de séries temporais de 50 anos, que a trajetória do consumo é mais estável que a da renda dos consumidores. As variações da renda afetam mais a poupança que o consumo. Das tentativas feitas para resolver esta contradição, surgiram as teorias intertemporais: a teoria da renda permanente de Friedman (1957), a qual afirma que o consumo é determinado pela renda permanente dos agentes e não apenas pela sua renda presente; e a teoria do ciclo de vida de Modigliani e Brumberg (1954) e Ando e Modigliani (1963), a qual, além da renda permanente, leva em conta também o patrimônio dos agentes. Outros autores, como Duesenberry (1949) e Brown (1952) permaneceram dentro do esquema keynesiano, incorporando outros elementos explicativos do consumo.
Embora Keynes não se interessasse pelas decisões individuais de consumo e poupança, mas apenas pelo resultado global do conjunto das decisões, as abordagens contemporâneas geralmente consideram o comportamento dos consumidores com base nos fundamentos microeconômicos. A não ser que seja um consumidor esquizofrênico, as decisões de compra de bens e serviços, de moradia, de aplicações financeiras, de procura de emprego dependem umas das outras. Segundo os ensinamentos da microeconomia, estas decisões resultam de um comportamento de otimização sob as restrições sócio-econômicas dadas pelo ambiente.
Na análise do comportamento das famílias, as questões mais importantes a estudar são os determinantes do consumo, da repartição da renda entre consumo e poupança e das decisões financeiras. Nesta análise, os principais indicadores de comportamento são:
Os coeficientes orçamentários, os quais mostram o destino dos gastos das famílias nos diferentes produtos. Estes coeficientes são um indicador da qualidade de vida, pois permitem que se analise a evolução no tempo da participação da alimentação, saúde, educação, lazer, cultura, etc. no orçamento das famílias.
A propensão média e marginal a consumir. A propensão média a consumir (PMC) mostra a proporção da renda disponível das famílias que foi gasta com consumo em um determinado período de tempo (PMC=C/Yd). Uma medida interessante é a da PMC para diferentes níveis de renda das famílias. A tendência é de que ela caia à medida que a renda se eleva. Outro indicador é variação da PMC em diferentes épocas. A propensão marginal a consumir (PMgC) mostra a variação dos gastos com consumo por parte das famílias quando a sua renda aumenta em uma unidade (PMgC=dC/dYd).
A propensão média a poupar (PMS), que mostra a proporção da renda disponível das famílias que não é gasta com consumo ou que é mantida como poupança (PMS=Sp/Yd).
Evolução dos gastos com consumo em proporção ao PIB (C/PIB). Um aumento relativo do consumo no PIB tende a ter efeitos depressivos sobre o crescimento da economia no longo prazo pois afeta a capacidade da economia financiar o investimento agregado. O país fica na dependência de poupança externa.
A noção de função consumo macroeconômica foi, primeiramente, desenvolvida por Keynes (1936). Em sua teoria, o consumo (C) é função da renda presente das famílias. Kuznets (1942) critica a fórmula keynesiana dizendo que ela ignora a existência de defasagens de ajustamento do consumo à renda. Este autor verificou, através da análise de séries temporais de 50 anos, que a trajetória do consumo é mais estável que a da renda dos consumidores. As variações da renda afetam mais a poupança que o consumo. Das tentativas feitas para resolver esta contradição, surgiram as teorias intertemporais: a teoria da renda permanente de Friedman (1957), a qual afirma que o consumo é determinado pela renda permanente dos agentes e não apenas pela sua renda presente; e a teoria do ciclo de vida de Modigliani e Brumberg (1954) e Ando e Modigliani (1963), a qual, além da renda permanente, leva em conta também o patrimônio dos agentes. Outros autores, como Duesenberry (1949) e Brown (1952) permaneceram dentro do esquema keynesiano, incorporando outros elementos explicativos do consumo.
Embora Keynes não se interessasse pelas decisões individuais de consumo e poupança, mas apenas pelo resultado global do conjunto das decisões, as abordagens contemporâneas geralmente consideram o comportamento dos consumidores com base nos fundamentos microeconômicos. A não ser que seja um consumidor esquizofrênico, as decisões de compra de bens e serviços, de moradia, de aplicações financeiras, de procura de emprego dependem umas das outras. Segundo os ensinamentos da microeconomia, estas decisões resultam de um comportamento de otimização sob as restrições sócio-econômicas dadas pelo ambiente.
Na análise do comportamento das famílias, as questões mais importantes a estudar são os determinantes do consumo, da repartição da renda entre consumo e poupança e das decisões financeiras. Nesta análise, os principais indicadores de comportamento são:
Os coeficientes orçamentários, os quais mostram o destino dos gastos das famílias nos diferentes produtos. Estes coeficientes são um indicador da qualidade de vida, pois permitem que se analise a evolução no tempo da participação da alimentação, saúde, educação, lazer, cultura, etc. no orçamento das famílias.
A propensão média e marginal a consumir. A propensão média a consumir (PMC) mostra a proporção da renda disponível das famílias que foi gasta com consumo em um determinado período de tempo (PMC=C/Yd). Uma medida interessante é a da PMC para diferentes níveis de renda das famílias. A tendência é de que ela caia à medida que a renda se eleva. Outro indicador é variação da PMC em diferentes épocas. A propensão marginal a consumir (PMgC) mostra a variação dos gastos com consumo por parte das famílias quando a sua renda aumenta em uma unidade (PMgC=dC/dYd).
A propensão média a poupar (PMS), que mostra a proporção da renda disponível das famílias que não é gasta com consumo ou que é mantida como poupança (PMS=Sp/Yd).
Evolução dos gastos com consumo em proporção ao PIB (C/PIB). Um aumento relativo do consumo no PIB tende a ter efeitos depressivos sobre o crescimento da economia no longo prazo pois afeta a capacidade da economia financiar o investimento agregado. O país fica na dependência de poupança externa.
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