Artigo: Globalização abre oportunidades.
Países não têm amigos nem inimigos - têm interesses. A economia global pode ser boa para todos.
Por Raide Namuali
Zambeziano natural de Namarrói, estudante universitário Faculdade de Administração de empresas da UNICAMPO-PR/ Brasil
Países não têm amigos nem inimigos - têm interesses. A economia global pode ser boa para todos.
Por Raide Namuali
Zambeziano natural de Namarrói, estudante universitário Faculdade de Administração de empresas da UNICAMPO-PR/ Brasil
A globalização está mudando a cara do mundo como nós o conhecemos -- e mudando para melhor. A economia moderna não está mais circunscrita à fronteiras e limites locais. E cada vez mais empresas estão actuando com essa mentalidade. É comum que empresários busquem os locais com custos de produção mais baixos. Até há pouco tempo, uma empresa instalada em Quelimane se limitava a comparar diferentes regiões da cidade. Outras empresas procuram as melhores áreas de Moçambique para trabalhar. Hoje em dia, no entanto, essa procura é feita em todo o planeta. Para muitos empresários, a resposta na hora de produzir tem sido a China. Já na hora de vender a produção, é possível que a aposta seja os Estados Unidos. Um aspecto importante da globalização, portanto, diz respeito à abrangência do olhar. Há outro ângulo importante, que se refere ao comportamento interno das empresas. Uma dada corporação é global se seus executivos forem recrutados mundo afora. Se todos pertencem ao país da própria companhia, então ela não é global, ainda que venda em todos os países do mundo. Assim como as empresas podem ser mais ou menos globalizadas, o mesmo vale para os países. Se você perguntar que país foi o mais beneficiado com a globalização nos últimos dez anos, a resposta será a China. Há apenas uma década, a China tinha uma renda per capita das mais baixas do mundo, ao redor de 400 dólares. Esse número está subindo rapidamente. No extremo oposto, temos dezenas de países que têm sido completamente ignorados pela globalização. Ela simplesmente não existe na África Central: lá não há investimentos, não há turismo, não se manufatura produtos, não há comércio. E isso é um problema sério, pois a globalização tem se mostrado essencial para a criação de riqueza. Um paradoxo do mundo de hoje é entender a razão de tamanha contrariedade à globalização. Se ela é tão boa, por que tanta reclamação? Um motivo é que sempre haverá algum aspecto da globalização que cada pessoa individualmente condena. Quem é de esquerda diz que ela causa desigualdade, o que é verdade -- basta pensar na distância crescente entre África e China. Já as pessoas da direita criticam a globalização por estimular as migrações, o que também é verdade. Com a telecomunicação global, pessoas que vivem em vilarejos pobres do Terceiro Mundo podem entrar em contacto com outras que vivem em países ricos, lugares para onde elas gostariam de ir. Os religiosos dizem que a globalização causa a secularização, o que, em alguma medida, é igualmente verdade. Outros a detestam quando deparam com o nascimento de uma cultura global. Alguns confundem isso com invasão da cultura americana, mas é um erro. Considere o exemplo da MTV. À exceção dos países de língua inglesa, a maior par te das músicas é cantada em outros idiomas. A MTV está totalmente integrada à nova cultura global. O mesmo vale para a premiação do Oscar, em Hollywood. Há dois anos, somente um dos prêmios mais importantes foi dado a alguém que nasceu nos Estados Unidos. Na verdade, o que há é o nascimento de uma rede ligando diferentes pessoas e diferentes cidades ao redor do mundo. Um escritor moçambicano ganha premio da melhor literatura de língua portuguesa no Rio de Janeiro simbolicamente representa Moçambique, mas globalmente representa a língua portuguesa no mundo pelo facto de englobar Europa, América e áfrica, já identifica a globalização. E isso cria alguns fenômenos curiosos. É possível que os habitantes da cidade de Nampula tenham mais traços em comum com quem mora na Índia do que com as pessoas da área rural do nordeste da Zambézia. O inverso provavelmente é verdade: os indianos entendem melhor os Nampulanses do que as pessoas que habitam em pequenos vilarejos no interior da Zambézia, em termos culturais, de atividades, de estilo de vida. Esse fenômeno global assusta muita gente. Isso ocorre também nos Estados Unidos. Temos muitos grupos, religiosos ou não, totalmente contrários à globalização.
Para quem não tem medo de jogar o jogo, a pergunta é saber o que fazer. Para os países, o fundamental é atrair investimentos externos. Trata-se de uma briga cada vez mais dura. Atualmente, cerca de 100 bilhões de dólares são investidos no Terceiro Mundo. Dessa quantia, 60 bilhões vão para a China. O mais importante não é a transferência de dinheiro. Afinal, China e Hong Kong têm o equivalente a 660 bilhões de dólares em divisas estrangeiras. A última coisa de que os chineses necessitam é dinheiro. Mas esses 60 bilhões representam acesso a tecnologias, mercados e conhecimento de administração e gestão. Os chineses recebem aula sobre novas tecnologias cada vez que alguém monta uma fábrica, ensina as pessoas como administrá-la e transfere novas técnicas. Na hora de brigar pelo investimento, acredito ser vital para os países ter um slogan para vender. A Irlanda tornou-se bem-sucedida na Europa, pois tinha um slogan claro: "Venha à Irlanda, você não pagará nenhum imposto de renda de pessoa jurídica". O slogan da China é: "Nós somos o lugar mais barato para fazer qualquer produto". Mas a maioria das nações desconhece o seu próprio slogan. Não acredito que Moçambique tenha um bom slogan.
O problema Muitos países relutam em aceitar a globalização e correm o risco de ser vítimas dela e ficar para trás
Visão do autor
A economia global não tem mais fronteiras. Isso vale para as empresas e para os países. É um fenômeno novo que ainda assusta muita gente. Mas não tem mais volta. A questão não é ser contra ou a favor da globalização, mas sim como tirar proveito dela. Países como Irlanda e China se movimentaram rápido e agora colhem os frutos. Souberam se diferenciar dos competidores na hora de atrair os investimentos estrangeiros. O resultado de terem conseguido atrair capital foi o enriquecimento e o aumento da qualidade de vida das populações.
Alerta para Moçambique
O mundo está cada vez mais complexo.Alianças do passado, que eram baseadas na bipolaridade da Guerra Fria, não fazem mais sentido. Os países não podem mais ser vistos apenas como amigos ou inimigos, mas têm interesses às vezes coincidentes, às vezes opostos. Os alinhamentos com diferentes nações vão depender de cada tema. Moçambique pode aliar-se à China numa questão comercial contra os Estados Unidos. Mas pode aliar-se aos americanos para enfrentarem os chineses em questões ambientais, por exemplo.Outra coisa importante é saber reorientar a maneira de encarar o mundo. A verdade é que ele está cada vez mais complicado. Por exemplo, às vezes vemos Moçambique aliar-se à China contra os Estados Unidos numa determinada relação comercial. Já em questões ambientais ou de direitos humanos, pode-se dar o inverso: Moçambique alia-se aos Estados Unidos contra a China. Se você retroceder ao período da Guerra Fria, por exemplo, a situação era simples. Ou os países eram comunistas ou não eram. Essa linha divisória não existe mais. O exemplo das cotas para os produtos têxteis é muito interessante. Há 15 anos, os países do Terceiro Mundo fizeram um lobby em prol da abolição das cotas. Agora, esse mesmo grupo pede o restabelecimento das restrições. Ninguém imaginava que o fim das cotas significaria que metade das fábricas do mundo teria de fechar e se mudar para a China -- um país do Terceiro Mundo. A lição que fica é que a postura a ser adotada depende de cada situação. Afinal, países não têm inimigos nem amigos, mas interesses nacionais. Além disso, sempre vale lembrar que as nações não duram para sempre. Elas surgem e desaparecem o tempo todo. Há pouquíssimas com história realmente longa, como China, França e Inglaterra. Os Estados Unidos existem há somente 200 anos. E as fronteiras se modificam o tempo todo, a União Soviética dividiu-se em 15 países, a Iugoslávia em seis. Eu poderia apostar que, daqui a 50 anos, todas as fronteiras da África terão sido modificadas. Em outros continentes, como a América do Sul, é possível que as mudanças de fronteiras sejam bem menores, mas mesmo assim haverá grandes deslocamentos de população.Atualmente estma-se em cerca de 8 bilhões da população mundial, deste numero 800 milhões vivem no continente africano. Na minha opinião os paises africanos deviam aproveitar agora para reorganizar as suas políticas socioeconômicas antes da abertura total das fronteiras, hoje as necessidades das nações africanas são outras a maior preocupação é de fornecer a matéria-prima aos paises desenvolvidos e os chamados bric`s “emergentes” Brasil, Rússia, Índia e China os em via de desenvolvimento não se preocupam com a tecnologia muito menos conhecimentos torna acto normal nomear para cargo que exige amplos conhecimentos um leigo, mas, essa fragilidade poderá deixar muitos paises a margem. Não estou dizendo que os países vão se desfazer, mas que estão adquirindo uma forma completamente diferente à medida que as fronteiras em muitas partes do mundo se alteram e as pessoas se deslocam.
Para quem não tem medo de jogar o jogo, a pergunta é saber o que fazer. Para os países, o fundamental é atrair investimentos externos. Trata-se de uma briga cada vez mais dura. Atualmente, cerca de 100 bilhões de dólares são investidos no Terceiro Mundo. Dessa quantia, 60 bilhões vão para a China. O mais importante não é a transferência de dinheiro. Afinal, China e Hong Kong têm o equivalente a 660 bilhões de dólares em divisas estrangeiras. A última coisa de que os chineses necessitam é dinheiro. Mas esses 60 bilhões representam acesso a tecnologias, mercados e conhecimento de administração e gestão. Os chineses recebem aula sobre novas tecnologias cada vez que alguém monta uma fábrica, ensina as pessoas como administrá-la e transfere novas técnicas. Na hora de brigar pelo investimento, acredito ser vital para os países ter um slogan para vender. A Irlanda tornou-se bem-sucedida na Europa, pois tinha um slogan claro: "Venha à Irlanda, você não pagará nenhum imposto de renda de pessoa jurídica". O slogan da China é: "Nós somos o lugar mais barato para fazer qualquer produto". Mas a maioria das nações desconhece o seu próprio slogan. Não acredito que Moçambique tenha um bom slogan.
O problema Muitos países relutam em aceitar a globalização e correm o risco de ser vítimas dela e ficar para trás
Visão do autor
A economia global não tem mais fronteiras. Isso vale para as empresas e para os países. É um fenômeno novo que ainda assusta muita gente. Mas não tem mais volta. A questão não é ser contra ou a favor da globalização, mas sim como tirar proveito dela. Países como Irlanda e China se movimentaram rápido e agora colhem os frutos. Souberam se diferenciar dos competidores na hora de atrair os investimentos estrangeiros. O resultado de terem conseguido atrair capital foi o enriquecimento e o aumento da qualidade de vida das populações.
Alerta para Moçambique
O mundo está cada vez mais complexo.Alianças do passado, que eram baseadas na bipolaridade da Guerra Fria, não fazem mais sentido. Os países não podem mais ser vistos apenas como amigos ou inimigos, mas têm interesses às vezes coincidentes, às vezes opostos. Os alinhamentos com diferentes nações vão depender de cada tema. Moçambique pode aliar-se à China numa questão comercial contra os Estados Unidos. Mas pode aliar-se aos americanos para enfrentarem os chineses em questões ambientais, por exemplo.Outra coisa importante é saber reorientar a maneira de encarar o mundo. A verdade é que ele está cada vez mais complicado. Por exemplo, às vezes vemos Moçambique aliar-se à China contra os Estados Unidos numa determinada relação comercial. Já em questões ambientais ou de direitos humanos, pode-se dar o inverso: Moçambique alia-se aos Estados Unidos contra a China. Se você retroceder ao período da Guerra Fria, por exemplo, a situação era simples. Ou os países eram comunistas ou não eram. Essa linha divisória não existe mais. O exemplo das cotas para os produtos têxteis é muito interessante. Há 15 anos, os países do Terceiro Mundo fizeram um lobby em prol da abolição das cotas. Agora, esse mesmo grupo pede o restabelecimento das restrições. Ninguém imaginava que o fim das cotas significaria que metade das fábricas do mundo teria de fechar e se mudar para a China -- um país do Terceiro Mundo. A lição que fica é que a postura a ser adotada depende de cada situação. Afinal, países não têm inimigos nem amigos, mas interesses nacionais. Além disso, sempre vale lembrar que as nações não duram para sempre. Elas surgem e desaparecem o tempo todo. Há pouquíssimas com história realmente longa, como China, França e Inglaterra. Os Estados Unidos existem há somente 200 anos. E as fronteiras se modificam o tempo todo, a União Soviética dividiu-se em 15 países, a Iugoslávia em seis. Eu poderia apostar que, daqui a 50 anos, todas as fronteiras da África terão sido modificadas. Em outros continentes, como a América do Sul, é possível que as mudanças de fronteiras sejam bem menores, mas mesmo assim haverá grandes deslocamentos de população.Atualmente estma-se em cerca de 8 bilhões da população mundial, deste numero 800 milhões vivem no continente africano. Na minha opinião os paises africanos deviam aproveitar agora para reorganizar as suas políticas socioeconômicas antes da abertura total das fronteiras, hoje as necessidades das nações africanas são outras a maior preocupação é de fornecer a matéria-prima aos paises desenvolvidos e os chamados bric`s “emergentes” Brasil, Rússia, Índia e China os em via de desenvolvimento não se preocupam com a tecnologia muito menos conhecimentos torna acto normal nomear para cargo que exige amplos conhecimentos um leigo, mas, essa fragilidade poderá deixar muitos paises a margem. Não estou dizendo que os países vão se desfazer, mas que estão adquirindo uma forma completamente diferente à medida que as fronteiras em muitas partes do mundo se alteram e as pessoas se deslocam.
As mudanças estão só começando.
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