Por : Raide
Parte Introdutória - O TRABALHO
Fala-se em trabalho a todo o momento e por toda parte. Só essa constatação já demonstra a importância dela para a nossa sociedade. Seria interessante, porém, ir em busca da origem dessa atividade chamada trabalho e compreender a razão de seu prestígio.
Emprega-se o termo “trabalho” para designar, por exemplo, a atividade das plantas, das abelhas, das máquinas, dos atletas, do pintor, do aluno etc., como se tudo na vida se resumisse a trabalho.
É através dessa multiplicidade de prismas sobre o tema que abordaremos o assunto, mostrando como ele foi exaltado ou desprezado por diferentes classes sociais em diferentes épocas e nações. Atualmente, a exaltação do trabalho tornou-se tão forte que, para muitos, o ócio e até mesmo o lazer, quando praticados, vêm acompanhado de sentimento de culpa.
Retrospecto histórico
Entretanto nem sempre foi assim. Há 2.500 anos, os gregos, ao adotar a máxima de Aristóteles “pensar requer ócio”, apresentavam uma postura bastante diversa do que conhecemos e praticamos atualmente. Para sustentar a elite grega, que se desobrigava do trabalho, havia os escravos, e como essa situação provocava vergonha, os gregos criaram sutis argumentos que justificavam a necessidade da escravatura. Refletindo melhor, o trabalho passou a ter valor econômico a partir da escravidão (sec. VIII a.C.).Atenas possuía 240 mil habitantes dos quais 140 mil eram escravos. Aristóteles considerava que, sendo impossível a vida sem o necessário para sobrevivência, a humanidade não poderia abrir mão dos escravos, ou seja, a escravidão era considerada como lei natural para o desencargo da elite grega:
“O escravo era desprezível, mas não por trabalhar, mas porque, em um dado momento de sua existência, tinha preferido a servidão ao risco de morrer pela liberdade”
Para os gregos, como observou Nietzsche, tanto o trabalho quanto a escravidão eram “uma desgraça necessária”. O escritor grego Xenofontes, discípulo de Sócrates, dizia que a rudeza de alguns trabalhos manuais causava danos físicos aos seus operadores, provocando muitas vezes uma fraqueza ao corpo que conduzia à fraqueza da mente. A noção de trabalho, para os gregos, está diretamente vinculada à rotina da utilização das mãos com utensílios rudimentares, sem técnica e criatividade.
Aversão ao trabalho
Heródoto já atribuía a outros povos como os egípcios e os persas igual repulsa pelo trabalho.
“Uma atividade menor, visto ter como fim apenas suprir as carências físicas”.
O escravo tem o status, não de homem, mas de coisa.
A visão filosófica - época da contemplação e do "ócio"
Platão, na sociedade idealizada da República, reconheceu que a divisão do trabalho traz maiores benefícios á sociedade e propicia um harmonioso intercâmbio de serviços. Para ele, sendo os homens diferentes por natureza, cabe a cada um estar no lugar em que melhor expresse sua habilidade. Dessa forma fica justificado o papel, reservado ao escravo, de realizar tarefas necessárias à manutenção da cidade, deixando aos cidadãos as prerrogativas políticas.
Aristóteles apregoava que, nos Estados mais bem governados, a nenhum cidadão poderia ser permitido o exercício de atividades ligadas às artes manuais, pois isso o impediria de dedicar mais tempo à sua obrigação para com o Estado. O exercício da cidadania, por demandar grande parcela de tempo, exigia que o cidadão estivesse liberado de todas as outras atividades.
Com Platão e, de resto, em toda a filosofia grega, a contemplação é a principal fonte de contato com a verdade. Significa a cessão de toda atividade política ou de trabalho. A palavra grega skole, que também quer dizer “escola”, corresponde, em latim, a otium (ócio), o que é o, “estar livre da necessidade de estar ocupado”, e é diferente de “lazer” ou “tempo livre”, como entendemos o ócio hoje em dia, pois ele acentua a idéia de um certo período de ausência de atividade compulsória em razão de determinada causa. E também que, o otium está condicionado à isenção de preocupações e cuidados. Estar ocupado é estar em estado de não-ócio, é negar o ócio. Daí o termo “negócio” (nec-otium), difundido mais tarde na Idade Média. Para o pensamento grego, a beleza e a verdade do universo só advêm com a quietude requerida pela contemplação, que possibilita a interrogação filosófica, característica da faculdade humana.
Hesíodo (poeta do séc. VIII a C.) é atribuído o pioneirismo do termo trabalho, lançou-se em defesa da atividade laboriosa, tratando-o com honra e dignidade. Para ele, o trabalho é o único meio de fazer reinar a ordem e salvaguardar a justiça. Convém lembrar que essa exaltação do trabalho e a condenação da indolência sempre ocorreram nos períodos de escassez de trabalhadores e de elevação de preço do trabalho.
Entretanto, o ócio, no sentido de algo a ser alcançado como fim em si mesmo e como necessário para o exercício espiritual, sofre modificações na sociedade romana. Nela, o trabalho vai sendo introduzido e exigido como condição indispensável pra o gozo do ócio. Em Roma, os filósofos estóicos (séc. III e II a .C.), conhecidos pela austeridade e rigidez de seus princípios morais, ponderavam que o desfrute do tempo livre deveria ser efetivado com seriedade – otium cum dignitate. Sêneca apontava indivíduos com intensa ocupação que buscavam otium não mais como um fim em si mesmo, mas como contraposição ao nec-otium. Nota-se qie já não se tratava de sentir-se livre do trabalho, como os gregos, mas de um “repouso” necessário para a recuperação das energias antes da volta ao trabalho; portanto, de contemplação, para os gregos, o termo se metamorfoseia em descanso (diversão, repouso) para os romanos. Esse novo ideal permanece e chega até a Idade Média.
Na Idade Média
Assentada predominantemente na economia agrícola, o trabalho servil era realizado em pequenas comunidades. Como única fonte de subsistência e riqueza a posse da terra era condição de poder daí a servidão (os trabalhadores precisavam de licença do senhor para sair dela)
Nas cidade predomina nessa época as corporações de ofício ( aprendiz, companheiro e mestre )era quem dava licença para trabalhar nas cidades.
Visão Religiosa do trabalho
Catolicismo deu pouca importância ao que estava contido nos escritos bíblicos acerca do trabalho. Quando o fez enfatizou a virtude da humildade e desaprovou a conduta dos poderosos. A interpretação do texto sagrado serviu, aos católicos, para criticar o apego demasiado ao trabalho e, conseqüentemente, o esquecimento da veneração a Deus. Isso torna-se mais evidente quando se estima que havia 141 dias santos na época.
O Sermão da Montanha faz uma alusão direta ao tema:
“Olhai os lírios dos campos, não trabalham nem fiam...”
Os cristãos medievais, longe de maldizer a situação de penúria em que muitos viviam, podiam se consolar com o que Jesus Cristo havia dito das aves:
“Vede as aves do céu, não semeiam nem colhem, nem guardam as provisões e, contudo, o Vosso Pai Celeste alimenta-as. Não vos aflijais dizendo: que termos que comer ou beber, que teremos para vestir? São os pagãos que buscam isso com diligências”
Se havia uma exaltação ao trabalho, isso ocorria mais no sentido disciplinar, de manter as pessoas ocupadas - o trabalho não era algo nobre como fonte de satisfação já que infindável e tedioso - e sim para manter a mente pura, resignação cristã, o corpo origem de todo pecado deve manter-se ocupado, afastar-se da preguiça e das tentações diabólicas (Provérbio popular – “Mãos vadias, coração louco” ). Por fim considerava a riqueza e pobreza como dons de Deus ( tolerava a injustiça presente para remetendo para o futuro, o reino divino)
Como se vê, não há veneração do trabalho em nome de uma maior produtividade; ele é um meio de salvação, uma oportunidade, oferecida pela “graça” divina, de redenção pela penitência.
A classe ociosa
Nas sociedades aristocráticas, preocupadas em destacar os títulos nobiliárquicos (rei, duque, visconde, marquês, barão), o desprezo pelo trabalho não fica restrito apenas à atividade manual, ampliando-se até mesmo para os ofícios mais qualificados. O trabalho era considerado como indigno para o homem de qualidade, cujas atividades eram dedicadas ao pensamento, à direção dos negócios políticos e religiosos, à gestão de bens e as transações financeiras. Essas atividades não eram, então consideradas trabalho. Ou seja a classe ociosa (nobres e religiosos por exemplo) ocupava-se com a guerra, a política, os esportes, a cultura e o sacerdócio, destacando-se, portanto, da “classe inferior” por não realizar as formas mais vulgares de trabalho manual.
É interessante lembrar que para conservar a admiração alheia e a respeitabilidade, a classe ociosa além de ser, teria de parecer rica e poderosa aos olhos dos outros. Havia a necessidade de isentar-se do trabalho ignóbil, de se exaltar o consumo do supérfluo e de se ter costumes requintados, a fim de impressionar os outros.
Lentas mudanças - renascimento
A obrigatoriedade do trabalho árduo começou nos mosteiros ( São Francisco de Assis - a desocupação inimiga da alma)
A Ética Protestante ( o princípio do capitalismo)
Com a reforma protestante ocorrida no séc. XVI pouco a pouco os ensinamentos religiosos começavam a dar novo sentido ao sofrimento oriundo do trabalho, transformando-o em conformismo, em motivo de orgulho. Houve uma certa reavaliação da concepção cristã, ao se legitimar o princípio da obtenção do lucro e a acumulação de capital.
Há uma ênfase de que a fé deve ser reforçada pelo trabalho (trabalhe que Deus te ajuda). Essa conduta, que culminaria no enriquecimento, não sofreria a condenação de Deus, pois a riqueza não é condenável quando do adquirido só se tira o necessário para a subsistência pessoal e o restante é poupado ou reinvestido.
Essa ética, que muito influenciou na mentalidade dos colonos norte-americanos, pode ser exemplificada nos trechos de discursos de Benjamin Franklin (1706-1790), sujeito de origem humilde que fez fortuna e tornou-se mais tarde Presidente dos EUA:
q "Tempo é dinheiro" (não se deve desperdiçar o tempo, pois ele é uma dádiva divina);
q "Aquele que vai vadiar perde duplamente" (além de deixar de ganhar dinheiro ainda gasta);
q Terá crédito aquele trabalhador que faz ecoar o som do seu martelo às cinco horas da manhã, ou as oito da noite (toda hora desperdiçada é prejudicial).
Conformar-se em ser pobre era reprovável, pois equivaleria a querer ser indolente, um desafio a glória de Deus. O estudo de Weber apela para a filosofia ideal do homem ativo e poupador, ou seja, da auto-realização, para quem a riqueza e o sucesso é um dever até mesmo social, que contribui, indiretamente, para a ordem da sociedade e o vigor moral da nação.
Com a antiga ordem social posta abaixo, não será mais a nobreza quem ditará os rumos dos acontecimentos, mas os burgueses dotados de capital.
O advento da Revolução industrial - “mais abelhas que arquitetos”
A expansão comercial e financeira propiciou o surgimento do capitalismo, cuja culminância se deu no século XVII. O desenvolvimento industrial provocou mudanças sem precedentes na história: o feudalismo foi enterrado, a burguesia emergiu impondo-se como classe dominante, migração do campo para as cidades, a mão-de-obra do artesão se desqualifica, a era do maquinismo arranca mulheres e crianças do lar e leva-as ao ambiente fabril.
Começando pelas crianças.
Para por em funcionamento a crescente atividade produtiva, a exploração da mão-de-obra não ficará restrita apenas aos adultos. Além do trabalho de homens e mulheres, recorria-se sistematicamente à exploração do trabalho do menor. O trabalho da criança era mais apreciado porque supunha maior docilidade e obediência, em virtude de sua fragilidade. Além disso, era mais barato: bastava um insignificante salário ou, muitas vezes, alojamento e uma ração em pão. MONTOUX afirma que as crianças eram freqüentemente chicoteadas e punidas para fazer seus duros trabalhos e manter-se acordadas. Para seus idealizadores os argumentos que sustentavam o uso de mão-de-obra infantil não faltavam: “trabalhar desde cedo forja o hábito, a disciplina e a subordinação” (MANTOUX, s.d.)
As dificuldades de mão-de-obra
O desenvolvimento do capitalismo só foi possível quando houve mão-de-obra disponível em grande escala. Enquanto os camponeses e artesãos podiam dosar o ritmo de suas atividades, a vida não tinha pressa, porém a sorte dos trabalhadores nas primeiras fábricas estava delineada: trabalho ininterrupto durante 14/15 horas por dia, disciplina severa, serviços repetitivos, frio, calor e barulho. Esse contexto fez com que os novos capitalistas se tornassem “filantropos” e se dedicassem à recuperação dos desvalidos, oferecendo ou impondo a eles trabalhos nas oficinas em troca de comida. No início lançou-se mão do crescente exercito de camponeses e artesãos arruinados, oriundos da destruição da sociedade pré-capitalista medieval, entretanto, a mão-de-obra não estava preparada para a nova ordem econômica emergente.
Dotar a sociedade de um novo ideal era uma questão que exigiria longo tempo; assim, enquanto fosse possível usar a terra ou fazer artesanato, ninguém queria trabalhar para outrem, submetendo-se a um salário irrisório e a todo tipo de opressão. A solução, então, foi impor leis que forçassem as pessoas livres a trabalhar, utilizando-se o sutil argumento que eram vadias.
Os "improdutivos causam mal estar" a Inglaterra. Na Inglaterra, o operário que abandonasse a fábrica arriscava-se a ser preso. A classe emergente, ao condenar a indolência, construiu uma nova moral, impondo penalidades severas a mendigos e vagabundos. Criaram-se as workhouses, também apelidadas de “bastilhas dos pobres”, internato utilizado como regulador de mão-de-obra barata, servia também como ocultamento da miséria, evitando, assim, os inconvenientes sociais e políticos de deixa-la à mostra. Nesse primeiro impulso do mundo industrial acreditava-se que a prática do trabalho compulsório servia como panacéia atenuadora das inquietações sociais. Em meados do século XIX, ao se dar conta do fracasso das casas de correção, os industriais são obrigados a mudar de objetivos. Segundo FOUCAULT, essas casas, que 150 anos antes destinavam-se a alojar indolentes e imprestáveis para o convívio social, passaram a abrigar prioritariamente os loucos. Podemos constatar, então, que as primeiras tentativas de segregação, iniciada no século XVII nas penitenciárias e orfanatos, marcam o surgimento de uma sociedade disciplinar onde os pobres e os libertinos são obstáculos à ordem. Um exemplo ocorre na França, onde o operário passa a ter uma carteira de trabalho, ficando, assim, submetido ao controle da polícia.
O exemplo não vem de cima
Se havia ociosidade na classe dominante, ela era também condenável, mas o malefício maior recaía sobre os pobres. Estes não deveriam invejar os ricos, pois o repouso após estafante dia de trabalho é mais bem-aproveitado que qualquer indolência. Isso reflete a persistência da classe ociosa, que alega gastar todo seu tempo e energia nos “cansativos deveres sociais” de cumprimento da etiqueta, como visitas, preocupação com o vestuário, idas a clubes, ações de caridade, práticas de esportes, etc. Esse segmento social sobreviverá até a sociedade moderna, com valores diferentes, destoando da ética da exaltação do trabalho. O novo sistema econômico, por razões históricas, além de se pautar por um sinal produtivista de acumulação de riqueza (não existente no regime feudal), percebeu que era de seu interesse difundir a ideologia do trabalho, a fim de motivar ou coagir a classe subalterna à produção de riquezas.
Para a classe dominante e o clero, a formação educacional do povo estava descartada, pois levaria os jovens à insolência perante seus superiores e permitiria que tivessem acesso a “folhetos sediciosos, livros perigosos e publicações contra a cristandade”, assim como os faria querer igualar-se em direitos à classe superior. Alguns membros da igreja aconselhavam as elites sociais a praticar uma conduta exemplar para que os pobres pudessem “confiar nelas como guias”
A divisão do trabalho – o advento do Taylorismo
O surgimento nos Estados Unidos, de uma nova concepção de trabalho, notadamente no início do século XX, é marcado pelo pioneirismo dos estudos efetuados por Frederich W. Taylor (1856-1915), cuja corrente de pensamento passou a ser designada taylorismo. Engenheiro de formação puritana, de princípios rígidos, foi educado dentro de uma mentalidade de disciplina e veneração ao trabalho. Ele funda o princípio do “método científico” visando a racionalização da produção, a fim de possibilitar o aumento da produtividade no trabalho, evitando o desperdício de tempo, economizando mão-de-obra, suprimindo gestos desnecessários e comportamentos indesejados no interior do processo produtivo. Em sua observação criteriosa, Taylor concretizou a noção fé “tempo útil”. A nossa sociedade do trabalho introjetou essa preocupação com a obsessão pelo relógio – manifestação concreta do tempo transformando em mercadoria.
Taylor parte da crença que o homem é compelido ao trabalho não porque goste, mas por ser ele um recurso à sobrevivência, e, assim, suas únicas motivações são as recompensas econômicas e materiais. O trabalho é visto somente como um exercício de sobrevivência, não como um ato existencial.
A preocupação maior de Taylor é a desordem com que é feito o trabalho quando deixado inteiramente nas mãos dos operários. Nesse sentido, a aplicação de suas idéias visa a acentuar de vez a separação entre o trabalho intelectual (planejamento, concepção e direção) e o trabalho manual (execução) no interior do processo produtivo. Dentro dessa lógica, cada tarefa é decomposta em movimentos elementares e ritmados, em consonância com a cadência das máquinas (isso é ciência) . O uso do cronômetro tem por fim eliminar o “tempo morto”, ou os “movimentos desnecessários”. Cada operário realiza sua tarefa individualmente, com atividades distintas daquelas do operário vizinho, e elimina-se o trabalho em grupo, gerador de corporativismo, discussões e pressões, responsáveis pela queda de produção.
Ao reduzir-se a complexidade do saber operário, introduz-se o desinteresse pela atividade, a monotonia, o tédio e, em conseqüência, a idiotização do trabalhador. Antes os ofícios qualificados eram passados, na prática e oralmente, do operário para o aprendiz, o que requeria destreza, tempo e habilidade. Retirando-lhe o saber, retira-lhe o poder de força na luta pela conquista de melhores condições de trabalho.
Pagos não para pensar
O Taylorismo tem um poderoso lado perverso: com a simplificação das tarefas, em questão de dias ou de horas um novo operário não-qualificado pode substituir outro – e por que não com um salário mais baixo ? Com a apropriação do saber operário, ele cria a sujeição do trabalhador aos ditames da organização, já não competindo àquele discutir o mérito das ordens por este emitidas. Na verdade, sua “ciência” redunda em uma das grandes ferramentas corporativas do mundo moderno, dissimulada pela eficácia da produção, tornando o trabalhador uma massa bruta destituída de capacidade crítica e de satisfação, não por realizar atividades criativas. Suas tarefas são as de puxar alavancas, apertar botões, supervisionar painéis, vigiar o funcionamento de equipamentos, ou alimentar máquinas com matérias-primas.Taylor acreditava que o aumento da produtividade do trabalho iria beneficiar financeiramente não só o patrão como também o trabalhador. Na prática, porém, isso não ocorreu.
O Fordismo - ( 1863 - 1947) A linha de montagem, criada por Ford, na fabricação em massa de automóveis, e ao ditar a cadência do trabalho, a linha de montagem permite um grau de padronização da mão-de-obra através da esteira, fixando o operário em seu posto e, fazendo com que as peças e os componentes venham até ele, para que "nenhum homem precise dar um passo" ( dizia Ford em 1909) essa obsessão pela produtividade foi retratada em uma sátira no filme tempos modernos, de Charles Chaplin.
Atualmente acredita-se que, com a revolução microeletrônica, a simplificação das tarefas chegará a tal ponto que qualquer braço mecânico de robô poderá substituir parte do trabalho humano. Parafraseando o filósofo Michel Foucault, isso mais uma utopia patronal em vias de se realizar: a fábrica sem operários, suprimindo assim todos os conflitos que deles advém.
A total dedicação ao trabalho
As fábricas-prisões, fábricas-conventos, internatos, campos de trabalho, fábricas sem salários etc, como esse tipo de prática não poderia prosperar numa economia de livre mercado, os patrões tiveram de lançar mão de outros mecanismos. Deveriam, então, construir uma nova ideologia, que submetesse a massa proletária ao gosto pelo trabalho. Para essa modernização o trabalho livre provava ser mais rentável e eficiente, pois exigia menos inversão de capital na vigilância e gerenciamento.
O enaltecimento do trabalho se expande e extrapola as obras de eminentes pensadores e religiosos que, com suas idéias, prestavam um serviço à classe dominante. Longe de ser um filósofo, Napoleão, por exemplo, dizia ter chegado a uma conclusão definitiva: “quanto mais trabalhar o meu povo, menos vícios haverá; estarei disposto a ordenar que aos domingos, após os ofícios religiosos, se abram as oficinas e os operários voltem ao trabalho”.
Mesmo o árduo trabalho assalariado converteu-se em virtude, não era mais uma maldição ou motivo de desprezo, contrariamente ao que fora proclamado pelos nossos remotos ancestrais gregos e medievais.
A (Com) sagração do capital – surge o liberalismo
“Antes de sua expulsão do paraíso, Adão e Eva desfrutavam, sem trabalhar, um nível de vida elevado. Depois de sua expulsão, tiveram de viver miseravelmente, trabalhando de manhã até a noite. A história do progresso técnico dos dois últimos séculos é a de um esforço tenaz para voltar a encontrar o caminho do Paraíso”( Wassily Leontief, Prêmio Nobel de Economia.)
A ideologia liberal ou liberalismo, ao se pautar por um conjunto de idéias contrárias à intervenção do Estado na economia, e sendo favorável à livre concorrência do mercado e à exaltação dos direitos individuais, exprimia, ao nível das idéias, o que era levado na prática pela burguesia emergente (industriais e capitalistas).
Em face da penúria que se encontrava a população, o liberalismo foi forçado a se impor e a produzir argumentos cada vez mais consistentes, entre eles, exaltou a “liberdade” que o cidadão tinha para vender sua força de trabalho. Nasce o culto e a total dedicação ao trabalho e a obsessão pelo relógio.
“Tem-se vergonha do repouso; a meditação mais demorada causa remorso. Reflete-se com o relógio na mão, da mesma forma como se almoça com os olhos fixos no pregão da Bolsa” ( Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência)
No estudo do economista como Adam Smith (1723-1790), o trabalho passa a ocupar o primeiro plano na conquista da riqueza. Ele constata que a riqueza dos paises não reside no ouro, na prata ou na agricultura, como era a tendência do pensamento do século XVIII (mercantilismo), mas no trabalho, capaz de transformar matéria bruta em produtos com valor de mercado.
Surge a critica
Um dos grandes pensadores do tema, cuja influência se estendeu a toda parte do mundo, foi Karl Marx, ele ficou fascinado pela produtividade sem precedente na sociedade ocidental, porém dedicou suas críticas à condição degradante em que se encontravam os trabalhadores. Ele concordava que só o trabalha gera riquezas, mas, justamente quem a produz a ela não tem direito.
Para Paul LAFARGUE, em sua obra, O direito à preguiça, critica a divinização do trabalho, o autor invoca as “terríveis conseqüências do trabalho” na sociedade capitalista. Ele estranha a “esquisita mania”, presente nos comerciantes, economistas e moralistas e até mesmo na classe trabalhadora, do “amor pelo trabalho”. Segundo o autor, trata-se de um estranho vício, uma aberração mental que levava ao esgotamento do indivíduo. Excetuando-se os que trabalham para a sobrevivência, há aqueles que gostam do trabalho como um fim em si mesmo :
“uns curvados sobre suas terras, os outros agarrados a suas lojas, movem-se como toupeiras em galerias subterrâneas, e nunca se levantam para observar, ao acaso, a natureza”.
Herdeiro dessa tradição produtivista, o nosso tempo, considerado o “século do trabalho”, nos faz dedicar a essa atividade toda a nossa existência.
O escravo feliz
“Não se pode contratar apenas um braço: uma pessoa inteira vem junto com ele” (Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna).
A administração científica desenvolvida por Taylor teve seus méritos reconhecidos devido ao pioneirismo na atenção dispensada às técnicas e aos fatores fisiológicos do trabalho. Sofreu, porém, duras criticas por ter deixado de lado os aspectos psicológicos do ser humano. Como resposta patronal, o estudo das relações humanas veio atenuar os descontentamentos gerados pelo trabalho alienante, o baixo desempenho, a “fadiga” emocional, e visou também a reduzir a rotatividade da mão-de-obra. Os patrões perceberam que, enquanto os sindicatos influenciavam os trabalhadores fora das fábricas, eles, patrões, tinham um vasto campo de monobra no interior da empresa para tentar converte-los aos interesses da administração.
O psicólogo Elton Mayo (1880 – 1949) foi o pioneiro no estudo das relações no trabalho, com experiências realizadas em 1923, em uma tecelagem, 1927 e 1932 em uma fábrica de componentes eletrônicos em Chicago (bairro de Hawthorne) nos Estados Unidos, onde o nível de descontentamento e a rotatividade no trabalho eral altos. Após exaustivas experiências Mayo constatou que as normas sociais exercem, também, uma força poderosa sobre o indivíduo. Fazendo algumas concessões aos funcionários, mostrou que as pessoas, quando motivadas e tratadas com atenção, agem positivamente e passam a realizar com afinco suas tarefas.
As ciências humanas entram em cena como dispositivos que devem “integrar” o trabalho e a estrutura da organização às necessidades sociais do empregados. Desse modo, ao tornar o empregado “feliz”, a organização obteria dele total cooperação e esforço, o que aumentaria sua eficiência. A empresa, fazendo crer que seus interesses são coincidentes com os dos empregados, gera nestes o sentimento de participar dos objetivos da companhia, a qual, por sua vez, deve merecer seus esforços, contribuindo, assim, para seu sucesso econômico.
Por outro lado, os críticos afirmam que criar o “escravo feliz” ou, como diz o operário americano, “tirar mais leite”, formando “vacas felizes”, é visto como um disfarce para tornar o trabalho menos alienante e mais palatável.
Os ventos do Oriente
Comparados a outros paises, a obsessão pelo trabalho e a lealdade à empresa desenvolvidas pelos japoneses não encontra equivalentes no mundo. O nosso modelo de administração (que é americano) vem concentrando sua atenção a alguns detalhes do comportamento dos japoneses. O orgulho de pertencer à empresa ( “eu sou Toyota” ou “sou um individuo Sumitomo”, em vez de dizer “eu trabalho na firma tal” ), o baixo índice de absenteísmo, além do fato de que a grande maioria dos trabalhadores gozar de reduzidas férias. Em algumas empresas a dedicação ao trabalho pode ser constatada pelo cumprimento de um cerimonial diário: a execução, no início do trabalho, do hino da empresa; o exercício da ginástica laboral, e o pronunciamento de palavras motivadoras (palavras de ordem) para elevar o espírito corporativo entre outros. Os resultados econômicos demonstram que esse apego ao trabalho trouxe um progresso sem precedentes ( o Japão é a 2a. maior economia mundial).
Outro grande fascínio que nos vem do Oriente é a prosperidade obtida pelos chamados “tigres asiáticos”: Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Malásia, Singapura. São paises conhecidos pelos seus regimes políticos autoritários, pela carência de recursos naturais e por suas economias voltadas à exportação de quinquilharias eletrônicas. Nesses paises a jornada de trabalho excede quarenta e oito horas semanais e os trabalhadores não têm mais que quatorze dias de férias. Em alguns não há nem direito a férias nos primeiros anos de trabalho. Com folgas semanais não coincidindo para todos no domingo (como é o caso da Coréia do Sul), o país não para de trabalhar nem mesmo nos fins de semana.
Hoje, com medo de perder competitividade com os orientais, os empresários ocidentais estão lançando apelos ao operariado para uma maior participação no trabalho.No Brasil não é diferente, nos últimos 10 anos, tivemos uma verdadeira “revolução” nas práticas administrativas ao promover a redução dos níveis hierárquicos, aproximando o topo da base, investindo em qualificação e desenvolvendo competências, buscando uma gestão conjunta com os seus colaboradores, permitindo que estes opinem e decidam acerca de diversos temas inerentes ao trabalho. Entretanto, é importante analisar alguns aspectos Tupiniquins para compreender o desenvolvimento do país.
Parte Introdutória - O TRABALHO
Fala-se em trabalho a todo o momento e por toda parte. Só essa constatação já demonstra a importância dela para a nossa sociedade. Seria interessante, porém, ir em busca da origem dessa atividade chamada trabalho e compreender a razão de seu prestígio.
Emprega-se o termo “trabalho” para designar, por exemplo, a atividade das plantas, das abelhas, das máquinas, dos atletas, do pintor, do aluno etc., como se tudo na vida se resumisse a trabalho.
É através dessa multiplicidade de prismas sobre o tema que abordaremos o assunto, mostrando como ele foi exaltado ou desprezado por diferentes classes sociais em diferentes épocas e nações. Atualmente, a exaltação do trabalho tornou-se tão forte que, para muitos, o ócio e até mesmo o lazer, quando praticados, vêm acompanhado de sentimento de culpa.
Retrospecto histórico
Entretanto nem sempre foi assim. Há 2.500 anos, os gregos, ao adotar a máxima de Aristóteles “pensar requer ócio”, apresentavam uma postura bastante diversa do que conhecemos e praticamos atualmente. Para sustentar a elite grega, que se desobrigava do trabalho, havia os escravos, e como essa situação provocava vergonha, os gregos criaram sutis argumentos que justificavam a necessidade da escravatura. Refletindo melhor, o trabalho passou a ter valor econômico a partir da escravidão (sec. VIII a.C.).Atenas possuía 240 mil habitantes dos quais 140 mil eram escravos. Aristóteles considerava que, sendo impossível a vida sem o necessário para sobrevivência, a humanidade não poderia abrir mão dos escravos, ou seja, a escravidão era considerada como lei natural para o desencargo da elite grega:
“O escravo era desprezível, mas não por trabalhar, mas porque, em um dado momento de sua existência, tinha preferido a servidão ao risco de morrer pela liberdade”
Para os gregos, como observou Nietzsche, tanto o trabalho quanto a escravidão eram “uma desgraça necessária”. O escritor grego Xenofontes, discípulo de Sócrates, dizia que a rudeza de alguns trabalhos manuais causava danos físicos aos seus operadores, provocando muitas vezes uma fraqueza ao corpo que conduzia à fraqueza da mente. A noção de trabalho, para os gregos, está diretamente vinculada à rotina da utilização das mãos com utensílios rudimentares, sem técnica e criatividade.
Aversão ao trabalho
Heródoto já atribuía a outros povos como os egípcios e os persas igual repulsa pelo trabalho.
“Uma atividade menor, visto ter como fim apenas suprir as carências físicas”.
O escravo tem o status, não de homem, mas de coisa.
A visão filosófica - época da contemplação e do "ócio"
Platão, na sociedade idealizada da República, reconheceu que a divisão do trabalho traz maiores benefícios á sociedade e propicia um harmonioso intercâmbio de serviços. Para ele, sendo os homens diferentes por natureza, cabe a cada um estar no lugar em que melhor expresse sua habilidade. Dessa forma fica justificado o papel, reservado ao escravo, de realizar tarefas necessárias à manutenção da cidade, deixando aos cidadãos as prerrogativas políticas.
Aristóteles apregoava que, nos Estados mais bem governados, a nenhum cidadão poderia ser permitido o exercício de atividades ligadas às artes manuais, pois isso o impediria de dedicar mais tempo à sua obrigação para com o Estado. O exercício da cidadania, por demandar grande parcela de tempo, exigia que o cidadão estivesse liberado de todas as outras atividades.
Com Platão e, de resto, em toda a filosofia grega, a contemplação é a principal fonte de contato com a verdade. Significa a cessão de toda atividade política ou de trabalho. A palavra grega skole, que também quer dizer “escola”, corresponde, em latim, a otium (ócio), o que é o, “estar livre da necessidade de estar ocupado”, e é diferente de “lazer” ou “tempo livre”, como entendemos o ócio hoje em dia, pois ele acentua a idéia de um certo período de ausência de atividade compulsória em razão de determinada causa. E também que, o otium está condicionado à isenção de preocupações e cuidados. Estar ocupado é estar em estado de não-ócio, é negar o ócio. Daí o termo “negócio” (nec-otium), difundido mais tarde na Idade Média. Para o pensamento grego, a beleza e a verdade do universo só advêm com a quietude requerida pela contemplação, que possibilita a interrogação filosófica, característica da faculdade humana.
Hesíodo (poeta do séc. VIII a C.) é atribuído o pioneirismo do termo trabalho, lançou-se em defesa da atividade laboriosa, tratando-o com honra e dignidade. Para ele, o trabalho é o único meio de fazer reinar a ordem e salvaguardar a justiça. Convém lembrar que essa exaltação do trabalho e a condenação da indolência sempre ocorreram nos períodos de escassez de trabalhadores e de elevação de preço do trabalho.
Entretanto, o ócio, no sentido de algo a ser alcançado como fim em si mesmo e como necessário para o exercício espiritual, sofre modificações na sociedade romana. Nela, o trabalho vai sendo introduzido e exigido como condição indispensável pra o gozo do ócio. Em Roma, os filósofos estóicos (séc. III e II a .C.), conhecidos pela austeridade e rigidez de seus princípios morais, ponderavam que o desfrute do tempo livre deveria ser efetivado com seriedade – otium cum dignitate. Sêneca apontava indivíduos com intensa ocupação que buscavam otium não mais como um fim em si mesmo, mas como contraposição ao nec-otium. Nota-se qie já não se tratava de sentir-se livre do trabalho, como os gregos, mas de um “repouso” necessário para a recuperação das energias antes da volta ao trabalho; portanto, de contemplação, para os gregos, o termo se metamorfoseia em descanso (diversão, repouso) para os romanos. Esse novo ideal permanece e chega até a Idade Média.
Na Idade Média
Assentada predominantemente na economia agrícola, o trabalho servil era realizado em pequenas comunidades. Como única fonte de subsistência e riqueza a posse da terra era condição de poder daí a servidão (os trabalhadores precisavam de licença do senhor para sair dela)
Nas cidade predomina nessa época as corporações de ofício ( aprendiz, companheiro e mestre )era quem dava licença para trabalhar nas cidades.
Visão Religiosa do trabalho
Catolicismo deu pouca importância ao que estava contido nos escritos bíblicos acerca do trabalho. Quando o fez enfatizou a virtude da humildade e desaprovou a conduta dos poderosos. A interpretação do texto sagrado serviu, aos católicos, para criticar o apego demasiado ao trabalho e, conseqüentemente, o esquecimento da veneração a Deus. Isso torna-se mais evidente quando se estima que havia 141 dias santos na época.
O Sermão da Montanha faz uma alusão direta ao tema:
“Olhai os lírios dos campos, não trabalham nem fiam...”
Os cristãos medievais, longe de maldizer a situação de penúria em que muitos viviam, podiam se consolar com o que Jesus Cristo havia dito das aves:
“Vede as aves do céu, não semeiam nem colhem, nem guardam as provisões e, contudo, o Vosso Pai Celeste alimenta-as. Não vos aflijais dizendo: que termos que comer ou beber, que teremos para vestir? São os pagãos que buscam isso com diligências”
Se havia uma exaltação ao trabalho, isso ocorria mais no sentido disciplinar, de manter as pessoas ocupadas - o trabalho não era algo nobre como fonte de satisfação já que infindável e tedioso - e sim para manter a mente pura, resignação cristã, o corpo origem de todo pecado deve manter-se ocupado, afastar-se da preguiça e das tentações diabólicas (Provérbio popular – “Mãos vadias, coração louco” ). Por fim considerava a riqueza e pobreza como dons de Deus ( tolerava a injustiça presente para remetendo para o futuro, o reino divino)
Como se vê, não há veneração do trabalho em nome de uma maior produtividade; ele é um meio de salvação, uma oportunidade, oferecida pela “graça” divina, de redenção pela penitência.
A classe ociosa
Nas sociedades aristocráticas, preocupadas em destacar os títulos nobiliárquicos (rei, duque, visconde, marquês, barão), o desprezo pelo trabalho não fica restrito apenas à atividade manual, ampliando-se até mesmo para os ofícios mais qualificados. O trabalho era considerado como indigno para o homem de qualidade, cujas atividades eram dedicadas ao pensamento, à direção dos negócios políticos e religiosos, à gestão de bens e as transações financeiras. Essas atividades não eram, então consideradas trabalho. Ou seja a classe ociosa (nobres e religiosos por exemplo) ocupava-se com a guerra, a política, os esportes, a cultura e o sacerdócio, destacando-se, portanto, da “classe inferior” por não realizar as formas mais vulgares de trabalho manual.
É interessante lembrar que para conservar a admiração alheia e a respeitabilidade, a classe ociosa além de ser, teria de parecer rica e poderosa aos olhos dos outros. Havia a necessidade de isentar-se do trabalho ignóbil, de se exaltar o consumo do supérfluo e de se ter costumes requintados, a fim de impressionar os outros.
Lentas mudanças - renascimento
A obrigatoriedade do trabalho árduo começou nos mosteiros ( São Francisco de Assis - a desocupação inimiga da alma)
A Ética Protestante ( o princípio do capitalismo)
Com a reforma protestante ocorrida no séc. XVI pouco a pouco os ensinamentos religiosos começavam a dar novo sentido ao sofrimento oriundo do trabalho, transformando-o em conformismo, em motivo de orgulho. Houve uma certa reavaliação da concepção cristã, ao se legitimar o princípio da obtenção do lucro e a acumulação de capital.
Há uma ênfase de que a fé deve ser reforçada pelo trabalho (trabalhe que Deus te ajuda). Essa conduta, que culminaria no enriquecimento, não sofreria a condenação de Deus, pois a riqueza não é condenável quando do adquirido só se tira o necessário para a subsistência pessoal e o restante é poupado ou reinvestido.
Essa ética, que muito influenciou na mentalidade dos colonos norte-americanos, pode ser exemplificada nos trechos de discursos de Benjamin Franklin (1706-1790), sujeito de origem humilde que fez fortuna e tornou-se mais tarde Presidente dos EUA:
q "Tempo é dinheiro" (não se deve desperdiçar o tempo, pois ele é uma dádiva divina);
q "Aquele que vai vadiar perde duplamente" (além de deixar de ganhar dinheiro ainda gasta);
q Terá crédito aquele trabalhador que faz ecoar o som do seu martelo às cinco horas da manhã, ou as oito da noite (toda hora desperdiçada é prejudicial).
Conformar-se em ser pobre era reprovável, pois equivaleria a querer ser indolente, um desafio a glória de Deus. O estudo de Weber apela para a filosofia ideal do homem ativo e poupador, ou seja, da auto-realização, para quem a riqueza e o sucesso é um dever até mesmo social, que contribui, indiretamente, para a ordem da sociedade e o vigor moral da nação.
Com a antiga ordem social posta abaixo, não será mais a nobreza quem ditará os rumos dos acontecimentos, mas os burgueses dotados de capital.
O advento da Revolução industrial - “mais abelhas que arquitetos”
A expansão comercial e financeira propiciou o surgimento do capitalismo, cuja culminância se deu no século XVII. O desenvolvimento industrial provocou mudanças sem precedentes na história: o feudalismo foi enterrado, a burguesia emergiu impondo-se como classe dominante, migração do campo para as cidades, a mão-de-obra do artesão se desqualifica, a era do maquinismo arranca mulheres e crianças do lar e leva-as ao ambiente fabril.
Começando pelas crianças.
Para por em funcionamento a crescente atividade produtiva, a exploração da mão-de-obra não ficará restrita apenas aos adultos. Além do trabalho de homens e mulheres, recorria-se sistematicamente à exploração do trabalho do menor. O trabalho da criança era mais apreciado porque supunha maior docilidade e obediência, em virtude de sua fragilidade. Além disso, era mais barato: bastava um insignificante salário ou, muitas vezes, alojamento e uma ração em pão. MONTOUX afirma que as crianças eram freqüentemente chicoteadas e punidas para fazer seus duros trabalhos e manter-se acordadas. Para seus idealizadores os argumentos que sustentavam o uso de mão-de-obra infantil não faltavam: “trabalhar desde cedo forja o hábito, a disciplina e a subordinação” (MANTOUX, s.d.)
As dificuldades de mão-de-obra
O desenvolvimento do capitalismo só foi possível quando houve mão-de-obra disponível em grande escala. Enquanto os camponeses e artesãos podiam dosar o ritmo de suas atividades, a vida não tinha pressa, porém a sorte dos trabalhadores nas primeiras fábricas estava delineada: trabalho ininterrupto durante 14/15 horas por dia, disciplina severa, serviços repetitivos, frio, calor e barulho. Esse contexto fez com que os novos capitalistas se tornassem “filantropos” e se dedicassem à recuperação dos desvalidos, oferecendo ou impondo a eles trabalhos nas oficinas em troca de comida. No início lançou-se mão do crescente exercito de camponeses e artesãos arruinados, oriundos da destruição da sociedade pré-capitalista medieval, entretanto, a mão-de-obra não estava preparada para a nova ordem econômica emergente.
Dotar a sociedade de um novo ideal era uma questão que exigiria longo tempo; assim, enquanto fosse possível usar a terra ou fazer artesanato, ninguém queria trabalhar para outrem, submetendo-se a um salário irrisório e a todo tipo de opressão. A solução, então, foi impor leis que forçassem as pessoas livres a trabalhar, utilizando-se o sutil argumento que eram vadias.
Os "improdutivos causam mal estar" a Inglaterra. Na Inglaterra, o operário que abandonasse a fábrica arriscava-se a ser preso. A classe emergente, ao condenar a indolência, construiu uma nova moral, impondo penalidades severas a mendigos e vagabundos. Criaram-se as workhouses, também apelidadas de “bastilhas dos pobres”, internato utilizado como regulador de mão-de-obra barata, servia também como ocultamento da miséria, evitando, assim, os inconvenientes sociais e políticos de deixa-la à mostra. Nesse primeiro impulso do mundo industrial acreditava-se que a prática do trabalho compulsório servia como panacéia atenuadora das inquietações sociais. Em meados do século XIX, ao se dar conta do fracasso das casas de correção, os industriais são obrigados a mudar de objetivos. Segundo FOUCAULT, essas casas, que 150 anos antes destinavam-se a alojar indolentes e imprestáveis para o convívio social, passaram a abrigar prioritariamente os loucos. Podemos constatar, então, que as primeiras tentativas de segregação, iniciada no século XVII nas penitenciárias e orfanatos, marcam o surgimento de uma sociedade disciplinar onde os pobres e os libertinos são obstáculos à ordem. Um exemplo ocorre na França, onde o operário passa a ter uma carteira de trabalho, ficando, assim, submetido ao controle da polícia.
O exemplo não vem de cima
Se havia ociosidade na classe dominante, ela era também condenável, mas o malefício maior recaía sobre os pobres. Estes não deveriam invejar os ricos, pois o repouso após estafante dia de trabalho é mais bem-aproveitado que qualquer indolência. Isso reflete a persistência da classe ociosa, que alega gastar todo seu tempo e energia nos “cansativos deveres sociais” de cumprimento da etiqueta, como visitas, preocupação com o vestuário, idas a clubes, ações de caridade, práticas de esportes, etc. Esse segmento social sobreviverá até a sociedade moderna, com valores diferentes, destoando da ética da exaltação do trabalho. O novo sistema econômico, por razões históricas, além de se pautar por um sinal produtivista de acumulação de riqueza (não existente no regime feudal), percebeu que era de seu interesse difundir a ideologia do trabalho, a fim de motivar ou coagir a classe subalterna à produção de riquezas.
Para a classe dominante e o clero, a formação educacional do povo estava descartada, pois levaria os jovens à insolência perante seus superiores e permitiria que tivessem acesso a “folhetos sediciosos, livros perigosos e publicações contra a cristandade”, assim como os faria querer igualar-se em direitos à classe superior. Alguns membros da igreja aconselhavam as elites sociais a praticar uma conduta exemplar para que os pobres pudessem “confiar nelas como guias”
A divisão do trabalho – o advento do Taylorismo
O surgimento nos Estados Unidos, de uma nova concepção de trabalho, notadamente no início do século XX, é marcado pelo pioneirismo dos estudos efetuados por Frederich W. Taylor (1856-1915), cuja corrente de pensamento passou a ser designada taylorismo. Engenheiro de formação puritana, de princípios rígidos, foi educado dentro de uma mentalidade de disciplina e veneração ao trabalho. Ele funda o princípio do “método científico” visando a racionalização da produção, a fim de possibilitar o aumento da produtividade no trabalho, evitando o desperdício de tempo, economizando mão-de-obra, suprimindo gestos desnecessários e comportamentos indesejados no interior do processo produtivo. Em sua observação criteriosa, Taylor concretizou a noção fé “tempo útil”. A nossa sociedade do trabalho introjetou essa preocupação com a obsessão pelo relógio – manifestação concreta do tempo transformando em mercadoria.
Taylor parte da crença que o homem é compelido ao trabalho não porque goste, mas por ser ele um recurso à sobrevivência, e, assim, suas únicas motivações são as recompensas econômicas e materiais. O trabalho é visto somente como um exercício de sobrevivência, não como um ato existencial.
A preocupação maior de Taylor é a desordem com que é feito o trabalho quando deixado inteiramente nas mãos dos operários. Nesse sentido, a aplicação de suas idéias visa a acentuar de vez a separação entre o trabalho intelectual (planejamento, concepção e direção) e o trabalho manual (execução) no interior do processo produtivo. Dentro dessa lógica, cada tarefa é decomposta em movimentos elementares e ritmados, em consonância com a cadência das máquinas (isso é ciência) . O uso do cronômetro tem por fim eliminar o “tempo morto”, ou os “movimentos desnecessários”. Cada operário realiza sua tarefa individualmente, com atividades distintas daquelas do operário vizinho, e elimina-se o trabalho em grupo, gerador de corporativismo, discussões e pressões, responsáveis pela queda de produção.
Ao reduzir-se a complexidade do saber operário, introduz-se o desinteresse pela atividade, a monotonia, o tédio e, em conseqüência, a idiotização do trabalhador. Antes os ofícios qualificados eram passados, na prática e oralmente, do operário para o aprendiz, o que requeria destreza, tempo e habilidade. Retirando-lhe o saber, retira-lhe o poder de força na luta pela conquista de melhores condições de trabalho.
Pagos não para pensar
O Taylorismo tem um poderoso lado perverso: com a simplificação das tarefas, em questão de dias ou de horas um novo operário não-qualificado pode substituir outro – e por que não com um salário mais baixo ? Com a apropriação do saber operário, ele cria a sujeição do trabalhador aos ditames da organização, já não competindo àquele discutir o mérito das ordens por este emitidas. Na verdade, sua “ciência” redunda em uma das grandes ferramentas corporativas do mundo moderno, dissimulada pela eficácia da produção, tornando o trabalhador uma massa bruta destituída de capacidade crítica e de satisfação, não por realizar atividades criativas. Suas tarefas são as de puxar alavancas, apertar botões, supervisionar painéis, vigiar o funcionamento de equipamentos, ou alimentar máquinas com matérias-primas.Taylor acreditava que o aumento da produtividade do trabalho iria beneficiar financeiramente não só o patrão como também o trabalhador. Na prática, porém, isso não ocorreu.
O Fordismo - ( 1863 - 1947) A linha de montagem, criada por Ford, na fabricação em massa de automóveis, e ao ditar a cadência do trabalho, a linha de montagem permite um grau de padronização da mão-de-obra através da esteira, fixando o operário em seu posto e, fazendo com que as peças e os componentes venham até ele, para que "nenhum homem precise dar um passo" ( dizia Ford em 1909) essa obsessão pela produtividade foi retratada em uma sátira no filme tempos modernos, de Charles Chaplin.
Atualmente acredita-se que, com a revolução microeletrônica, a simplificação das tarefas chegará a tal ponto que qualquer braço mecânico de robô poderá substituir parte do trabalho humano. Parafraseando o filósofo Michel Foucault, isso mais uma utopia patronal em vias de se realizar: a fábrica sem operários, suprimindo assim todos os conflitos que deles advém.
A total dedicação ao trabalho
As fábricas-prisões, fábricas-conventos, internatos, campos de trabalho, fábricas sem salários etc, como esse tipo de prática não poderia prosperar numa economia de livre mercado, os patrões tiveram de lançar mão de outros mecanismos. Deveriam, então, construir uma nova ideologia, que submetesse a massa proletária ao gosto pelo trabalho. Para essa modernização o trabalho livre provava ser mais rentável e eficiente, pois exigia menos inversão de capital na vigilância e gerenciamento.
O enaltecimento do trabalho se expande e extrapola as obras de eminentes pensadores e religiosos que, com suas idéias, prestavam um serviço à classe dominante. Longe de ser um filósofo, Napoleão, por exemplo, dizia ter chegado a uma conclusão definitiva: “quanto mais trabalhar o meu povo, menos vícios haverá; estarei disposto a ordenar que aos domingos, após os ofícios religiosos, se abram as oficinas e os operários voltem ao trabalho”.
Mesmo o árduo trabalho assalariado converteu-se em virtude, não era mais uma maldição ou motivo de desprezo, contrariamente ao que fora proclamado pelos nossos remotos ancestrais gregos e medievais.
A (Com) sagração do capital – surge o liberalismo
“Antes de sua expulsão do paraíso, Adão e Eva desfrutavam, sem trabalhar, um nível de vida elevado. Depois de sua expulsão, tiveram de viver miseravelmente, trabalhando de manhã até a noite. A história do progresso técnico dos dois últimos séculos é a de um esforço tenaz para voltar a encontrar o caminho do Paraíso”( Wassily Leontief, Prêmio Nobel de Economia.)
A ideologia liberal ou liberalismo, ao se pautar por um conjunto de idéias contrárias à intervenção do Estado na economia, e sendo favorável à livre concorrência do mercado e à exaltação dos direitos individuais, exprimia, ao nível das idéias, o que era levado na prática pela burguesia emergente (industriais e capitalistas).
Em face da penúria que se encontrava a população, o liberalismo foi forçado a se impor e a produzir argumentos cada vez mais consistentes, entre eles, exaltou a “liberdade” que o cidadão tinha para vender sua força de trabalho. Nasce o culto e a total dedicação ao trabalho e a obsessão pelo relógio.
“Tem-se vergonha do repouso; a meditação mais demorada causa remorso. Reflete-se com o relógio na mão, da mesma forma como se almoça com os olhos fixos no pregão da Bolsa” ( Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência)
No estudo do economista como Adam Smith (1723-1790), o trabalho passa a ocupar o primeiro plano na conquista da riqueza. Ele constata que a riqueza dos paises não reside no ouro, na prata ou na agricultura, como era a tendência do pensamento do século XVIII (mercantilismo), mas no trabalho, capaz de transformar matéria bruta em produtos com valor de mercado.
Surge a critica
Um dos grandes pensadores do tema, cuja influência se estendeu a toda parte do mundo, foi Karl Marx, ele ficou fascinado pela produtividade sem precedente na sociedade ocidental, porém dedicou suas críticas à condição degradante em que se encontravam os trabalhadores. Ele concordava que só o trabalha gera riquezas, mas, justamente quem a produz a ela não tem direito.
Para Paul LAFARGUE, em sua obra, O direito à preguiça, critica a divinização do trabalho, o autor invoca as “terríveis conseqüências do trabalho” na sociedade capitalista. Ele estranha a “esquisita mania”, presente nos comerciantes, economistas e moralistas e até mesmo na classe trabalhadora, do “amor pelo trabalho”. Segundo o autor, trata-se de um estranho vício, uma aberração mental que levava ao esgotamento do indivíduo. Excetuando-se os que trabalham para a sobrevivência, há aqueles que gostam do trabalho como um fim em si mesmo :
“uns curvados sobre suas terras, os outros agarrados a suas lojas, movem-se como toupeiras em galerias subterrâneas, e nunca se levantam para observar, ao acaso, a natureza”.
Herdeiro dessa tradição produtivista, o nosso tempo, considerado o “século do trabalho”, nos faz dedicar a essa atividade toda a nossa existência.
O escravo feliz
“Não se pode contratar apenas um braço: uma pessoa inteira vem junto com ele” (Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna).
A administração científica desenvolvida por Taylor teve seus méritos reconhecidos devido ao pioneirismo na atenção dispensada às técnicas e aos fatores fisiológicos do trabalho. Sofreu, porém, duras criticas por ter deixado de lado os aspectos psicológicos do ser humano. Como resposta patronal, o estudo das relações humanas veio atenuar os descontentamentos gerados pelo trabalho alienante, o baixo desempenho, a “fadiga” emocional, e visou também a reduzir a rotatividade da mão-de-obra. Os patrões perceberam que, enquanto os sindicatos influenciavam os trabalhadores fora das fábricas, eles, patrões, tinham um vasto campo de monobra no interior da empresa para tentar converte-los aos interesses da administração.
O psicólogo Elton Mayo (1880 – 1949) foi o pioneiro no estudo das relações no trabalho, com experiências realizadas em 1923, em uma tecelagem, 1927 e 1932 em uma fábrica de componentes eletrônicos em Chicago (bairro de Hawthorne) nos Estados Unidos, onde o nível de descontentamento e a rotatividade no trabalho eral altos. Após exaustivas experiências Mayo constatou que as normas sociais exercem, também, uma força poderosa sobre o indivíduo. Fazendo algumas concessões aos funcionários, mostrou que as pessoas, quando motivadas e tratadas com atenção, agem positivamente e passam a realizar com afinco suas tarefas.
As ciências humanas entram em cena como dispositivos que devem “integrar” o trabalho e a estrutura da organização às necessidades sociais do empregados. Desse modo, ao tornar o empregado “feliz”, a organização obteria dele total cooperação e esforço, o que aumentaria sua eficiência. A empresa, fazendo crer que seus interesses são coincidentes com os dos empregados, gera nestes o sentimento de participar dos objetivos da companhia, a qual, por sua vez, deve merecer seus esforços, contribuindo, assim, para seu sucesso econômico.
Por outro lado, os críticos afirmam que criar o “escravo feliz” ou, como diz o operário americano, “tirar mais leite”, formando “vacas felizes”, é visto como um disfarce para tornar o trabalho menos alienante e mais palatável.
Os ventos do Oriente
Comparados a outros paises, a obsessão pelo trabalho e a lealdade à empresa desenvolvidas pelos japoneses não encontra equivalentes no mundo. O nosso modelo de administração (que é americano) vem concentrando sua atenção a alguns detalhes do comportamento dos japoneses. O orgulho de pertencer à empresa ( “eu sou Toyota” ou “sou um individuo Sumitomo”, em vez de dizer “eu trabalho na firma tal” ), o baixo índice de absenteísmo, além do fato de que a grande maioria dos trabalhadores gozar de reduzidas férias. Em algumas empresas a dedicação ao trabalho pode ser constatada pelo cumprimento de um cerimonial diário: a execução, no início do trabalho, do hino da empresa; o exercício da ginástica laboral, e o pronunciamento de palavras motivadoras (palavras de ordem) para elevar o espírito corporativo entre outros. Os resultados econômicos demonstram que esse apego ao trabalho trouxe um progresso sem precedentes ( o Japão é a 2a. maior economia mundial).
Outro grande fascínio que nos vem do Oriente é a prosperidade obtida pelos chamados “tigres asiáticos”: Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Malásia, Singapura. São paises conhecidos pelos seus regimes políticos autoritários, pela carência de recursos naturais e por suas economias voltadas à exportação de quinquilharias eletrônicas. Nesses paises a jornada de trabalho excede quarenta e oito horas semanais e os trabalhadores não têm mais que quatorze dias de férias. Em alguns não há nem direito a férias nos primeiros anos de trabalho. Com folgas semanais não coincidindo para todos no domingo (como é o caso da Coréia do Sul), o país não para de trabalhar nem mesmo nos fins de semana.
Hoje, com medo de perder competitividade com os orientais, os empresários ocidentais estão lançando apelos ao operariado para uma maior participação no trabalho.No Brasil não é diferente, nos últimos 10 anos, tivemos uma verdadeira “revolução” nas práticas administrativas ao promover a redução dos níveis hierárquicos, aproximando o topo da base, investindo em qualificação e desenvolvendo competências, buscando uma gestão conjunta com os seus colaboradores, permitindo que estes opinem e decidam acerca de diversos temas inerentes ao trabalho. Entretanto, é importante analisar alguns aspectos Tupiniquins para compreender o desenvolvimento do país.
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