sexta-feira, 26 de setembro de 2008

INTRODUÇÃO MACROECONOMIA

Introdução

A macroeconomia estuda o comportamento agregado da economia e, por isso, seu foco recai sobre a análise das conseqüências globais de ações individuais dos agentes econômicos em sua interação com o mercado. Embora se fundamente na microeconomia e que, por isso, deva mostrar consistência entre o desempenho macro e o comportamento micro, nem sempre a macroeconomia é uma mera soma dos resultados individuais. A forma como é feita esta agregação é um dos pontos mais controvertidos dentro da macroeconomia.
Nas análises macroeconômicas, os economistas procuram compreender e projetar as tendências gerais da economia. Para isso é fundamental dispor de dados agregados precisos e estabelecer corretamente as relações entre as variáveis macro. Assim, a compreensão adequada das contas nacionais representa o ponto de partida da moderna análise macroeconômica. Boa parte dos modelos macroeconômicos são construídos a partir destes dados e através de uma correta definição das relações funcionais e do comportamento dos agentes[1].
Atualmente, compreender as interações existentes entre as variáveis e as políticas econômicas supõe que se integrem três aspectos fundamentais do mundo contemporâneo. Primeiro, a determinação das variáveis econômicas é cada vez mais feita pelo mercado, tendo, o Estado, um papel cada vez mais reduzido. Neste quadro, duas grandes correntes de pensamento constituem uma referência para a análise econômica: a liberal e a keynesiana (vem surgindo outra, chamada de “a terceira via”). As principais controvérsias destas correntes referem-se à natureza do equilíbrio econômico, o papel da moeda na economia e do tipo de intervenção do Estado.
Segundo, a economia é cada vez mais financeira e as mudanças ocorridas nestes mercados se transmitem sobre os demais mercados. Terceiro, com a desregulamentação do mercado de capitais e com o avanço das novas tecnologias da informação, o mercado financeiro tornou-se um fenômeno mundial e está criando fortes interdependências entre os países. Isto coloca em evidência os sistemas econômicos vulneráveis, forçando-os à uma adaptação.
Neste contexto, algumas questões essenciais devem ser analisadas: a) quais são as fontes de crescimento das economias modernas? b) qual é a influência da esfera financeira nas economias contemporâneas? c) qual a explicação para o crescimento e a persistência de altas taxas de desemprego na maioria dos países?
Este curso não pretende dar respostas definitivas a estas questões mas suscitar o interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos uma capacidade de análise das questões macroeconômica atuais. Para isso, estudaremos os mecanismos econômicos para saber: observar de forma crítica a realidade; fazer hipóteses quanto aos comportamentos dos agentes; seguir e explicar os encadeamentos de efeitos devido a uma mudança na economia; e interpretar o significado destes efeitos para as principais variáveis econômicas.
Capítulo I - Conceitos, medidas e relações econômicas: contabilidade nacional
1 - Introdução

Para bem observar e analisar os fenômenos econômicos deve-se: a) saber o significado dos termos e das variáveis utilizadas; b) definir com precisão seus valores; e c) estabelecer relações funcionais e causais coerentes entre elas. A contabilidade social preenche os dois primeiros requisitos. O terceiro decorre da teoria, da experiência, dos modelos e da capacidade de quem analisa.
A contabilidade nacional retrata todas as operações efetuadas pelos agentes econômicos em um determinado período de tempo (um ano). Diante da complexidade do mundo real, ela se propõe a fazer agrupamentos de agentes e de operações permitindo o estabelecimento de uma visão sintética e coerente. As contas nacionais, elaboradas pelo IBGE, são publicadas anualmente e estão disponíveis na Internet.
Para estudar apenas o essencial, definiremos, primeiramente, os diferentes tipos de relações econômicas, o que nos permitirá, a seguir, precisar o modo como são registradas as operações e, por fim, apreciar alguns elementos da situação atual da economia brasileira.
2 - Relações econômicas
2.1 - Os agentes econômicos
Em uma economia aberta, normalmente são distinguidos quatro categorias de agentes: a) as empresas, as quais produzem, investem e contratam fatores de produção; b) as famílias, que são proprietárias dos fatores de produção e consomem bens e serviços; e c) o governo, que adquire bens e serviços, faz transferências, arrecada impostos e gerencia a política econômica; e d) o resto do mundo ou exterior, que compra e vende bens e serviços para o Brasil, efetua e recebe transferências, etc.
2.2 - O fluxo circular da renda na economia
A representação da realidade econômica dada pela contabilidade nacional é a de um círculo. A igualdade contábil entre recursos e usos na economia é vista como um fluxo circular. Este fluxo circular pode ser esquematizado da seguinte forma:
Estágio 1: as empresas fabricam a produção (Q) e distribuem a renda aos fatores de produção (Y).
Estágio 2: o setor público cobra impostos sobre a renda (td) e efetua transferências às famílias (tr). A diferença entre a renda total, subtraída pelos impostos e acrescida pelas transferências, é renda disponível (Yd=Y-td+tr) das famílias.
Estágio 3: as famílias vão destinar parte de sua Yd para consumo (C) e a restante é poupada (S), ou seja, depositada em instituições financeiras, as quais vão financiar parte do investimento (I). Neste estágio o dispêndio global é C+I.
Estágio 4: o setor público utiliza as receitas fiscais para efetuar os seus gastos (G). Neste estágio o dispêndio global é C+I+G.
Estágio 5: uma parte da despesa concerne a produtos importados e, com isso, uma parte da renda sai do país para pagar as importações (-M). Por outro lado, uma certa quantia de renda entra no país devido à venda de produtos domésticos para compradores externos (+E).
[1] A existência de relações funcionais entre variáveis econômicas possibilita que os economistas recorram à construção de modelos econômicos. Trata-se de representações formais de fenômenos através de um sistema coerente de relações matemáticas, descrevendo de forma esquemática as ligações que existem entre as variáveis econômicas. Muitos economistas criticam o uso de modelos para fazer projeções futuras porque isto pressupõe a existência de relações constantes entre os fenômenos econômicos. O problema, dizem eles, é que os seres humanos fazem experiências, possuem memória e aprendem com a história e, em função disso, eles podem alterar seus comportamentos.

Um comentário:

chambal disse...

ola voce pode dar-me uma ajuda ? gostei do teu apontamento , e preciso de materia que fale da moeda no seu todo ,conceitos ,importancia tipos de moeda ,enfim tudo sobre moeda.MChambal da Universidade Politecnica-Maputo