terça-feira, 30 de setembro de 2008

ETIQUETA SOCIAL


Apresentação

1. Sempre se apresenta o homem à mulher. Todavia, tratando-se de um religioso, a mulher deverá ser apresentada.
2. Apresenta-se uma pessoa mais moça a uma mais idosa, e a solteira à casada.
3. A mulher deverá estender a mão, antes que o faça o homem que lhe foi apresentado. No entanto, se a pessoa apresentada se limitar a um outro cumprimento, deverá ser correspondido do mesmo modo (exemplo: ligeira inclinação de cabeça).
4. A mulher, em sociedade, nunca se levanta ao ser apresentada a outra mulher, com exceção se esta for a anfitriã ou uma senhora de idade.
5. Os anfitriões não necessitam apresentar todos os convidados entre si, no caso de uma recepção de grandes proporções. Basta apresentar alguns à chegada. E num coquetel usa-se a mesma praxe.
6. O convidado de honra, numa recepção de cerimônia, é apresentado a todos os convidados e deverá ficar ao lado da anfitriã, à entrada e de pé.
Casamentos
Os convites - impressos em cartões de formato grande, duplo ou simples, conforme a elegância da cerimônia o exigir - são distribuídos com trinta dias de antecedência, para que os convidados não assumam outros compromissos. Atenção: as frases como "os noivos receberão os cumprimentos na igreja" são inteiramente indelicadas. Se a recepção é só para alguns convidados após a cerimônia na igreja, estes receberão um convite especial que deve ser colocado no envelope.
A cerimônia do casamento tradicional se mantém, com poucas variações, embora com alguns modismos. Permanece, por exemplo, a presença de duas meninas, ou de um menino, ou de um menino e uma menina, que procedem a noiva na entrada da igreja.
Na sacristia, os noivos, ao receberem os cumprimentos, colocam-se entre seus pais e avós. Os convidados devem limitar suas palavras, evitando efusões por demais cansativas. Cumprimentam-se os membros da família quando não conhecidos, com uma ligeira inclinação de cabeça.
Na recepção, os noivos ou seus pais agradecem a cada convidado os presentes ou flores recebidos, Isto não dispensa o casal de manifestar os agradecimentos por escrito, logo ao chegar da viagem de núpcias. A decoração das mesas deve ser requintada, reservando-se um lugar especial para o bolo clássico. Evitar os enfeites de noivinhos, bonequinhos ou pombinhos, de gosto mais do que duvidoso.
Uma inovação: tornou-se costume elegante convidar dois, três ou mais casais de padrinhos de cada noivo. É uma forma simpática de homenagear um maior número de familiares ou amigos.
À mesa
Serviço: pode-se começar a comer após algumas pessoas terem sido servidas, se o serviço for lento.
Guardanapo: colocar no colo, durante a refeição, aberto totalmente ou não, conforme o tamanho. Usá-lo sempre antes de levar o copo ou o cálice à boca. No final, colocá-lo ao lado do prato, sem dobrar mas também sem o amarrotar.
Talheres: os que estão mais longe do prato são os primeiros a usar e, naturalmente, os últimos são os mais próximos do prato. Não se limpam os talheres com o guardanapo, antes de serem usados. Ao parar de usar os talheres, estes devem ser colocados sobre o prato (a faca na borda) e os cabos nunca apoiados na mesa. Acabando de comer, colocam-se sobre o prato, no sentido perpendicular à borda da mesa.
Garfo e faca: no Brasil usa-se mais a regra de usar o garfo sempre na mão esquerda, à maneira européia. Usando-se a faca e o garfo ao mesmo tempo, seguram-se ambos da mesma maneira, isto é, a extremidade dos cabos na palma da mão, apoiando-se o índex pouco aquém da lâmina da faca ou dos dentes do garfo.
Colher: deve encher-se a colher num movimento contrário à direção da borda da mesa, sempre de lado, posição esta em que deverá ser levada à boca. A disposição dos talheres obedece à ordem seguinte:À esquerda do prato de fora para dentro:
1. Garfo para peixe;
2. Garfo para carne;
3. Garfo para salada; se for servida;
À direita do prato de fora para dentro:
1. Garfo para "hors-dóuvre";
2. Colher para sopa;
3. Faca para peixe;
4. Faca para carne (a que fica sempre junto ao prato).
Copos: são colocados na mesa de acordo com o tamanho do copo e não pela ordem em que vão ser utilizados, para que uns não escondam os outros. É correto arrumá-los da maneira seguinte:
1. Copo para água, à direita do prato e acima das facas;
2. Taça de champanhe, a pequena distância do primeiro;
3. Copo para vinho branco, haste longa, colocado em frente e entre os dois primeiros;
4. Copo para Porto ou Xerex, diante do terceiro um pouco à direita.
Esta ordem, no entanto, não é obrigatória, mas deve respeitar-se a harmonia entre tamanho e a precedência das bebidas.
Salada: antes de se servir, reparar se há prato e talheres especiais para a mesma, normalmente colocados ao lado do prato de jantar.
Porções: não é exigido que se coma tudo que se põe no prato, nem obrigatório deixar um resto de comida.
Pão: parte-se com as mãos em pedaços pequenos, passa-se a manteiga e leva-se à boca com a mão.
Sal e pimenta: é correto usar estes ingredientes, mesmo num jantar de cerimônia.
Espinhas, ossos, azeitonas, etc: a mesma colher que levou o alimento à boca deverá devolver os restos ao prato, como no caso de caroços de frutas em calda. Se for usada a mão (azeitonas ou uvas, entre outras) pode a mesma retorná-los ao prato. Espinhas e ossinhos, de modo discreto, voltam na mão para o prato.
Outras regras: todos sabem que não se deve colocar os cotovelos sobre a mesa, mas também não é bom assumir uma posição de estátua. Ao aceitar um prato, nada se diz, mas quando se o declina é de bom tom dizer: não, muito obrigado. Os copos levam-se à boca segurando-se pela base de seu arqueado e nunca pelas bordas. Não é correto elogiar a comida ou a maneira como foi preparada. Também uma conversa não deverá provocar discussões sobre assuntos políticos, religiosos ou de qualquer natureza que possam de algum modo susceptibilizar algum dos presentes e, muito menos, gesticular com o talher quando se fala. Se mastigar com a boca fechada é preciso lembrar, é de bom tom, no entanto, que se coma devagar, mastigando bem os alimentos, até porque é feio mesmo, usar palitos que, aliás, não devem existir em qualquer recipiente sobre a mesa.
Ao levantar da mesa: o prato não deve ser empurrado, depois de arrumados os talheres sobre ele.
Maçã - uma curiosidade sobre esta fruta: por tradição histórica, nas mais refinadas mesas ou ambientes, a maça é motivo de decoração, por aliar suas belas cores ao seu aroma delicioso. E por lembrar o fruto proibido que Eva, seduzida pela serpente, colher da árvore da Saberoria. Mas nem todos sabem que é chamada, também, de fruta-pão. Assim, numa refeição de cerimônia, a maça deverá ser saboreada, pois quem o fizer demonstrará que ficou satisfeito com as iguarias que foram servidas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MARKETING PESSOAL

Por: Raide Namuali

A necessidade da gestão de carreira e da implantação de um plano de marketing pessoal está se tornando uma unanimidade. A maioria dos profissionais que temos conversado, sejam professores universitários, executivos ou empresários, concorda com a importância de se ter um plano de marketing pessoal para gerir suas carreiras. No entanto, apesar disto, poucos são aqueles que realmente conseguem transformar esta convicção em uma atitude prática.
Em função da falta de ação de muitos profissionais, resolvemos apresentar uma série de dez razões, todas importantíssimas, para motivar aqueles que ainda não resolveram desenvolver seu plano de marketing pessoal a fazê-lo agora. Já foi dada a largada para a corrida pelas melhores oportunidades de mercado, e quem não se antecipar acabará ficando para trás. Vamos às razões:
Razão 1 - um plano de marketing é como uma “receita de bolo” que pode ser elaborado em poucos dias, e seu conteúdo, na maioria das vezes, é formado por idéias práticas e de fácil aplicação, portanto, comece agora!
Razão 2 – o tempo corre contra você, quanto mais rápido implantar seu plano de marketing, mais rápido serão os resultados para sua carreira. O que está esperando?
Razão 3 – provavelmente você já tem inúmeros concorrentes promovendo suas respectivas carreiras no mercado, e você está ficando para trás. Não espere mais!
Razão 4 – marketing pessoal é um hábito, e você precisará de tempo para se habituar com esta nova maneira de agir em sua vida, portanto, corra!
Razão 5 – marketing pessoal cria novas oportunidades de negócios, e novas oportunidades de negócios, geralmente, significam mais dinheiro. Então aja agora!
Razão 6 – um plano de marketing pessoal pressupõe que você conquistará outros ciclos de amizade, isto certamente dará uma nova perspectiva de prazer e satisfação a sua vida pessoal e profissional. Mexa-se!
Razão 7 – o plano de marketing pessoal traz reconhecimento social pelos anos de esforços, estudos e trabalho. O que está esperando, ande!
Razão 8 – maior status social é o que obterá com o sucesso profissional conseguido através de seu plano de marketing pessoal. Vá em frente!
Razão 9 – a realização de seus sonhos de consumo, de seus sonhos de viagem e de muitos outros sonhos, poderá ser conquistada através do sucesso obtido com o marketing pessoal. Apresse-se!
Razão 10 – a realização profissional traz uma sensação superior de satisfação. É como conquistar o cume do Everest, algo inexplicável. Porque você não tenta iniciar agora o seu desafio pessoal? Mas é preciso dar o primeiro passo. Aja agora!
Esperamos que todas estas boas razões tenham conseguido convencê-lo a tomar uma atitude para iniciar seu plano de gestão de carreira, por isto vamos mostrar o que significa este plano de marketing pessoal.
Um plano de marketing pessoal é algo fácil de ser implantado. Na verdade, trata-se de um conjunto de ações e ferramentas que, se utilizados em conjunto, ajudam a promover a carreira de um profissional.
Na primeira parte de um plano de marketing pessoal é preciso desenvolver as competências pessoais do profissional, aqueles atributos que fazem parte de seu comportamento, e que podem ter um impacto positivo em sua atuação profissional. Qualidades como auto-motivação, liderança, criatividade, bom humor, capacidade de produzir conhecimentos, relacionamento interpessoal e sua capacidade de sonhar são os atributos essenciais que precisam ser desenvolvidos e incorporados a sua carreira profissional.
A outra parte do plano de marketing consiste na aplicação de ferramentas para promoção pessoal. Construção de uma rede de relacionamentos (networking), criação de um site pessoal, utilização de cartões de visitas de uma maneira dinâmica, ter um sistema de relações públicas pessoal, dentre outras ferramentas, certamente ajudarão a promover sua carreira e sua imagem no mercado de trabalho.
Estes conceitos e ações precisam estar “amarrados” em um planejamento coerente, ou seja, ao seu “plano de marketing pessoal e profissional”.
Todos nós precisamos de motivação para realizar alguma tarefa, para enfrentar um desafio e para iniciar alguma empreitada. Implantar um plano de marketing em nossa vida pessoal e profissional é um desafio. Não sabemos ao certo o que iremos encontrar, certamente viveremos momentos de “pura adrenalina”, seremos colocados diante de situações inusitadas, mas tudo isto se justifica pela sensação de vitória e de sucesso que conseguiremos alcançar ao final desta caminhada. Boa sorte.

A GLOBALIZAÇÃO ABRE OPORTUNIDADES

Artigo: Globalização abre oportunidades.
Países não têm amigos nem inimigos - têm interesses. A economia global pode ser boa para todos.
Por Raide Namuali
Zambeziano natural de Namarrói, estudante universitário Faculdade de Administração de empresas da UNICAMPO-PR/ Brasil
A globalização está mudando a cara do mundo como nós o conhecemos -- e mudando para melhor. A economia moderna não está mais circunscrita à fronteiras e limites locais. E cada vez mais empresas estão actuando com essa mentalidade. É comum que empresários busquem os locais com custos de produção mais baixos. Até há pouco tempo, uma empresa instalada em Quelimane se limitava a comparar diferentes regiões da cidade. Outras empresas procuram as melhores áreas de Moçambique para trabalhar. Hoje em dia, no entanto, essa procura é feita em todo o planeta. Para muitos empresários, a resposta na hora de produzir tem sido a China. Já na hora de vender a produção, é possível que a aposta seja os Estados Unidos. Um aspecto importante da globalização, portanto, diz respeito à abrangência do olhar. Há outro ângulo importante, que se refere ao comportamento interno das empresas. Uma dada corporação é global se seus executivos forem recrutados mundo afora. Se todos pertencem ao país da própria companhia, então ela não é global, ainda que venda em todos os países do mundo. Assim como as empresas podem ser mais ou menos globalizadas, o mesmo vale para os países. Se você perguntar que país foi o mais beneficiado com a globalização nos últimos dez anos, a resposta será a China. Há apenas uma década, a China tinha uma renda per capita das mais baixas do mundo, ao redor de 400 dólares. Esse número está subindo rapidamente. No extremo oposto, temos dezenas de países que têm sido completamente ignorados pela globalização. Ela simplesmente não existe na África Central: lá não há investimentos, não há turismo, não se manufatura produtos, não há comércio. E isso é um problema sério, pois a globalização tem se mostrado essencial para a criação de riqueza. Um paradoxo do mundo de hoje é entender a razão de tamanha contrariedade à globalização. Se ela é tão boa, por que tanta reclamação? Um motivo é que sempre haverá algum aspecto da globalização que cada pessoa individualmente condena. Quem é de esquerda diz que ela causa desigualdade, o que é verdade -- basta pensar na distância crescente entre África e China. Já as pessoas da direita criticam a globalização por estimular as migrações, o que também é verdade. Com a telecomunicação global, pessoas que vivem em vilarejos pobres do Terceiro Mundo podem entrar em contacto com outras que vivem em países ricos, lugares para onde elas gostariam de ir. Os religiosos dizem que a globalização causa a secularização, o que, em alguma medida, é igualmente verdade. Outros a detestam quando deparam com o nascimento de uma cultura global. Alguns confundem isso com invasão da cultura americana, mas é um erro. Considere o exemplo da MTV. À exceção dos países de língua inglesa, a maior par te das músicas é cantada em outros idiomas. A MTV está totalmente integrada à nova cultura global. O mesmo vale para a premiação do Oscar, em Hollywood. Há dois anos, somente um dos prêmios mais importantes foi dado a alguém que nasceu nos Estados Unidos. Na verdade, o que há é o nascimento de uma rede ligando diferentes pessoas e diferentes cidades ao redor do mundo. Um escritor moçambicano ganha premio da melhor literatura de língua portuguesa no Rio de Janeiro simbolicamente representa Moçambique, mas globalmente representa a língua portuguesa no mundo pelo facto de englobar Europa, América e áfrica, já identifica a globalização. E isso cria alguns fenômenos curiosos. É possível que os habitantes da cidade de Nampula tenham mais traços em comum com quem mora na Índia do que com as pessoas da área rural do nordeste da Zambézia. O inverso provavelmente é verdade: os indianos entendem melhor os Nampulanses do que as pessoas que habitam em pequenos vilarejos no interior da Zambézia, em termos culturais, de atividades, de estilo de vida. Esse fenômeno global assusta muita gente. Isso ocorre também nos Estados Unidos. Temos muitos grupos, religiosos ou não, totalmente contrários à globalização.
Para quem não tem medo de jogar o jogo, a pergunta é saber o que fazer. Para os países, o fundamental é atrair investimentos externos. Trata-se de uma briga cada vez mais dura. Atualmente, cerca de 100 bilhões de dólares são investidos no Terceiro Mundo. Dessa quantia, 60 bilhões vão para a China. O mais importante não é a transferência de dinheiro. Afinal, China e Hong Kong têm o equivalente a 660 bilhões de dólares em divisas estrangeiras. A última coisa de que os chineses necessitam é dinheiro. Mas esses 60 bilhões representam acesso a tecnologias, mercados e conhecimento de administração e gestão. Os chineses recebem aula sobre novas tecnologias cada vez que alguém monta uma fábrica, ensina as pessoas como administrá-la e transfere novas técnicas. Na hora de brigar pelo investimento, acredito ser vital para os países ter um slogan para vender. A Irlanda tornou-se bem-sucedida na Europa, pois tinha um slogan claro: "Venha à Irlanda, você não pagará nenhum imposto de renda de pessoa jurídica". O slogan da China é: "Nós somos o lugar mais barato para fazer qualquer produto". Mas a maioria das nações desconhece o seu próprio slogan. Não acredito que Moçambique tenha um bom slogan.
O problema Muitos países relutam em aceitar a globalização e correm o risco de ser vítimas dela e ficar para trás
Visão do autor
A economia global não tem mais fronteiras. Isso vale para as empresas e para os países. É um fenômeno novo que ainda assusta muita gente. Mas não tem mais volta. A questão não é ser contra ou a favor da globalização, mas sim como tirar proveito dela. Países como Irlanda e China se movimentaram rápido e agora colhem os frutos. Souberam se diferenciar dos competidores na hora de atrair os investimentos estrangeiros. O resultado de terem conseguido atrair capital foi o enriquecimento e o aumento da qualidade de vida das populações.
Alerta para Moçambique
O mundo está cada vez mais complexo.Alianças do passado, que eram baseadas na bipolaridade da Guerra Fria, não fazem mais sentido. Os países não podem mais ser vistos apenas como amigos ou inimigos, mas têm interesses às vezes coincidentes, às vezes opostos. Os alinhamentos com diferentes nações vão depender de cada tema. Moçambique pode aliar-se à China numa questão comercial contra os Estados Unidos. Mas pode aliar-se aos americanos para enfrentarem os chineses em questões ambientais, por exemplo.Outra coisa importante é saber reorientar a maneira de encarar o mundo. A verdade é que ele está cada vez mais complicado. Por exemplo, às vezes vemos Moçambique aliar-se à China contra os Estados Unidos numa determinada relação comercial. Já em questões ambientais ou de direitos humanos, pode-se dar o inverso: Moçambique alia-se aos Estados Unidos contra a China. Se você retroceder ao período da Guerra Fria, por exemplo, a situação era simples. Ou os países eram comunistas ou não eram. Essa linha divisória não existe mais. O exemplo das cotas para os produtos têxteis é muito interessante. Há 15 anos, os países do Terceiro Mundo fizeram um lobby em prol da abolição das cotas. Agora, esse mesmo grupo pede o restabelecimento das restrições. Ninguém imaginava que o fim das cotas significaria que metade das fábricas do mundo teria de fechar e se mudar para a China -- um país do Terceiro Mundo. A lição que fica é que a postura a ser adotada depende de cada situação. Afinal, países não têm inimigos nem amigos, mas interesses nacionais. Além disso, sempre vale lembrar que as nações não duram para sempre. Elas surgem e desaparecem o tempo todo. Há pouquíssimas com história realmente longa, como China, França e Inglaterra. Os Estados Unidos existem há somente 200 anos. E as fronteiras se modificam o tempo todo, a União Soviética dividiu-se em 15 países, a Iugoslávia em seis. Eu poderia apostar que, daqui a 50 anos, todas as fronteiras da África terão sido modificadas. Em outros continentes, como a América do Sul, é possível que as mudanças de fronteiras sejam bem menores, mas mesmo assim haverá grandes deslocamentos de população.Atualmente estma-se em cerca de 8 bilhões da população mundial, deste numero 800 milhões vivem no continente africano. Na minha opinião os paises africanos deviam aproveitar agora para reorganizar as suas políticas socioeconômicas antes da abertura total das fronteiras, hoje as necessidades das nações africanas são outras a maior preocupação é de fornecer a matéria-prima aos paises desenvolvidos e os chamados bric`s “emergentes” Brasil, Rússia, Índia e China os em via de desenvolvimento não se preocupam com a tecnologia muito menos conhecimentos torna acto normal nomear para cargo que exige amplos conhecimentos um leigo, mas, essa fragilidade poderá deixar muitos paises a margem. Não estou dizendo que os países vão se desfazer, mas que estão adquirindo uma forma completamente diferente à medida que as fronteiras em muitas partes do mundo se alteram e as pessoas se deslocam.

As mudanças estão só começando.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

INTRODUÇÃO MACROECONOMIA

Introdução

A macroeconomia estuda o comportamento agregado da economia e, por isso, seu foco recai sobre a análise das conseqüências globais de ações individuais dos agentes econômicos em sua interação com o mercado. Embora se fundamente na microeconomia e que, por isso, deva mostrar consistência entre o desempenho macro e o comportamento micro, nem sempre a macroeconomia é uma mera soma dos resultados individuais. A forma como é feita esta agregação é um dos pontos mais controvertidos dentro da macroeconomia.
Nas análises macroeconômicas, os economistas procuram compreender e projetar as tendências gerais da economia. Para isso é fundamental dispor de dados agregados precisos e estabelecer corretamente as relações entre as variáveis macro. Assim, a compreensão adequada das contas nacionais representa o ponto de partida da moderna análise macroeconômica. Boa parte dos modelos macroeconômicos são construídos a partir destes dados e através de uma correta definição das relações funcionais e do comportamento dos agentes[1].
Atualmente, compreender as interações existentes entre as variáveis e as políticas econômicas supõe que se integrem três aspectos fundamentais do mundo contemporâneo. Primeiro, a determinação das variáveis econômicas é cada vez mais feita pelo mercado, tendo, o Estado, um papel cada vez mais reduzido. Neste quadro, duas grandes correntes de pensamento constituem uma referência para a análise econômica: a liberal e a keynesiana (vem surgindo outra, chamada de “a terceira via”). As principais controvérsias destas correntes referem-se à natureza do equilíbrio econômico, o papel da moeda na economia e do tipo de intervenção do Estado.
Segundo, a economia é cada vez mais financeira e as mudanças ocorridas nestes mercados se transmitem sobre os demais mercados. Terceiro, com a desregulamentação do mercado de capitais e com o avanço das novas tecnologias da informação, o mercado financeiro tornou-se um fenômeno mundial e está criando fortes interdependências entre os países. Isto coloca em evidência os sistemas econômicos vulneráveis, forçando-os à uma adaptação.
Neste contexto, algumas questões essenciais devem ser analisadas: a) quais são as fontes de crescimento das economias modernas? b) qual é a influência da esfera financeira nas economias contemporâneas? c) qual a explicação para o crescimento e a persistência de altas taxas de desemprego na maioria dos países?
Este curso não pretende dar respostas definitivas a estas questões mas suscitar o interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos uma capacidade de análise das questões macroeconômica atuais. Para isso, estudaremos os mecanismos econômicos para saber: observar de forma crítica a realidade; fazer hipóteses quanto aos comportamentos dos agentes; seguir e explicar os encadeamentos de efeitos devido a uma mudança na economia; e interpretar o significado destes efeitos para as principais variáveis econômicas.
Capítulo I - Conceitos, medidas e relações econômicas: contabilidade nacional
1 - Introdução

Para bem observar e analisar os fenômenos econômicos deve-se: a) saber o significado dos termos e das variáveis utilizadas; b) definir com precisão seus valores; e c) estabelecer relações funcionais e causais coerentes entre elas. A contabilidade social preenche os dois primeiros requisitos. O terceiro decorre da teoria, da experiência, dos modelos e da capacidade de quem analisa.
A contabilidade nacional retrata todas as operações efetuadas pelos agentes econômicos em um determinado período de tempo (um ano). Diante da complexidade do mundo real, ela se propõe a fazer agrupamentos de agentes e de operações permitindo o estabelecimento de uma visão sintética e coerente. As contas nacionais, elaboradas pelo IBGE, são publicadas anualmente e estão disponíveis na Internet.
Para estudar apenas o essencial, definiremos, primeiramente, os diferentes tipos de relações econômicas, o que nos permitirá, a seguir, precisar o modo como são registradas as operações e, por fim, apreciar alguns elementos da situação atual da economia brasileira.
2 - Relações econômicas
2.1 - Os agentes econômicos
Em uma economia aberta, normalmente são distinguidos quatro categorias de agentes: a) as empresas, as quais produzem, investem e contratam fatores de produção; b) as famílias, que são proprietárias dos fatores de produção e consomem bens e serviços; e c) o governo, que adquire bens e serviços, faz transferências, arrecada impostos e gerencia a política econômica; e d) o resto do mundo ou exterior, que compra e vende bens e serviços para o Brasil, efetua e recebe transferências, etc.
2.2 - O fluxo circular da renda na economia
A representação da realidade econômica dada pela contabilidade nacional é a de um círculo. A igualdade contábil entre recursos e usos na economia é vista como um fluxo circular. Este fluxo circular pode ser esquematizado da seguinte forma:
Estágio 1: as empresas fabricam a produção (Q) e distribuem a renda aos fatores de produção (Y).
Estágio 2: o setor público cobra impostos sobre a renda (td) e efetua transferências às famílias (tr). A diferença entre a renda total, subtraída pelos impostos e acrescida pelas transferências, é renda disponível (Yd=Y-td+tr) das famílias.
Estágio 3: as famílias vão destinar parte de sua Yd para consumo (C) e a restante é poupada (S), ou seja, depositada em instituições financeiras, as quais vão financiar parte do investimento (I). Neste estágio o dispêndio global é C+I.
Estágio 4: o setor público utiliza as receitas fiscais para efetuar os seus gastos (G). Neste estágio o dispêndio global é C+I+G.
Estágio 5: uma parte da despesa concerne a produtos importados e, com isso, uma parte da renda sai do país para pagar as importações (-M). Por outro lado, uma certa quantia de renda entra no país devido à venda de produtos domésticos para compradores externos (+E).
[1] A existência de relações funcionais entre variáveis econômicas possibilita que os economistas recorram à construção de modelos econômicos. Trata-se de representações formais de fenômenos através de um sistema coerente de relações matemáticas, descrevendo de forma esquemática as ligações que existem entre as variáveis econômicas. Muitos economistas criticam o uso de modelos para fazer projeções futuras porque isto pressupõe a existência de relações constantes entre os fenômenos econômicos. O problema, dizem eles, é que os seres humanos fazem experiências, possuem memória e aprendem com a história e, em função disso, eles podem alterar seus comportamentos.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

EM DEFESA AO COMERCIO LIVRE NA REGIÃO

Artigo: Em defesa ao Comercio Livre na Região
Por: Raide Namuali
Faculdade de Administração de Empresas
Unicampo-PR Brasil

Comercio Livre, Negócios de Sucesso, Economia de Moçambique.

O comercio livre pode ser bom para Moçambique pela localização geográfica na região da áfrica Austral SADC devido a costa do oceano Indico. Moçambique pode ser o destino mais preferido de novos entrantes para a região. Isso poderá impulsionar a economia do país, hoje o salário mínimo nacional gira em torno de USD 60,00 dólares norte-americano isso poderá mudar nos próximos 10 anos. Os ordenados poderão ser regionalizados em demandas.

Assinado na África do Sul, entre 16 a 17 de Agosto de 2008, o acordo que libera a livre circulação de pessoas e bens em toda região da SADC onde Moçambique exerce as funções regionais de Transporte, Comunicação e Cultura, fora de Angola que ainda não associou a idéia, a ansiedade do povo moçambicano e agentes econômicos aumenta a cada dia, muita incerteza. Mas, isso é normal o que não é normal é não se enquadrar no jogo para esse desafio. Todo mundo gostaria de vender seus produtos, por exemplo, na Tanzânia.
Grupos de pessoas se questionam quem será o beneficiário do comercio livre? A resposta é simples e curta! Todos.

O receio de muitos é o gigante da região África do Sul que atualmente é responsável de 25% do PIB continental, mas isto pode despertar a atenção de outros paises de modo a investirem em tecnologia de ponta e educação de qualidade.

O que o nosso país tem de melhor? Dois factores de produção estão garantidos “a terra (natureza) e a força de trabalho” não temos recursos minerais do tamanho da África do Sul, mas, podemos investir em capital intelectual e oferecer serviços para toda região.

Investimentos em infra-estruturas portuárias é indispensável. Os portos moçambicanos poderão movimentar nos próximos tempos 20% da economia na região.

A prestação de serviços básicos como a de hospedagem, restaurantes e depósitos públicos de mercadorias nos pontos comerciais. Esses são negócios de sucesso para a região centro e norte de Moçambique.

O nosso país pode ser o mais preferido como melhor destino turístico da região, mas isso tem custos para conquistar e manter a liderança no raking da SADC é necessário que as necessidades primarias sejam garantidas 24 horas, sobretudo nos corretores da beira, Nacala porto e terminais como Quelimane entre outros.

A economia do país precisa crescer não só o PIB numérico, ou seja, funcional, mas também na qualidade de vida dos moçambicanos “PIB efectivo”. Cada Província, Cidade precisa ter o seu slogan para efetuar o seu Marketing apresentar o seu potencial para atrair investimentos para o local em beneficio das populações, gerando auto-emprego e desenvolvimento da zona.
Como pode acontecer? Fácil não é, mas também impossível não. O governo pode ser importante como de sempre garantindo a segurança, descentralização e leis flexíveis.

Aos agentes econômicos em geral, empresas privadas e publicas precisam entender que o tempo já mudou não adianta transferir experiências do século XX para XXI, é preciso aproveitar os erros do passado para melhorar o presente. As empresas moçambicanas ou representantes estrangeiras precisam colocar em frente dos seus destinos profissionais da área “administradores” para conduzir as mesmas de acordo com o escopo e o plano socioeconômico do país. A maneira, mais sensata para obter vantagens no comercio livre, é colocar cada coisa no seu lugar. Quanto mais empresas especializadas melhor para o país.

As instituições financeiras devem flexibilizar a concessão de créditos com taxas de juro baixo visando possibilitar a realização de projectos. Por outro lado o governo também deve fazer o mesmo oferecer crédito orientado e a longo prazo com taxas de juro baixo , dando a possibilidade de criação de mais postos de trabalho e conseqüentemente a arrecadação de mais impostos visando reduzir a dependência externa.


Negócios de Sucesso

Tive oportunidade de conhecer o Paraguai um país latino-americano, sentado num banco na varanda de uma lojinha esperando táxi, apareceu um senhor aparentemente de seus 40 anos de idade, curiosamente perguntei o que o senhor faz? Ele disse filho meu trabalho é receber e guardar as mercadorias dos camelos “comerciantes ambulantes” no seu deposito publico “armazém” e disse facturava R$ 10.000,00 o equivalente USD 5.464,00 ao mês.

Fui para Nampula em 2004 em visita de trabalho ao jornal WAMPHALAFAX, hospedei num hotel no centro da cidade, na hora de almoço fui nas bancas tomar uma coca-cola ao lado do mercado central. Lá encontrei muita gente almoçando, sentei na salinha da barraca de um nigeriano observei que ali o prato de comida era mais barato e a qualidade da comida era a semelhante a oferecida no hotel. Perguntei o dono da banca que estava ao meu lado, quanto você factura por mês? Ele disse por dia no mínimo 15.000,00MT fiz as contas para 30 dias vi que vale apenas investir nesse ramo de negócio.

No hotel onde tinha hospedado a diária para quarto com cama de solteiro era 200,00MT e com cama de casal 350,00MT. Em conversa com o gerente perguntei quantos hospedes recebiam por mês? Disse a media 350 ao mês e tempo mínimo de estadia de 2 dias.

No Milange distrito fronteiriço com o Malawi na Zambézia encontrei homens que ganham dinheiro alugando dependências mais conhecidas de resthouse. Do outro lado no Malawi encontrei mesma cena.

Conclui que esses serviços são estratégicos pós todos viajantes ou pessoas que chegam pela primeira vez num lugar precisam desses serviços para efectuarem seus projectos.

AS COISAS VÃO MUDAR

terça-feira, 23 de setembro de 2008

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

Por : Raide

Parte Introdutória - O TRABALHO

Fala-se em trabalho a todo o momento e por toda parte. Só essa constatação já demonstra a importância dela para a nossa sociedade. Seria interessante, porém, ir em busca da origem dessa atividade chamada trabalho e compreender a razão de seu prestígio.
Emprega-se o termo “trabalho” para designar, por exemplo, a atividade das plantas, das abelhas, das máquinas, dos atletas, do pintor, do aluno etc., como se tudo na vida se resumisse a trabalho.
É através dessa multiplicidade de prismas sobre o tema que abordaremos o assunto, mostrando como ele foi exaltado ou desprezado por diferentes classes sociais em diferentes épocas e nações. Atualmente, a exaltação do trabalho tornou-se tão forte que, para muitos, o ócio e até mesmo o lazer, quando praticados, vêm acompanhado de sentimento de culpa.

Retrospecto histórico

Entretanto nem sempre foi assim. Há 2.500 anos, os gregos, ao adotar a máxima de Aristóteles “pensar requer ócio”, apresentavam uma postura bastante diversa do que conhecemos e praticamos atualmente. Para sustentar a elite grega, que se desobrigava do trabalho, havia os escravos, e como essa situação provocava vergonha, os gregos criaram sutis argumentos que justificavam a necessidade da escravatura. Refletindo melhor, o trabalho passou a ter valor econômico a partir da escravidão (sec. VIII a.C.).Atenas possuía 240 mil habitantes dos quais 140 mil eram escravos. Aristóteles considerava que, sendo impossível a vida sem o necessário para sobrevivência, a humanidade não poderia abrir mão dos escravos, ou seja, a escravidão era considerada como lei natural para o desencargo da elite grega:

“O escravo era desprezível, mas não por trabalhar, mas porque, em um dado momento de sua existência, tinha preferido a servidão ao risco de morrer pela liberdade”

Para os gregos, como observou Nietzsche, tanto o trabalho quanto a escravidão eram “uma desgraça necessária”. O escritor grego Xenofontes, discípulo de Sócrates, dizia que a rudeza de alguns trabalhos manuais causava danos físicos aos seus operadores, provocando muitas vezes uma fraqueza ao corpo que conduzia à fraqueza da mente. A noção de trabalho, para os gregos, está diretamente vinculada à rotina da utilização das mãos com utensílios rudimentares, sem técnica e criatividade.

Aversão ao trabalho
Heródoto já atribuía a outros povos como os egípcios e os persas igual repulsa pelo trabalho.
“Uma atividade menor, visto ter como fim apenas suprir as carências físicas”.

O escravo tem o status, não de homem, mas de coisa.

A visão filosófica - época da contemplação e do "ócio"
Platão, na sociedade idealizada da República, reconheceu que a divisão do trabalho traz maiores benefícios á sociedade e propicia um harmonioso intercâmbio de serviços. Para ele, sendo os homens diferentes por natureza, cabe a cada um estar no lugar em que melhor expresse sua habilidade. Dessa forma fica justificado o papel, reservado ao escravo, de realizar tarefas necessárias à manutenção da cidade, deixando aos cidadãos as prerrogativas políticas.
Aristóteles apregoava que, nos Estados mais bem governados, a nenhum cidadão poderia ser permitido o exercício de atividades ligadas às artes manuais, pois isso o impediria de dedicar mais tempo à sua obrigação para com o Estado. O exercício da cidadania, por demandar grande parcela de tempo, exigia que o cidadão estivesse liberado de todas as outras atividades.
Com Platão e, de resto, em toda a filosofia grega, a contemplação é a principal fonte de contato com a verdade. Significa a cessão de toda atividade política ou de trabalho. A palavra grega skole, que também quer dizer “escola”, corresponde, em latim, a otium (ócio), o que é o, “estar livre da necessidade de estar ocupado”, e é diferente de “lazer” ou “tempo livre”, como entendemos o ócio hoje em dia, pois ele acentua a idéia de um certo período de ausência de atividade compulsória em razão de determinada causa. E também que, o otium está condicionado à isenção de preocupações e cuidados. Estar ocupado é estar em estado de não-ócio, é negar o ócio. Daí o termo “negócio” (nec-otium), difundido mais tarde na Idade Média. Para o pensamento grego, a beleza e a verdade do universo só advêm com a quietude requerida pela contemplação, que possibilita a interrogação filosófica, característica da faculdade humana.
Hesíodo (poeta do séc. VIII a C.) é atribuído o pioneirismo do termo trabalho, lançou-se em defesa da atividade laboriosa, tratando-o com honra e dignidade. Para ele, o trabalho é o único meio de fazer reinar a ordem e salvaguardar a justiça. Convém lembrar que essa exaltação do trabalho e a condenação da indolência sempre ocorreram nos períodos de escassez de trabalhadores e de elevação de preço do trabalho.
Entretanto, o ócio, no sentido de algo a ser alcançado como fim em si mesmo e como necessário para o exercício espiritual, sofre modificações na sociedade romana. Nela, o trabalho vai sendo introduzido e exigido como condição indispensável pra o gozo do ócio. Em Roma, os filósofos estóicos (séc. III e II a .C.), conhecidos pela austeridade e rigidez de seus princípios morais, ponderavam que o desfrute do tempo livre deveria ser efetivado com seriedade – otium cum dignitate. Sêneca apontava indivíduos com intensa ocupação que buscavam otium não mais como um fim em si mesmo, mas como contraposição ao nec-otium. Nota-se qie já não se tratava de sentir-se livre do trabalho, como os gregos, mas de um “repouso” necessário para a recuperação das energias antes da volta ao trabalho; portanto, de contemplação, para os gregos, o termo se metamorfoseia em descanso (diversão, repouso) para os romanos. Esse novo ideal permanece e chega até a Idade Média.


Na Idade Média

Assentada predominantemente na economia agrícola, o trabalho servil era realizado em pequenas comunidades. Como única fonte de subsistência e riqueza a posse da terra era condição de poder daí a servidão (os trabalhadores precisavam de licença do senhor para sair dela)
Nas cidade predomina nessa época as corporações de ofício ( aprendiz, companheiro e mestre )era quem dava licença para trabalhar nas cidades.

Visão Religiosa do trabalho

Catolicismo deu pouca importância ao que estava contido nos escritos bíblicos acerca do trabalho. Quando o fez enfatizou a virtude da humildade e desaprovou a conduta dos poderosos. A interpretação do texto sagrado serviu, aos católicos, para criticar o apego demasiado ao trabalho e, conseqüentemente, o esquecimento da veneração a Deus. Isso torna-se mais evidente quando se estima que havia 141 dias santos na época.
O Sermão da Montanha faz uma alusão direta ao tema:

“Olhai os lírios dos campos, não trabalham nem fiam...”
Os cristãos medievais, longe de maldizer a situação de penúria em que muitos viviam, podiam se consolar com o que Jesus Cristo havia dito das aves:

“Vede as aves do céu, não semeiam nem colhem, nem guardam as provisões e, contudo, o Vosso Pai Celeste alimenta-as. Não vos aflijais dizendo: que termos que comer ou beber, que teremos para vestir? São os pagãos que buscam isso com diligências”

Se havia uma exaltação ao trabalho, isso ocorria mais no sentido disciplinar, de manter as pessoas ocupadas - o trabalho não era algo nobre como fonte de satisfação já que infindável e tedioso - e sim para manter a mente pura, resignação cristã, o corpo origem de todo pecado deve manter-se ocupado, afastar-se da preguiça e das tentações diabólicas (Provérbio popular – “Mãos vadias, coração louco” ). Por fim considerava a riqueza e pobreza como dons de Deus ( tolerava a injustiça presente para remetendo para o futuro, o reino divino)
Como se vê, não há veneração do trabalho em nome de uma maior produtividade; ele é um meio de salvação, uma oportunidade, oferecida pela “graça” divina, de redenção pela penitência.

A classe ociosa
Nas sociedades aristocráticas, preocupadas em destacar os títulos nobiliárquicos (rei, duque, visconde, marquês, barão), o desprezo pelo trabalho não fica restrito apenas à atividade manual, ampliando-se até mesmo para os ofícios mais qualificados. O trabalho era considerado como indigno para o homem de qualidade, cujas atividades eram dedicadas ao pensamento, à direção dos negócios políticos e religiosos, à gestão de bens e as transações financeiras. Essas atividades não eram, então consideradas trabalho. Ou seja a classe ociosa (nobres e religiosos por exemplo) ocupava-se com a guerra, a política, os esportes, a cultura e o sacerdócio, destacando-se, portanto, da “classe inferior” por não realizar as formas mais vulgares de trabalho manual.
É interessante lembrar que para conservar a admiração alheia e a respeitabilidade, a classe ociosa além de ser, teria de parecer rica e poderosa aos olhos dos outros. Havia a necessidade de isentar-se do trabalho ignóbil, de se exaltar o consumo do supérfluo e de se ter costumes requintados, a fim de impressionar os outros.

Lentas mudanças - renascimento

A obrigatoriedade do trabalho árduo começou nos mosteiros ( São Francisco de Assis - a desocupação inimiga da alma)

A Ética Protestante ( o princípio do capitalismo)

Com a reforma protestante ocorrida no séc. XVI pouco a pouco os ensinamentos religiosos começavam a dar novo sentido ao sofrimento oriundo do trabalho, transformando-o em conformismo, em motivo de orgulho. Houve uma certa reavaliação da concepção cristã, ao se legitimar o princípio da obtenção do lucro e a acumulação de capital.
Há uma ênfase de que a fé deve ser reforçada pelo trabalho (trabalhe que Deus te ajuda). Essa conduta, que culminaria no enriquecimento, não sofreria a condenação de Deus, pois a riqueza não é condenável quando do adquirido só se tira o necessário para a subsistência pessoal e o restante é poupado ou reinvestido.
Essa ética, que muito influenciou na mentalidade dos colonos norte-americanos, pode ser exemplificada nos trechos de discursos de Benjamin Franklin (1706-1790), sujeito de origem humilde que fez fortuna e tornou-se mais tarde Presidente dos EUA:

q "Tempo é dinheiro" (não se deve desperdiçar o tempo, pois ele é uma dádiva divina);
q "Aquele que vai vadiar perde duplamente" (além de deixar de ganhar dinheiro ainda gasta);
q Terá crédito aquele trabalhador que faz ecoar o som do seu martelo às cinco horas da manhã, ou as oito da noite (toda hora desperdiçada é prejudicial).
Conformar-se em ser pobre era reprovável, pois equivaleria a querer ser indolente, um desafio a glória de Deus. O estudo de Weber apela para a filosofia ideal do homem ativo e poupador, ou seja, da auto-realização, para quem a riqueza e o sucesso é um dever até mesmo social, que contribui, indiretamente, para a ordem da sociedade e o vigor moral da nação.
Com a antiga ordem social posta abaixo, não será mais a nobreza quem ditará os rumos dos acontecimentos, mas os burgueses dotados de capital.

O advento da Revolução industrial - “mais abelhas que arquitetos”

A expansão comercial e financeira propiciou o surgimento do capitalismo, cuja culminância se deu no século XVII. O desenvolvimento industrial provocou mudanças sem precedentes na história: o feudalismo foi enterrado, a burguesia emergiu impondo-se como classe dominante, migração do campo para as cidades, a mão-de-obra do artesão se desqualifica, a era do maquinismo arranca mulheres e crianças do lar e leva-as ao ambiente fabril.

Começando pelas crianças.
Para por em funcionamento a crescente atividade produtiva, a exploração da mão-de-obra não ficará restrita apenas aos adultos. Além do trabalho de homens e mulheres, recorria-se sistematicamente à exploração do trabalho do menor. O trabalho da criança era mais apreciado porque supunha maior docilidade e obediência, em virtude de sua fragilidade. Além disso, era mais barato: bastava um insignificante salário ou, muitas vezes, alojamento e uma ração em pão. MONTOUX afirma que as crianças eram freqüentemente chicoteadas e punidas para fazer seus duros trabalhos e manter-se acordadas. Para seus idealizadores os argumentos que sustentavam o uso de mão-de-obra infantil não faltavam: “trabalhar desde cedo forja o hábito, a disciplina e a subordinação” (MANTOUX, s.d.)

As dificuldades de mão-de-obra
O desenvolvimento do capitalismo só foi possível quando houve mão-de-obra disponível em grande escala. Enquanto os camponeses e artesãos podiam dosar o ritmo de suas atividades, a vida não tinha pressa, porém a sorte dos trabalhadores nas primeiras fábricas estava delineada: trabalho ininterrupto durante 14/15 horas por dia, disciplina severa, serviços repetitivos, frio, calor e barulho. Esse contexto fez com que os novos capitalistas se tornassem “filantropos” e se dedicassem à recuperação dos desvalidos, oferecendo ou impondo a eles trabalhos nas oficinas em troca de comida. No início lançou-se mão do crescente exercito de camponeses e artesãos arruinados, oriundos da destruição da sociedade pré-capitalista medieval, entretanto, a mão-de-obra não estava preparada para a nova ordem econômica emergente.
Dotar a sociedade de um novo ideal era uma questão que exigiria longo tempo; assim, enquanto fosse possível usar a terra ou fazer artesanato, ninguém queria trabalhar para outrem, submetendo-se a um salário irrisório e a todo tipo de opressão. A solução, então, foi impor leis que forçassem as pessoas livres a trabalhar, utilizando-se o sutil argumento que eram vadias.
Os "improdutivos causam mal estar" a Inglaterra. Na Inglaterra, o operário que abandonasse a fábrica arriscava-se a ser preso. A classe emergente, ao condenar a indolência, construiu uma nova moral, impondo penalidades severas a mendigos e vagabundos. Criaram-se as workhouses, também apelidadas de “bastilhas dos pobres”, internato utilizado como regulador de mão-de-obra barata, servia também como ocultamento da miséria, evitando, assim, os inconvenientes sociais e políticos de deixa-la à mostra. Nesse primeiro impulso do mundo industrial acreditava-se que a prática do trabalho compulsório servia como panacéia atenuadora das inquietações sociais. Em meados do século XIX, ao se dar conta do fracasso das casas de correção, os industriais são obrigados a mudar de objetivos. Segundo FOUCAULT, essas casas, que 150 anos antes destinavam-se a alojar indolentes e imprestáveis para o convívio social, passaram a abrigar prioritariamente os loucos. Podemos constatar, então, que as primeiras tentativas de segregação, iniciada no século XVII nas penitenciárias e orfanatos, marcam o surgimento de uma sociedade disciplinar onde os pobres e os libertinos são obstáculos à ordem. Um exemplo ocorre na França, onde o operário passa a ter uma carteira de trabalho, ficando, assim, submetido ao controle da polícia.

O exemplo não vem de cima
Se havia ociosidade na classe dominante, ela era também condenável, mas o malefício maior recaía sobre os pobres. Estes não deveriam invejar os ricos, pois o repouso após estafante dia de trabalho é mais bem-aproveitado que qualquer indolência. Isso reflete a persistência da classe ociosa, que alega gastar todo seu tempo e energia nos “cansativos deveres sociais” de cumprimento da etiqueta, como visitas, preocupação com o vestuário, idas a clubes, ações de caridade, práticas de esportes, etc. Esse segmento social sobreviverá até a sociedade moderna, com valores diferentes, destoando da ética da exaltação do trabalho. O novo sistema econômico, por razões históricas, além de se pautar por um sinal produtivista de acumulação de riqueza (não existente no regime feudal), percebeu que era de seu interesse difundir a ideologia do trabalho, a fim de motivar ou coagir a classe subalterna à produção de riquezas.
Para a classe dominante e o clero, a formação educacional do povo estava descartada, pois levaria os jovens à insolência perante seus superiores e permitiria que tivessem acesso a “folhetos sediciosos, livros perigosos e publicações contra a cristandade”, assim como os faria querer igualar-se em direitos à classe superior. Alguns membros da igreja aconselhavam as elites sociais a praticar uma conduta exemplar para que os pobres pudessem “confiar nelas como guias”

A divisão do trabalho – o advento do Taylorismo
O surgimento nos Estados Unidos, de uma nova concepção de trabalho, notadamente no início do século XX, é marcado pelo pioneirismo dos estudos efetuados por Frederich W. Taylor (1856-1915), cuja corrente de pensamento passou a ser designada taylorismo. Engenheiro de formação puritana, de princípios rígidos, foi educado dentro de uma mentalidade de disciplina e veneração ao trabalho. Ele funda o princípio do “método científico” visando a racionalização da produção, a fim de possibilitar o aumento da produtividade no trabalho, evitando o desperdício de tempo, economizando mão-de-obra, suprimindo gestos desnecessários e comportamentos indesejados no interior do processo produtivo. Em sua observação criteriosa, Taylor concretizou a noção fé “tempo útil”. A nossa sociedade do trabalho introjetou essa preocupação com a obsessão pelo relógio – manifestação concreta do tempo transformando em mercadoria.
Taylor parte da crença que o homem é compelido ao trabalho não porque goste, mas por ser ele um recurso à sobrevivência, e, assim, suas únicas motivações são as recompensas econômicas e materiais. O trabalho é visto somente como um exercício de sobrevivência, não como um ato existencial.
A preocupação maior de Taylor é a desordem com que é feito o trabalho quando deixado inteiramente nas mãos dos operários. Nesse sentido, a aplicação de suas idéias visa a acentuar de vez a separação entre o trabalho intelectual (planejamento, concepção e direção) e o trabalho manual (execução) no interior do processo produtivo. Dentro dessa lógica, cada tarefa é decomposta em movimentos elementares e ritmados, em consonância com a cadência das máquinas (isso é ciência) . O uso do cronômetro tem por fim eliminar o “tempo morto”, ou os “movimentos desnecessários”. Cada operário realiza sua tarefa individualmente, com atividades distintas daquelas do operário vizinho, e elimina-se o trabalho em grupo, gerador de corporativismo, discussões e pressões, responsáveis pela queda de produção.
Ao reduzir-se a complexidade do saber operário, introduz-se o desinteresse pela atividade, a monotonia, o tédio e, em conseqüência, a idiotização do trabalhador. Antes os ofícios qualificados eram passados, na prática e oralmente, do operário para o aprendiz, o que requeria destreza, tempo e habilidade. Retirando-lhe o saber, retira-lhe o poder de força na luta pela conquista de melhores condições de trabalho.
Pagos não para pensar
O Taylorismo tem um poderoso lado perverso: com a simplificação das tarefas, em questão de dias ou de horas um novo operário não-qualificado pode substituir outro – e por que não com um salário mais baixo ? Com a apropriação do saber operário, ele cria a sujeição do trabalhador aos ditames da organização, já não competindo àquele discutir o mérito das ordens por este emitidas. Na verdade, sua “ciência” redunda em uma das grandes ferramentas corporativas do mundo moderno, dissimulada pela eficácia da produção, tornando o trabalhador uma massa bruta destituída de capacidade crítica e de satisfação, não por realizar atividades criativas. Suas tarefas são as de puxar alavancas, apertar botões, supervisionar painéis, vigiar o funcionamento de equipamentos, ou alimentar máquinas com matérias-primas.Taylor acreditava que o aumento da produtividade do trabalho iria beneficiar financeiramente não só o patrão como também o trabalhador. Na prática, porém, isso não ocorreu.

O Fordismo - ( 1863 - 1947) A linha de montagem, criada por Ford, na fabricação em massa de automóveis, e ao ditar a cadência do trabalho, a linha de montagem permite um grau de padronização da mão-de-obra através da esteira, fixando o operário em seu posto e, fazendo com que as peças e os componentes venham até ele, para que "nenhum homem precise dar um passo" ( dizia Ford em 1909) essa obsessão pela produtividade foi retratada em uma sátira no filme tempos modernos, de Charles Chaplin.
Atualmente acredita-se que, com a revolução microeletrônica, a simplificação das tarefas chegará a tal ponto que qualquer braço mecânico de robô poderá substituir parte do trabalho humano. Parafraseando o filósofo Michel Foucault, isso mais uma utopia patronal em vias de se realizar: a fábrica sem operários, suprimindo assim todos os conflitos que deles advém.

A total dedicação ao trabalho

As fábricas-prisões, fábricas-conventos, internatos, campos de trabalho, fábricas sem salários etc, como esse tipo de prática não poderia prosperar numa economia de livre mercado, os patrões tiveram de lançar mão de outros mecanismos. Deveriam, então, construir uma nova ideologia, que submetesse a massa proletária ao gosto pelo trabalho. Para essa modernização o trabalho livre provava ser mais rentável e eficiente, pois exigia menos inversão de capital na vigilância e gerenciamento.
O enaltecimento do trabalho se expande e extrapola as obras de eminentes pensadores e religiosos que, com suas idéias, prestavam um serviço à classe dominante. Longe de ser um filósofo, Napoleão, por exemplo, dizia ter chegado a uma conclusão definitiva: “quanto mais trabalhar o meu povo, menos vícios haverá; estarei disposto a ordenar que aos domingos, após os ofícios religiosos, se abram as oficinas e os operários voltem ao trabalho”.
Mesmo o árduo trabalho assalariado converteu-se em virtude, não era mais uma maldição ou motivo de desprezo, contrariamente ao que fora proclamado pelos nossos remotos ancestrais gregos e medievais.

A (Com) sagração do capital – surge o liberalismo

“Antes de sua expulsão do paraíso, Adão e Eva desfrutavam, sem trabalhar, um nível de vida elevado. Depois de sua expulsão, tiveram de viver miseravelmente, trabalhando de manhã até a noite. A história do progresso técnico dos dois últimos séculos é a de um esforço tenaz para voltar a encontrar o caminho do Paraíso”( Wassily Leontief, Prêmio Nobel de Economia.)

A ideologia liberal ou liberalismo, ao se pautar por um conjunto de idéias contrárias à intervenção do Estado na economia, e sendo favorável à livre concorrência do mercado e à exaltação dos direitos individuais, exprimia, ao nível das idéias, o que era levado na prática pela burguesia emergente (industriais e capitalistas).
Em face da penúria que se encontrava a população, o liberalismo foi forçado a se impor e a produzir argumentos cada vez mais consistentes, entre eles, exaltou a “liberdade” que o cidadão tinha para vender sua força de trabalho. Nasce o culto e a total dedicação ao trabalho e a obsessão pelo relógio.

“Tem-se vergonha do repouso; a meditação mais demorada causa remorso. Reflete-se com o relógio na mão, da mesma forma como se almoça com os olhos fixos no pregão da Bolsa” ( Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência)

No estudo do economista como Adam Smith (1723-1790), o trabalho passa a ocupar o primeiro plano na conquista da riqueza. Ele constata que a riqueza dos paises não reside no ouro, na prata ou na agricultura, como era a tendência do pensamento do século XVIII (mercantilismo), mas no trabalho, capaz de transformar matéria bruta em produtos com valor de mercado.

Surge a critica
Um dos grandes pensadores do tema, cuja influência se estendeu a toda parte do mundo, foi Karl Marx, ele ficou fascinado pela produtividade sem precedente na sociedade ocidental, porém dedicou suas críticas à condição degradante em que se encontravam os trabalhadores. Ele concordava que só o trabalha gera riquezas, mas, justamente quem a produz a ela não tem direito.
Para Paul LAFARGUE, em sua obra, O direito à preguiça, critica a divinização do trabalho, o autor invoca as “terríveis conseqüências do trabalho” na sociedade capitalista. Ele estranha a “esquisita mania”, presente nos comerciantes, economistas e moralistas e até mesmo na classe trabalhadora, do “amor pelo trabalho”. Segundo o autor, trata-se de um estranho vício, uma aberração mental que levava ao esgotamento do indivíduo. Excetuando-se os que trabalham para a sobrevivência, há aqueles que gostam do trabalho como um fim em si mesmo :

“uns curvados sobre suas terras, os outros agarrados a suas lojas, movem-se como toupeiras em galerias subterrâneas, e nunca se levantam para observar, ao acaso, a natureza”.

Herdeiro dessa tradição produtivista, o nosso tempo, considerado o “século do trabalho”, nos faz dedicar a essa atividade toda a nossa existência.

O escravo feliz

“Não se pode contratar apenas um braço: uma pessoa inteira vem junto com ele” (Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna).

A administração científica desenvolvida por Taylor teve seus méritos reconhecidos devido ao pioneirismo na atenção dispensada às técnicas e aos fatores fisiológicos do trabalho. Sofreu, porém, duras criticas por ter deixado de lado os aspectos psicológicos do ser humano. Como resposta patronal, o estudo das relações humanas veio atenuar os descontentamentos gerados pelo trabalho alienante, o baixo desempenho, a “fadiga” emocional, e visou também a reduzir a rotatividade da mão-de-obra. Os patrões perceberam que, enquanto os sindicatos influenciavam os trabalhadores fora das fábricas, eles, patrões, tinham um vasto campo de monobra no interior da empresa para tentar converte-los aos interesses da administração.
O psicólogo Elton Mayo (1880 – 1949) foi o pioneiro no estudo das relações no trabalho, com experiências realizadas em 1923, em uma tecelagem, 1927 e 1932 em uma fábrica de componentes eletrônicos em Chicago (bairro de Hawthorne) nos Estados Unidos, onde o nível de descontentamento e a rotatividade no trabalho eral altos. Após exaustivas experiências Mayo constatou que as normas sociais exercem, também, uma força poderosa sobre o indivíduo. Fazendo algumas concessões aos funcionários, mostrou que as pessoas, quando motivadas e tratadas com atenção, agem positivamente e passam a realizar com afinco suas tarefas.
As ciências humanas entram em cena como dispositivos que devem “integrar” o trabalho e a estrutura da organização às necessidades sociais do empregados. Desse modo, ao tornar o empregado “feliz”, a organização obteria dele total cooperação e esforço, o que aumentaria sua eficiência. A empresa, fazendo crer que seus interesses são coincidentes com os dos empregados, gera nestes o sentimento de participar dos objetivos da companhia, a qual, por sua vez, deve merecer seus esforços, contribuindo, assim, para seu sucesso econômico.
Por outro lado, os críticos afirmam que criar o “escravo feliz” ou, como diz o operário americano, “tirar mais leite”, formando “vacas felizes”, é visto como um disfarce para tornar o trabalho menos alienante e mais palatável.

Os ventos do Oriente
Comparados a outros paises, a obsessão pelo trabalho e a lealdade à empresa desenvolvidas pelos japoneses não encontra equivalentes no mundo. O nosso modelo de administração (que é americano) vem concentrando sua atenção a alguns detalhes do comportamento dos japoneses. O orgulho de pertencer à empresa ( “eu sou Toyota” ou “sou um individuo Sumitomo”, em vez de dizer “eu trabalho na firma tal” ), o baixo índice de absenteísmo, além do fato de que a grande maioria dos trabalhadores gozar de reduzidas férias. Em algumas empresas a dedicação ao trabalho pode ser constatada pelo cumprimento de um cerimonial diário: a execução, no início do trabalho, do hino da empresa; o exercício da ginástica laboral, e o pronunciamento de palavras motivadoras (palavras de ordem) para elevar o espírito corporativo entre outros. Os resultados econômicos demonstram que esse apego ao trabalho trouxe um progresso sem precedentes ( o Japão é a 2a. maior economia mundial).
Outro grande fascínio que nos vem do Oriente é a prosperidade obtida pelos chamados “tigres asiáticos”: Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Malásia, Singapura. São paises conhecidos pelos seus regimes políticos autoritários, pela carência de recursos naturais e por suas economias voltadas à exportação de quinquilharias eletrônicas. Nesses paises a jornada de trabalho excede quarenta e oito horas semanais e os trabalhadores não têm mais que quatorze dias de férias. Em alguns não há nem direito a férias nos primeiros anos de trabalho. Com folgas semanais não coincidindo para todos no domingo (como é o caso da Coréia do Sul), o país não para de trabalhar nem mesmo nos fins de semana.
Hoje, com medo de perder competitividade com os orientais, os empresários ocidentais estão lançando apelos ao operariado para uma maior participação no trabalho.No Brasil não é diferente, nos últimos 10 anos, tivemos uma verdadeira “revolução” nas práticas administrativas ao promover a redução dos níveis hierárquicos, aproximando o topo da base, investindo em qualificação e desenvolvendo competências, buscando uma gestão conjunta com os seus colaboradores, permitindo que estes opinem e decidam acerca de diversos temas inerentes ao trabalho. Entretanto, é importante analisar alguns aspectos Tupiniquins para compreender o desenvolvimento do país.

TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO

Por: Raide

A Administração, de acordo com definição do Houaiss, é o “conjunto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os elementos de produção e submeter a produtividade a um controle de qualidade, para a obtenção de um resultado eficaz”.
Administrar envolve a elaboração de planos, pareceres, relatórios, projetos, arbitragens e laudos, em que é exigida a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de Administração.
A profissão de Administrador é relativamente nova e foi regulamentada no Brasil em 9 de setembro de 1965, data em que se comemora o Dia do Administrador.
Os primeiros administradores profissionais (administrador contratado, que não é o dono do negócio) foram os que geriram as companhias de navegação inglesas a partir do século XVII.
Segundo Jonh W. Riegel, “O êxito do desenvolvimento de executivos em uma empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da capacidade dos seus gerentes no seu papel de educadores.Cada superior assume este papel quando ele procura orientar e facilitar os esforços dos seus subordinados para se desenvolverem”.
Funções administrativas
Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do Administrador: planejar, organizar, controlar, coordenar e comandar - POCCC. Atualmente, sobretudo com as contribuições da Abordagem Neoclássica da Administração, em que um dos maiores nomes é o famoso Peter Drucker, os princípios foram retrabalhados e são conhecidos como Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar - PODC. Ressalte-se, então, que destas funções as que sofreram grande evolução foram “comandar e coordenar” que hoje chamamos de Dirigir (Liderança).
Atualmente, as principais funções administrativas são:
Fixar objetivos (planejar)
Analisar: conhecer os problemas.
Solucionar problemas
Organizar e alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas).
Comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar)
Negociar
Tomar as decisões.
Mensurar e avaliar (controlar
Princípios de um bom Administrador
Saber utilizar princípios, técnicas e ferramentas administrativas;
Saber decidir e solucionar problemas;
Saber lidar com pessoas: comunicar eficientemente, negociar, conduzir mudanças, obter cooperação e solucionar conflitos.
Ter uma visão sistêmica e global da estrutura da empresa;
Ser proativo, ousado e criativo;
Ser um bom líder;
Gerir com responsabilidade e profissionalismo.
Taylorismo ou Administração científica é o modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que é considerado o pai da administração científica.
Primeiros estudos essenciais desenvolvidos por Taylor
Em relação ao desenvolvimento de pessoal e seus resultados objetivamente: acreditava que, oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos trabalhadores, ou seja, treinando-os, haveria possibilidade de fazê-los produzir mais e com melhor qualidade..
Em relação ao planejamento a atuação dos processos: achava que todo e qualquer trabalho necessita, preliminarmente, de um estudo para que seja determinada uma metodologia própria, visando sempre o seu máximo desenvolvimento.
Em relação a produtividade e à participação dos recursos humanos: estabelecia a co-participação entre o capital e o trabalho, cujo resultado refletirá em menores custos, salários mais elevados e, principalmente, em aumentos de níveis de produtividade. Em relação ao autocontrole das atividades desenvolvidas e às normas procedimentais: introduziu o controle com o objetivo de que o trabalho seja executado de acordo com uma seqüência e um tempo pré-programados, de modo a não haver desperdício operacional. Inseriu, também, a supervisão funcional, estabelecendo que todas as fases de um trabalho devem ser acompanhadas de modo a verificar se as operações estão sendo desenvolvidas em conformidades com as instruções programadas. Finalmente, apontou que estas instruções programadas devem, sistematicamente, ser transmitidas a todos os empregados.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

MACROECONÓMIA

- comportamentos e funcionalidade macroeconômica
1 - Introdução
O objetivo deste capítulo é construir um instrumental analítico para posteriormente se fazer análises de políticas macroeconômicas. Com este instrumental poderemos ter uma idéia mais clara das relações entre os agentes econômicos, suas motivações, ou seja, os fatores que afetam seus comportamentos e a interação entre seus comportamentos individuais e as restrições macroeco-nômicas.
Veremos, por exemplo, que as famílias se comportam ativamente, respondendo às mudanças de uma série de variáveis. Primeiro, elas definem o montante de sua renda líquida que é destinado ao consumo e o montante que é destinado à poupança. Segundo, elas agem como que se maximizassem uma função utilidade, restritos à renda disponível. Daí resulta a demanda por produtos, os quais podem ser oriundos de produção interna ou importados.
O governo, por seu lado, não apresenta um comportamento endógeno ativo na economia. A sua receita é definida pelos diferentes tributos, cujas alíquotas são exógenas. Os componentes da despesa são, via de regra, considerados constantes em termos reais ou obedientes a uma determinada taxa exogenamente definida de crescimento ou redução.
As empresas são, presumidamente, minimizadoras de custos de produção e, dessa forma, comportam-se ativamente na escolha ótima do emprego de fatores e uso de insumos intermediários. Esta escolha é feita com base nos preços e restringidos a uma determinada tecnologia de produção. Além disso, com base nos preços relativos e na produção, elas decidem a proporção ótima entre vendas da produção no mercado doméstico ou externo de forma a maximizar sua receita. Da resolução dos problemas de minimização de custos das empresas e de maximização de receita obtém-se a demanda de fatores, a oferta para o mercado doméstico e a oferta para exportações. As decisões quanto ao investimento dependem, fundamentalmente, da demanda e, consequentemente, da sua produção.
O resto do mundo, conforme a suposição de país pequeno, age no sentido de adquirir toda a produção ofertada para exportação pelo país em estudo, ao preço internacional. Da mesma forma, ele atende a todas as necessidades de importações deste país, cobrando o preço internacional para cada produto. Alternativamente, pode-se considerar o resto do mundo como um monopólio que define os preços das importações e um monopsônio que estabelece o preço das exportações do país em estudo.
Para uma melhor compreensão das inter-relações existentes entre os agentes e os mercados da economia, observe o fluxograma da Figura 8, o qual mostra a estrutura básica da economia brasileira, conforme o instrumental analítico utilizado neste trabalho.
2 – Famílias
A noção de função consumo macroeconômica foi, primeiramente, desenvolvida por Keynes (1936). Em sua teoria, o consumo (C) é função da renda presente das famílias. Kuznets (1942) critica a fórmula keynesiana dizendo que ela ignora a existência de defasagens de ajustamento do consumo à renda. Este autor verificou, através da análise de séries temporais de 50 anos, que a trajetória do consumo é mais estável que a da renda dos consumidores. As variações da renda afetam mais a poupança que o consumo. Das tentativas feitas para resolver esta contradição, surgiram as teorias intertemporais: a teoria da renda permanente de Friedman (1957), a qual afirma que o consumo é determinado pela renda permanente dos agentes e não apenas pela sua renda presente; e a teoria do ciclo de vida de Modigliani e Brumberg (1954) e Ando e Modigliani (1963), a qual, além da renda permanente, leva em conta também o patrimônio dos agentes. Outros autores, como Duesenberry (1949) e Brown (1952) permaneceram dentro do esquema keynesiano, incorporando outros elementos explicativos do consumo.
Embora Keynes não se interessasse pelas decisões individuais de consumo e poupança, mas apenas pelo resultado global do conjunto das decisões, as abordagens contemporâneas geralmente consideram o comportamento dos consumidores com base nos fundamentos microeconômicos. A não ser que seja um consumidor esquizofrênico, as decisões de compra de bens e serviços, de moradia, de aplicações financeiras, de procura de emprego dependem umas das outras. Segundo os ensinamentos da microeconomia, estas decisões resultam de um comportamento de otimização sob as restrições sócio-econômicas dadas pelo ambiente.
Na análise do comportamento das famílias, as questões mais importantes a estudar são os determinantes do consumo, da repartição da renda entre consumo e poupança e das decisões financeiras. Nesta análise, os principais indicadores de comportamento são:
Os coeficientes orçamentários, os quais mostram o destino dos gastos das famílias nos diferentes produtos. Estes coeficientes são um indicador da qualidade de vida, pois permitem que se analise a evolução no tempo da participação da alimentação, saúde, educação, lazer, cultura, etc. no orçamento das famílias.
A propensão média e marginal a consumir. A propensão média a consumir (PMC) mostra a proporção da renda disponível das famílias que foi gasta com consumo em um determinado período de tempo (PMC=C/Yd). Uma medida interessante é a da PMC para diferentes níveis de renda das famílias. A tendência é de que ela caia à medida que a renda se eleva. Outro indicador é variação da PMC em diferentes épocas. A propensão marginal a consumir (PMgC) mostra a variação dos gastos com consumo por parte das famílias quando a sua renda aumenta em uma unidade (PMgC=dC/dYd).
A propensão média a poupar (PMS), que mostra a proporção da renda disponível das famílias que não é gasta com consumo ou que é mantida como poupança (PMS=Sp/Yd).
Evolução dos gastos com consumo em proporção ao PIB (C/PIB). Um aumento relativo do consumo no PIB tende a ter efeitos depressivos sobre o crescimento da economia no longo prazo pois afeta a capacidade da economia financiar o investimento agregado. O país fica na dependência de poupança externa.

COMO SOBREVIVER NO MERCADO

PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

Introdução


O mercado mundial é conseqüência do primado unificador da tecnologia, movendo fronteiras e proporcionando um novo discurso que ultrapassa interesses meramente regionais. Os problemas passam a ser pensados em escala mundial, ficando o Estado-Nação em xeque e a gravitação dos novos interesses pairando em torno de blocos econômicos.
As empresas, por seu lado, deparam-se com a necessidade de competir globalmente e introduzir em seus modelos de gestão novas filosofias empresariais. A evolução dos processos de administração e planejamento estratégico está relacionada ao ritmo das transformações que ocorrem no ambiente.
Considerado esse contexto, é necessário trabalhar as características fundamentais dos novos paradigmas de gestão e planejamento, que correspondem à era da administração estratégica competitiva, identificando as principais fases relacionadas a essa evolução, enfatizando o enfoque sistêmico sobre o processo de planejamento e gestão estratégica e sua importância.

Criação de um novo paradigma

A evolução do processo de administração estratégica está relacionada ao ritmo acelerado das transformações que ocorrem no contexto mundial. Vale ressaltar que, até a década de 50, o ritmo dessas transformações, tanto na sociedade em geral quanto no mundo dos negócios, era relativamente lento e uniforme. A partir desse período, os critérios da administração científica e do profissionalismo nos negócios superaram a visão empírica e romântica da gestão.

No curso dessa evolução, cria-se um novo paradigma, a era da gestão estratégica e competitiva.

Evolução do planejamento estratégico

Cada uma das fases da evolução do planejamento estratégico engloba e complementa a anterior, de forma que, na evolução da teoria, corrigem-se os aspectos que poderiam limitar ou distorcer seu conjunto...

Fase 1 - planejamento financeiro

A primeira fase de evolução deste modelo tem nos anos 50 sua época predominante. O principal elemento introduzido na administração, naquela época, foi o orçamento anual gerido por um administrador financeiro.
O planejamento financeiro materializado pelo orçamento anual era simples e mostrava-se eficiente.
As empresas estimavam seus gastos com base na previsão de receitas.
Contudo, esse tipo de planejamento normalmente gerava no executivo um comportamento de cumprir o orçamento. Quando essa óptica predomina sobre as demais, a conseqüência é uma ação que inibe a capacidade empreendedora, uma vez que o risco passa a ser evitado e posto em segundo plano a favor dos ganhos de curto prazo.

Fase 2 - planejamento de longo prazo

A década de 60 correspondeu à fase do planejamento de longo prazo e se baseou na premissa de que o futuro seria estimado a partir da projeção de indicadores passados e atuais, que poderiam ser melhorados por uma intervenção ativa no presente. Uma das funções desse tipo de planejamento seria a de preencher lacunas existentes entre os pontos da projeção de referências e os pontos da projeção desejável no futuro.

Dessa forma, a era do planejamento de longo prazo tem como principais características a projeção de tendências e a análise de lacunas. O sistema de valores da empresa é voltado para a projeção do futuro, apresentando como premissas tradicionais sobre mudanças e planejamento...

Fase 3 - planejamento estratégico

A partir da década de 70, a expressão estratégica passou a ser enfatizada pelos executivos. Desenha-se o foco estratégico nas decisões empresariais. A organização passa a ser dividida em três subsistemas hierárquicos – estratégico, tático e operacional – representados pelo Triângulo de Robert Anthony...

Variáveis do planejamento estratégico

Associadas aos subsistemas estratégico, tático e operacional, estão relacionadas como variáveis chave:

Decisões não estruturadas e estruturadas...
O nível estratégico da organização, se depara com decisões complexas e não estruturadas. Tais decisões estão, muitas vezes, associadas a situações novas, inesperadas e de alta incerteza. Já no nível operacional, a estruturação de decisões, são repetitivas, rotineiras, estando, por isso, registradas em normas e procedimentos.

Dados e informações...
Por meio dos sistemas de informações, transformam-se os dados – encontrados em grande volume no nível operacional – em informações fundamentais ao processo de decisão no nível estratégico da organização.

Eficácia e eficiência ...
Para o nível estratégico, o foco é a conquista da eficácia, que é uma medida do alcance de resultados, ficando o critério da eficiência mais relacionado ao nível operacional, com a utilização dos recursos disponíveis no processo.

Evolução e sobrevivência....
A função principal do executivo de nível estratégico é captar as movimentações no ambiente externo à organização, detectando os sinais de mudança relacionados ao seu negócio. A partir daí, é fundamental a proatividade e o alinhamento estratégico para que a empresa alcance sua evolução. No nível operacional, a característica básica é o foco no ambiente interno, com ações no curto prazo, visando à sobrevivência da organização.




IDÉIAS QUE VALE DINHEIRO

O 1º GRANDE AXIOMA: DO RISCO

Preocupação não é doença, mas sinal de saúde.
Se você não está preocupado, não está arriscando o bastante.

Há muitos anos, duas jovens formadas pela mesma universidade resolveram buscar juntas as suas fortunas.
Foram para Wall Street e trabalharam numa série de empregos. Acabaram ambas como funcionárias da E. F.
Hutton, uma das maiores corretoras do mercado. Foi assim que conheceram Gerald M. Loeb.
Falecido há alguns anos, Loeb foi um dos mais respeitados assessores de investimentos do mercado. Aquele gênio calvo era um veterano das diabólicas baixas da década de 30, e das fantásticas altas que seguiram à
Segunda Guerra Mundial. Através de tudo isto manteve a cabeça fria. Nasceu pobre, morreu rico. Seu livro The

Battle for Investment Survival (A Batalha Pela Sobrevivência em Investimentos) talvez seja a mais popular cartilha sobre estratégia de mercado já escrita. É, com toda certeza, das que se lêem com maior prazer, pois Loeb era um contador de histórias nato.
Essa, das duas jovens, ele contou certa noite, quando jantávamos, Frank Henry, ele e eu, num restaurante perto da Bolsa. Chamava atenção para um aspecto, que Loeb achava importante assinalar, a respeito de correr riscos.
Tímidas, as jovens procuraram-no pedindo conselhos sobre investimentos. Foram conversar com ele em diferentes ocasiões, mas Loeb sabia que eram muito amigas e, com certeza, comparariam o que lhes dissesse. No começo, a situação financeira das duas era idêntica. Haviam iniciado promissoras carreiras e, em questões de salários e de status, faziam modestos progressos. Seus salários começavam a ser mais do que precisavam para cobrir as necessidades básicas de suas vidas. A cada ano, depois do acerto do Imposto de Renda, sobrava alguma coisa. Embora não fosse muito, era o suficiente para deixá-las preocupadas acerca de onde investir tais economias, pois, ao que tudo indicava, no futuro haveria mais. Perguntaram a Gerald Loeb o que fazer.
Tomando chá com torradas num dos seus pontos favoritos, o paternal Loeb tentou explicar-lhes as diferentes possibilidades. Rapidamente, porém, tornou-se aparente que ambas já tinham decidido. O que procuravam era tão somente a confirmação de que estavam certas.
Ao contar esta história, Loeb maliciosamente chamava uma de Sylvia, a Sóbria, e a outra de Mary, a Louca.
Em termos financeiros, a ambição de Sylvia era encontrar o abrigo da segurança absoluta. Queria o seu dinheiro numa conta remunerada ou noutra espécie de poupança que praticamente lhe garantisse retorno e preservação do capital. Mary, por seu lado, aceitava certos riscos, esperando fazer crescer o seu capitalzinho de forma mais significativa.
Levaram adiante suas respectivas estratégias. Um ano depois, Sylvia tinha o seu capital intacto, os juros e uma gostosa sensação de segurança. Mary andava toda escalavrada. Tomara uma coça num mercado tumultuado.
Desde a compra inicial, suas ações tinham caído cerca de 25 %.
Sylvia foi generosa o bastante para não espezinhar a outra com um “eu não disse?” Ao contrário, mostrou-se horrorizada:
- Que coisa horrível! - exclamou, ao tomar conhecimento das desventuras da amiga. - Puxa, você perdeu um quarto do seu dinheiro! Que horror!
Como acontecia às vezes, os três almoçavam juntos. Loeb observava Mary com toda atenção. Ficou quieto esperando a reação dela às manifestações de solidariedade de Sylvia. Temia que as primeiras perdas desencorajassem Mary, fazendo-a sair do jogo, como acontece com muitos especuladores neófitos. (“Todos esperam grandes ganhos instantâneos”, dizia ele, se lamentando. “Quando não triplicam o dinheiro no primeiro ano, saem batendo portas feito crianças mimadas”.) Mary, porém, tinha garra. Sem se abalar, sorriu:
- Pois é...tive prejuízo. Mas veja só o que mais eu consegui... - Reclinou-se sobre a mesa, aproximando-se da amiga: - Sylvia, eu estou vivendo uma aventura!
A maioria das pessoas agarra-se à segurança como se fosse a coisa mais importante do mundo. E a segurança parece ter muito a seu favor. Faz com que a pessoa se sinta protegida; é como estar numa cama quentinha em noite de inverno. Cria uma sensação de tranqüilidade.
A maioria dos psicólogos e psiquiatras da atualidade diria que isto é bom. Uma das principais convicções da psicologia moderna é que a sanidade mental significa, acima de tudo, manter-se calmo. Essa pouco examinada convicção domina, há décadas, o pensamento analítico. Um dos primeiros livros a tratar desse dogma chamou-se How to Stop Worryng and Start Living (“Como Para de se Preocupar e Começar a Viver”), e The Relaxation
Response (“A Reação Relaxada”) é um dos mais recentes. Os analistas garantem que as preocupações nos fazem mal. Eles não oferecem nenhuma prova confiável de que tal assertiva seja verdadeira. Ela se transformou em verdade aceita simplesmente por ser repetida infinitas vezes.
Os devotos de disciplinas místicas e meditacionais, especialmente as asiáticas, vão mais longe. Valorizam tanto a tranqüilidade que, em muitos casos, estão dispostos até a suportar a pobreza em nome dela. Algumas seitas budistas, por exemplo, afirmam que não se deve lutar pela posse de bens materiais, e que a pessoa deve até abrir mão dos que possui. A teoria diz que, quanto menos o indivíduo tiver, menos terá com que se preocupar.
É claro que a filosofia dos Axiomas de Zurique diz exatamente o oposto. Libertar-se das preocupações pode até ser uma coisa boa, em certos sentidos. Mas qualquer bom especulador suíço lhe dirá que, se o seu principal objetivo na vida é fugir das preocupações, então você nunca deixará de ser pobre.
E vai morrer de tédio.
A vida é para ser vivida como uma aventura, não vegetando. E pode-se definir aventura como um episódio no qual se enfrenta algum tipo de risco e se procura superá-lo. Ao enfrentar riscos, a sua reação natural, sadia, será a de entrar num estado de preocupação.

Preocupações são parte integrante dos grandes prazeres da vida. Casos de amor, por exemplo. Se você teme se comprometer e assumir riscos, jamais se apaixonará. Sua vida será calma como um lago azul, mas quem quer uma vida assim? Outro exemplo: os esportes. Um acontecimento esportivo é um episódio no qual os atletas, e por tabela os espectadores, se expõem a riscos - com os quais se preocupam loucamente. Para a maioria dos espectadores, é uma pequena aventura, para os atletas, uma aventura de grandes proporções. É uma situação na qual o risco é cuidadosamente criado. Nós não iríamos assistir a eventos esportivos, nem qualquer outra competição, se não nos dessem alguma forma de satisfação básica. Precisamos de aventuras.
Às vezes, talvez precisemos também de tranqüilidade. Mas isto não nos falta à noite, quando dormimos, além de em algumas horas passadas acordados, na maioria dos dias. Em 24 horas, oito ou dez de tranqüilidade deveriam ser suficientes.
Sigmund Freud compreendia a necessidade de aventura. Embora se mostrasse confuso com o “objetivo” da vida, e tivesse uma tendência a perder-se em incoerências quando tratava do assunto, não tinha ele a improvável convicção de que o objetivo da vida é ter calma. Muitos dos seus discípulos acreditavam nisto, mas não ele. Na realidade, fazia até um esforço para ridicularizar a ioga e outras disciplinas psicorreligiosas asiáticas, que considerava como as expressões máximas da escola de sanidade mental que tem o “mantenha a calma” por princípio. Na ioga, o objetivo é alcançar a paz interior à custa de tudo o mais. Como observou Freud em O Mal
Estar Na Civilização, qualquer pessoa que alcance plenamente os objetivos de uma tal disciplina, “sacrificou a sua vida”. Em troca de quê? “Terá apenas alcançado a felicidade da quietude.” Parece mau negócio.
A aventura é que dá sabor à vida. E a única maneira de viver uma aventura é expondo-se a riscos.
Gerald Loeb sabia disso. Daí não poder aprovar a decisão de Sylvia, a Sóbria, de pôr o seu dinheiro na poupança.
Mesmo quando os juros estão relativamente mais altos, qual é o lucro? No começo do ano, você entrega 100 dólares ao banqueiro. No fim do ano, ele lhe devolve 109. Grande vantagem! Fora à chatice.
É bem verdade que, em qualquer país civilizado, num banco sério, os seus 100 dólares estão seguros. A menos que ocorra uma grande calamidade econômica, você não perderá coisa alguma. No decorrer do ano, os juros podem baixar um pouquinho, mas o banqueiro jamais lhe devolverá menos que os 100 dólares originais.
Mas, cadê a graça? Cadê o desafio? Cadê a emoção?
E, principalmente, cadê alguma esperança de ficar rico?
Além do mais, sobre os juros - os 9 dólares - é cobrado imposto de renda. O que sobrar deve dar para empatar com a inflação, se tanto. Desse modo, você jamais conseguirá qualquer mudança substancial na sua situação financeira.
Tampouco ficará rico através de salário. É impossível. A estrutura econômica mundial está montada contra você. Se um emprego for a base do seu sustento, o máximo que pode esperar é passar pela vida sem ter que mendigar um prato de comida. E nem isto é garantido.
Estranho como possa parecer, a maioria dos homens depende exatamente é de salários, e de alguma economia a que possam recorrer em caso de emergência. Frank Henry vivia se irritando com o fato de a classe média ser inexoravelmente empurrada nessa direção, por questão de educação e de condicionamento social.
- Nem a criançada escapa - costumava resmungar. - Professores, pais, orientadores, todo mundo fica martelando na cabeça da criança: faça o seu dever, ou não vai arranjar um bom emprego. Um bom emprego...
Como se isto fosse a ambição máxima de um ser humano. E por que não uma boa especulação? Por que não falam com as crianças a respeito disso?
Eu fui uma criança com quem falaram - e muito - a respeito. A regra básica de Frank Henry dizia que só a metade do potencial de uma pessoa deveria ser aplicada em ganhar um salário; a outra metade devia ser aplicada em investimentos e especulações.
Porque a pura verdade é a seguinte: a menos que você tenha pais ricos, a única maneira de sair da pobreza - sua única esperança - é submeter-se a riscos.
Certo, é claro, trata-se de uma rua de mão dupla. Assumir riscos implica a possibilidade de perda, em vez de ganho. Ao especular com seu dinheiro, você se arrisca a perdê-lo; em vez de acabar rico, pode acabar pobre.
Mas, veja as coisas por outro ângulo: como um assalariado comum, perseguido pelo imposto de renda e arrasado pela inflação, carregando boa parte do mundo nos seus pobres ombros, a sua situação financeira, de qualquer forma, já é uma droga. Então, que diferença faz, realmente, se ficar um pouquinho mais pobre, na tentativa de se tornar mais rico?
E, tendo os Axiomas de Zurique como parte do seu equipamento, é improvável que fique mais pobre. Tem é chance de se tornar muito mais rico. Há mais espaço para subir do que para descer, e, aconteça o que acontecer, você pelo menos estará vivendo uma aventura. Com o potencial de ganho tão maior que o de perda, o jogo está armado a seu favor.
As amigas de Gerald Loeb, Sylvia e Mary, ilustram o que pode acontecer. A última vez que soube delas, estavam com cinqüenta e poucos anos. Ambas se haviam casado e divorciado, e ambas continuavam a administrar suas finanças da maneira como haviam conversado com Loeb, no começo de suas carreiras.
Sylvia tinha posto todas as suas economias em poupança, CDBs, títulos municipais isentos de impostos e outros abrigos “seguros”. Os títulos municipais não eram tão seguros quanto lhe haviam dito, pois durante a louca e inesperada subida das taxas de juros, na década de 70, todos perderam boa parte do seu valor. A poupança e os CDBs mantiveram intacto o resto do seu capital, mas a inflação de dois dígitos na década de 70, igualmente inesperada, desgastou desastrosamente o poder de compra do dinheiro de Sylvia.
O seu melhor negócio, enquanto estava casada, foi a compra de uma casa. Ela e o marido eram como proprietários.
Quando se divorciaram, acertaram a venda da casa, dividindo meio a meio o apurado. O imóvel havia valorizado muito ao longo do tempo, e ambos saíram com bem mais do que haviam investido. Ainda assim, Sylvia não estava rica, longe disso. Depois do divórcio, voltou a trabalhar numa corretora, e está obrigada a continuar trabalhando até atingir a idade de aposentadoria, quando passará a receber uma pensão. Não será grande coisa, mas dela não poderá prescindir, porque o que tem não é suficiente para garantir-lhe a velhice. Sylvia organizou sua vida financeira em torno do salário como sustentação principal. Não morrerá de fome, provavelmente, mas terá sempre de pensar duas vezes antes de comprar um par de sapatos. Com seus gatinhos de estimação, passará o resto da vida num conjugado, que nunca será aquecido o bastante no inverno.

Quanto a Mary, está rica.
Como qualquer um que não seja maluco, ela sempre se preocupou com a segurança do seu capital, mas jamais permitiu que essa preocupação se impusesse a tudo o mais na sua filosofia financeira. Assumiu riscos.
Passado o penoso começo, alguns riscos começaram a produzir resultados. Ganhou muito dinheiro na excelente fase da Bolsa, na década de 60, mas o que garantiu realmente as suas especulações foi o ouro.
Os americanos puderam começar a usar o metal amarelo como investimento em 1971, quando o então presidente Nixon rompeu o elo oficial entre o ouro e o dólar. Até então, o preço do ouro era imóvel - 35 dólares a onça troy. Com a decisão de Nixon, o preço disparou, mas Mary andou rápido. Contra os conselhos de inúmeros assessores financeiros conservadores, comprou contratos do metal a preços entre 40 e 50 dólares a onça.
Antes do final da década, o preço atingiu 875 dólares. Mary vendeu a maior parte do que comprara a preços em torno de 600 dólares. Até então, gozava de uma situação financeira confortável; daí em diante, estava rica.
É proprietária de uma casa, um apartamento na cidade e outro numa ilha do Caribe. Passa boa parte do tempo viajando - de primeira classe, é óbvio. Faz muito que largou o emprego. Como conversara com Gerald Loeb, o salário era um detalhe no seu quadro financeiro. Os dividendos que recebia sempre foram maiores que o seu salário. Parecia-lhe desproporcional, então, passar cinco de cada sete dias ganhando aquela miséria.
É verdade que, ao longo dos anos, os assuntos financeiros deram muitas preocupações a Mary; provavelmente, preocupações bem maiores do que Sylvia jamais conheceu. Na sua pobre velhice, isto talvez vá servir de algum consolo para Sylvia. Ela jamais teve de ir dormir sem saber se estaria pobre ou rica na manhã seguinte. Sempre fora capaz de fazer alguma estimativa sobre a sua situação financeira no ano seguinte, ou dali a dez anos. Seus cálculos nem sempre foram corretos, principalmente durante os anos em que os títulos municipais andaram derretendo feito gelo ao sol; o fato, porém, é que as suas estimativas batiam perto. Isto deve ter sido um grande conforto.
Em contraste, durante os anos em que esteve acumulando a sua fortuna, Mary só era capaz dos palpites mais disparatados sobre o seu futuro. Houve, com toda certeza, noites em que dormiu muito mal, ou nem dormiu.
Houve épocas em que andou apavorada.
Mas, velam qual foi o seu retorno.
Muitos dos mais célebres operadores de Wall Street jamais esconderam que um estado de quase permanente preocupação é parte dos seus estilos de vida. Poucos, porém, dizem isto em tom de queixa. Ao contrário, falam quase com alegria. Gostam do modo como vivem.
Desses especuladores, um dos mais famosos foi Jesse Livermore, que brilhou em Wall Street no começo deste século. Alto, boa pinta, com os cabelos muito louros, onde ele aparecia atraía multidões. As pessoas viviam pedindo-lhe dicas de investimentos, e era permanentemente perseguido por repórteres de jornais e revistas que tentavam arrancar-lhe qualquer dito sábio. Certo dia, um jovem jornalista, muito sério, perguntou-lhe se, considerando toda a luta e as tensões para chegar lá, valia a pena ser milionário. Livermore respondeu-lhe que gostava muito de dinheiro, de forma que, sim, para ele valia a pena. Mas, o repórter insistiu, não havia noites que um especulador em ações passava sem dormir? Vale a pena a vida, quando se passa o tempo todo preocupado?
- Olha aqui, meu filho, ouça bem - disse Livermore - Toda atividade tem os seus problemas, os seus apertos.
Se você cuidar de abelhas, vai levar as suas ferroadas. No meu caso, são as preocupações. É aceitá-las ou continuar pobre. Se eu puder escolher entre preocupações e pobreza, sempre vou preferir as preocupações. Livermore, que fez e perdeu quatro imensas fortunas especulando na Bolsa, não apenas aceitava o estado de preocupação como parecia apreciá-lo. Certa noite, ele e Frank Henry estavam bebendo num bar, quando Livermore lembrou-se, de repente, que tinham um jantar. Telefonou para a anfitriã, apresentou suas embaraçadas desculpas, pediu mais um drinque e explicou a Frank Henry que costumava ficar distraído e esquecido quando estava no meio de uma jogada delicada de mercado. Frank observou que, tanto quanto havia reparado, jamais houvera um momento em que Livermore não estava envolvido numa jogada delicada de mercado. Livermore concordou na hora. Num determinado momento, se não estivesse metido numa jogada, preocupava-se com meia dúzia delas que estava armando para a semana seguinte.
Admitia que se preocupava o tempo todo com as suas especulações, até dormindo. Mas dizia que achava bom:
- É como eu gosto. Acho que não me divertiria nem a metade do que me divirto, se soubesse sempre como seria rico amanhã.
Frank Henry nunca se esqueceu destas palavras, e décadas mais tarde ainda as citava. Isto é o que expressa a filosofia do 1º Grande Axioma. Infelizmente, Jesse Livermore não dispôs de todos os outros Axiomas para socorrê-lo, e sua história não teve um final feliz. Mais adiante voltaremos a falar dele. Toda essa conversa acerca de riscos e preocupações pode dar a impressão que a vida de um especulador é passada à beira de um precipício. Não é verdade. Há momentos, é certo, que você sente os pêlos arrepiados, mas são raros e geralmente não duram muito. A maior parte do tempo você passa com preocupações suficientes apenas para dar algum sabor à vida. O nível de risco de que estamos falando não é, realmente, muito alto. Virtualmente, todas as jogadas financeiras visando lucro envolvem riscos, o indivíduo se dizendo especulador ou não. A única forma praticamente sem riscos de lidar com o dinheiro é colocá-lo em contas remuneradas em bancos, comprar títulos do governo americano ou guardá-lo numa forma qualquer de poupança.
Mas já vimos bancos quebrarem. Se o banco que guarda o seu dinheiro quebrar, você será ressarcido pela Federal Deposit Insurance Corporation (Empresa Federal de Seguros de Depósitos), mas só depois de longa demora, e sem juros. De repente, se uma dúzia de bancos explodissem ao mesmo tempo, numa espécie de catástrofe econômica nacional, nem a FDIC seria capaz de honrar seus compromissos. Quebraria junto. Numa situação dessas, ninguém sabe o que aconteceria com os depositantes. Felizmente, as chances de que este pesadelo ocorra são mínimas. Uma conta num banco americano, neste mundo cheio de turbulências, é o mais perto que se pode chegar de um investimento praticamente sem riscos.
Contudo, exatamente porque o risco é baixo é que o retorno é igualmente baixo. À cata de resultados melhores, homens de ânimo aquisitivo aplicam seu dinheiro em outras jogadas, mais arriscadas. Estranho como pareça, porém, a maioria faz isto sem admitir que é o que estão fazendo. Fazem de conta que agem com muita prudência e sensatez. Não estão assumindo riscos, não estão especulando, não estão... psiu, fale baixinho a palavra... jogando. Não, eles estão investindo. Vale a pena explorarmos as supostas diferenças entre investir e especular. Isto pode estar atrapalhando você na assimilação do 1º Grande Axioma. Nós, os estudiosos dos Axiomas de Zurique, nos chamamos, francamente, de especuladores. Você pode ficar com a impressão de que estamos lhe dizendo, ou de que viremos a lhe dizer, que corra riscos loucos e impensados. Pode lhe agradar mais a idéia de “investir” que a de especular. Ser um “investidor” parece mais seguro.
Na realidade, porém, não existe diferença alguma. Como dizia Gerald Loeb, que não tinha papas na língua:
- Todo investimento é especulação. A única diferença é que alguns admitem isso, e outros não.
Pessoas que se oferecem para aconselhá-lo na administração do seu dinheiro quase sempre se apresentam como assessores de “investimentos”, não de especulações. Parece mais sério, impressiona melhor, além de permitir cobrar mais pelos serviços. Toda a imprensa especializada, dos boletins informativos às principais revistas que cobrem as várias áreas de especulação, quase sempre identificam-se como publicações sobre “investimentos”. Mas todas, exatamente como fazem os Axiomas de Zurique, tratam é de especulação.
Existe até um tipo de papéis que os especialistas financeiros gostam de chamar de “investimentos padrão”.
Passa uma idéia de grande dignidade, assusta um pouco e dá a impressão de supersegurança. Falando desses papéis com a apropriada solenidade, um desses assessores é capaz de convencer um noviço de que se trata, afinal, do longamente buscado investimento de alto rendimento e sem riscos.
As ações da IBM, por exemplo. Não há papel mais blue. Em Wall Street, a IBM é apelidada de “Big Blue”.
Um investimento padrão como IBM não tem erro, não é verdade?
Pois é, não tem. Se houvesse comprado IBM em 1973, quando o papel atingiu o pico e todos os assessores de investimento do mundo empurravam, você teria de esperar nove anos para recuperar o capital. Teria sido melhor negócio guardar o seu dinheiro num pé de meia.
Por mais digno que pareça, não existe investimento sem risco. Para mais um exemplo, tomemos General Motors. É outra ação que, geralmente, aparece na lista de corretores como investimento padrão. Estava em todas as listas, em 1971, quando todo mundo achava que a GM seria a dona do mundo. Todos diziam que, com GM, não havia nada de especulativo. Era o tipo de papel que os inventariantes mais conservadores compravam para viúvas e órfãos. Era investimento.
Mas algo de errado aconteceu com esse investimento padrão. Se tivesse comprado em 71, no pico, 15 anos depois você ainda estaria esperando a volta do seu capital.
Chamar uma operação de “investimento” não modifica os fatos: uma jogada será sempre uma jogada. Era de se esperar que tivessem aprendido isto na débâcle de 1929, quando todo mundo viu que Wall Street não passava de uma gigantesca mesa de roleta, engolindo o dinheiro dos jogadores a uma velocidade espantosa. As histórias sobre papéis que eram investimentos padrão em 1929 são de chorar. New York Central Railroad custava 257 dólares, três anos depois estava a 9; Radio Corporation, ancestral da RCA, caiu de 574 dólares para 12, enquanto uma GM então bem mais jovem despencava de 1075 dólares para 40. Como dizia Loeb, todo investimento é especulação. Você traz o seu dinheiro e corre os riscos. Quer esteja apostando em GM ou em qualquer outra coisa, é um especulador. Melhor admiti-lo. Não faz sentido tentar se iludir. De olhos bem abertos, você entende melhor o mundo.

Os Axiomas de Zurique tratam de especulação, e não escondem esse fato. Isto não significa que tratam de
riscos assumidos loucamente. Quer dizer apenas que são muito francos.


1º AXIOMA MENOR
Só aposte o que valer a pena.

Um antigo clichê diz que “só se deve apostar o que se possa perder”.
Ouve-se isto em Las Vegas, em Wall Street e onde quer que se arrisque dinheiro em busca demais dinheiro,
Lê-se a mesma coisa em livros que oferecem conselhos sobre investimentos e administração financeira do tipo convencional. É tão repetido, em tantos lugares, que acabou adquirindo uma aura de verdade, exatamente como os clichês psicanalíticos sobre manter a calma.
Antes, porém, de incluí-lo no seu instrumental especulativo, é melhor estudá-lo com cuidado. Como a maioria das pessoas o interpretam, é uma fórmula que praticamente garante maus resultados.
O que será uma soma “que se possa perder”? A maioria talvez a definisse como “uma soma que, se eu perder, não vai doer”. Ou, “uma soma que, se eu perder, não representará diferença significativa no meu bem-estar financeiro”.
Por outras palavras, 1 ou 2 dólares, ou 20 dólares, ou algumas centenas. Essas são as quantias que a maior parte da classe média consideraria “perdível”. Em conseqüência, é com esse tipo de dinheiro que a maioria da classe média especula, se é que o faz. Mas, veja bem: se apostar 100 dólares e dobrar o dinheiro, você continua pobre. A única maneira de derrotar o sistema é apostando quantias que valham a pena. Claro, isto não significa que deve jogar com somas que, perdidas, levariam você à bancarrota. Afinal de contas, há o aluguel a pagar, as crianças precisam comer. Mas significa, isto sim, que tem de superar o medo de se machucar.
Se a quantia for tão pequena que a sua perda não represente diferença significativa, o mais provável é que tampouco trará ganhos significativos. A única maneira de ganhar muito apostando pouco é correr atrás de uma possibilidade em milhões. Você pode, por exemplo, comprar um bilhete de loteria por 1 dólar e ganhar 1 milhão. É gostoso sonhar com isto, mas, de tão grandes, as probabilidades contra são de deprimir. No curso normal de uma jogada especulativa, você tem que começar disposto a se machucar, nem que seja um pouquinho. Talvez prefira começar modestamente e, à medida que for ganhando experiência e confiança na solidez da sua psique, ir aumentando a dosagem de preocupação. Cada especulador acaba encontrando o seu próprio nível de tolerância a riscos. Alguns, como Jesse Livermore, apostam com tal ousadia que são capazes de quebrar com espantosa rapidez - o que, conforme já vimos, com Jesse ocorreu quatro vezes. O seu nível de risco era tão elevado que assustava os outros especuladores, inclusive os mais calejados. Frank Henry, cujo nível de risco era mais baixo, costumava analisar as jogadas de Jesse e chegar em casa balançando a cabeça, cheia de espanto. - O homem é louco! - dizia.
Certa vez, ele calculou que, se todas as suas especulações lhe explodissem na cara de uma vez, num único e imenso cataclísma, quando a poeira assentasse ele estaria valendo mais ou menos a metade do que valia ao começar.
Perderia 50 %. De outro ponto de vista, preservaria 50 %. Era esse o nível de tolerância à preocupação que ele escolhera.
Outro que acreditava em apostas que valessem a pena era J. Paul Getty, um dos reis do petróleo. A sua história é instrutiva. A maioria das pessoas parece pensar que ele herdou a sua imensa fortuna do pai, ou que, pelo menos, herdou o começo dela. A verdade é bem outra. J. Paul Getty fez fortuna sozinho, começando como um especulador comum, de classe média, como você ou eu.
Ficava irritadíssimo quando diziam que tinha recebido a vida numa salva de prata.
- De onde vem essa idéia? - certa vez ele gritou para mim, exasperado. (Havíamos nos encontrado na sede da Playboy. Ele era acionista da empresa, durante alguns anos foi editor de economia da revista e nela publicou 34 artigos. Era a sua maneira de relaxar, quando não estava ganhando rios de dinheiro.) Finalmente, Getty concluiu que era a imensidão da sua fortuna que fazia quase todo mundo pensar precipitada e erradamente. As pessoas, evidentemente, achavam difícil acreditar que um homem sozinho pudesse começar com uma soma modesta, padrão classe média, e transformá-la em 1 bilhão de dólares. Pois foi exatamente o que J. Paul Getty fez. A única vantagem que teve sobre você ou sobre mim foi que começou no início do século, quando tudo custava mais barato e não existia imposto de renda. Além de alguns modestos empréstimos, não levou um tostão do pai, frio e intimidante. E os empréstimos foram cobrados nos prazos estabelecidos, não valendo desculpas de qualquer natureza. A coisa mais valiosa que Getty recebeu do pai foi instrução, não dinheiro.
George F. Getty era um advogado de Minneapolis, especulador autodidata, que acertou na mosca na corrida do petróleo em Oklahoma, no começo do século, e criou regras que se parecem um pouco com alguns dos Axiomas de Zurique. Era um homem sério, de inabaláveis convicções plantadas na Ética do Trabalho. Como J.
Paul escreveria depois, na Playboy: “George F. não admitia a idéia de que o filho de um homem rico devesse ser mimado, estragado, ou que recebesse dinheiro de presente quando já tivesse idade bastante para ganhar sua própria vida.” Assim, J. Paul teve de sair em busca de sua própria fortuna.
No começo, achou que queria ser diplomata ou escritor, mas a paixão do pai pela especulação estava no seu sangue. Foi atraído para Oklahoma, para o petróleo. Trabalhando nos campos, juntou algumas centenas de dólares. À medida que cresciam suas economias, crescia também a sua vontade de arriscá-las. Foi então que ele demonstrou compreender o princípio básico do 1º Axioma Menor. Aprendera-o com o pai:

Só aposte o que valer a pena.
Com 50 dólares, ou até menos, poderia ter se associado a algum negócio. Não faltavam dessas oportunidades.
Os campos de petróleo andavam cheios de independentes e de grupos de especuladores que precisavam de dinheiro para continuar perfurando poços. Por uns poucos dólares, vendiam parcelas mínimas das suas operações a qualquer um. Mas Getty sabia que com essas participações minúsculas não ficaria rico nunca.
Saiu atrás de coisa maior. Perto da Vila de Stone Bluff, encontrou um especulador oferecendo 50% de um direito de prospecção sobre uma área que Getty achou promissora. Resolveu arriscar. Ninguém ofereceu mais, e J. Paul Getty, assim, acabava de ingressar oficialmente no ramo do petróleo.
Em janeiro de 1916, o primeiro poço-teste da área mostrou-se um sucesso: mais de 700 barris/dia. Pouco depois, Getty vendeu a sua parte por 12.000 dólares, e foi desse modo que a sua fabulosa fortuna começou.
- Claro que tive sorte - diria ele, anos mais tarde, recordando a sua primeira jogada. - Podia ter perdido. Mas, mesmo que isso houvesse acontecido, não teria modificado a minha convicção de que aquele era o risco a correr. Assumindo tal risco (e não era pequeno, devo admitir), eu estava me dando a possibilidade de alcançar algo interessante. Possibilidade veja bem, esperança. Se houvesse recusado a oportunidade, não teria tido a esperança.
Ele ainda acrescentou que, se tivesse perdido, não teria sido o fim do seu mundo. Simplesmente voltaria a cavar algum dinheiro, e tentaria de novo.
- Me parecia, então, que eu tinha muito mais a ganhar do que a perder - recordaria Getty. - Se ganhasse, seriam várias maravilhas juntas. Perdendo, doeria, mas não lá essas coisas. O caminho a tomar parecia claro. O que você teria feito?
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2º AXIOMA MENOR

Resista à tentação das diversificações.

Diversificação. Examinemos o que quer dizer esta palavra, e como ela pode afetar os seus esforços para ficar rico.
No sentido usado pela comunidade de investimentos, significa espalhar o dinheiro. Esticá-lo ao máximo. Colocá-lo numa porção de pequenas especulações, em vez de em umas poucas e grandes.
Segurança: esta é a idéia por trás da atitude. Seis dos seus investimentos dando em nada, talvez outros seis dêem em alguma coisa. Se a U-Lá-Lá Eletrônica falir e sua ação cair para 3 centavos de dólar, é possível que a sua especulação com a Oba-Oba Computadores resulte melhor. E se tudo desabar, ao menos os seus títulos municipais talvez se valorizem, mantendo-a à tona. A idéia é esta. Na ladainha dos aconselhamentos convencionais de investimentos, “uma carreira diversificada” está entre os objetivos mais procurados e reverenciados. Só uma coisa é melhor: uma carteira diversificada só de investimentos padrão. Se é isto que você tem então está com tudo!
É o que eles gostam de dizer. O fato é que a diversificação, ao reduzir os riscos, reduz também, na mesma medida, qualquer esperança que você possa ter de ficar rico. A maioria de nós, aventureiros de classe média, começamos as nossas proezas especulativas com um capital limitado. Digamos que você dispõe de 5.000 dólares, e quer que o seu bolso cresça. O que vai fazer com seu dinheiro? A sabedoria convencional manda diversificar. Fazer dez apostas de 500 dólares cada. Seriam, por exemplo, 500 dólares de GM, já que a indústria automobilística parece numa boa fase; 500 no open, para o caso de as taxas subirem; 500 em ouro, para cobrir a possibilidade de tudo o mais dar errado, e assim por diante.
Pronto: todas as eventualidades estão cobertas. Dá um quentinho na barriga, não dá? Você está protegido de praticamente todos os perigos - inclusive do perigo de enriquecer.
A diversificação tem três grandes defeitos:
1. Obriga-o a violar o preceito do 1º Axioma Menor, de que se devem sempre fazer apostas que valham a pena. Se o seu capital inicial todo já não é grande coisa, diversificá-lo só piora. Quanto mais se diversifica, menores se tornam as especulações. Levada a situação a extremos, você pode acabar com quantias que realmente não valem nada. Como observamos no 1º Axioma Menor, um grande ganho sobre um capital pequeno deixa-nos praticamente onde começamos: pobres. Digamos que Oba-Oba
Computadores foi brilhante, e o preço da ação dobrou. Quanto você ganhou? Quinhentas pratas. Não é por aí que você vai atingir as alíquotas mais altas do imposto de renda.
2. Ao diversificar, você cria uma situação em que, provavelmente, ganhos e perdas acabam se cancelando e
o deixando exatamente onde começou - no ponto zero.
Você comprou dois papéis que, digamos, não eram exatamente investimentos padrão: Oba-Oba Computadores e U-Lá-Lá Eletrônica. Se as duas empresas fossem abençoadas, e viessem a disparar, pensou você, suas ações subiriam. Tudo bem vamos dizer que tenha acertado os palpites. As empresas prosperaram e lhe proporcionaram um ganho de 200 dólares em cada especulação de 500 dólares.
Na hora em que você estava comprando U-Lá-Lá e Oba-Oba, porém, o seu conselheiro de investimentos, solenemente, alertou-o de que era melhor proteger-se de riscos, através da diversificação. Para o caso de mau tempo, costumava ele sentenciar, era bom ter um pouco de papéis conservadores e outro pouco de ouro. Você, então, foi lá e comprou 500 dólares em ouro e outros 500 num fundo que opera com títulos de 50 anos do Departamento de Estradas de Rodagem do seu estado natal. São títulos perfeitos, isentos de impostos, e nunca se deram mal. De repente, você está no meio de uma explosão na economia. Como há muita demanda de capital pelo comércio, e de crédito aos consumidores, os juros disparam, o que derruba o valor dos seus papéis com juros prefixados. Caíram em 100 dólares. Quanto ao ouro, quem tem o metal amarelo está freneticamente vendendo, a fim de fazer dinheiro. Todo mundo quer aplicar em ações, que estão disparando, ou pôr o dinheiro nos novos tipos de contas bancárias, que pagam aqueles juros fenomenais. O valor escoa do seu ouro como se de um balde furado e, logo, o que você comprou por 500 dólares está valendo 200. Muito bem, você ganhou 400 dólares nas ações, e perdeu 400 nos títulos e no ouro. Qual é a graça?
3. Ao diversificar, você vira um artista de circo que tenta manter no ar uma porção de bolas ao mesmo tempo. Bolas demais.
Se tiver somente umas poucas especulações em andamento e uma ou duas se derem mal, dá para adotar uma posição defensiva. O 3º Grande Axioma, além de outros, refere-se a esta situação. Mas se tem uma dúzia de bolas no ar e a metade delas começa a ir na direção errada, as suas chances de escapar incólume do dilema não são lá essas coisas.
Quanto maior o número de especulações em que você entra, mais tempo e estudos terá de dedicar-lhes. A confusão pode se generalizar. Quando as coisas começam a dar errado - o que é inevitável, como você sabe – e surge um problema atrás do outro, você pode acabar à beira do pânico. Geralmente, o que acontece numa situação dessas, especialmente com novatos no mercado, é que ficam paralisados. Como são pressionados a tomar decisões difíceis demais, depressa demais, acabam não fazendo coisa nenhuma. Conseguem apenas ficar estáticos, cheios de espanto, vendo o seu dinheirinho derreter diante dos seus olhos arregalados.
Quando se pensa nesses três grandes defeitos da diversificação, colocando-os diante da sua única qualidade - a segurança -, diversificar já não nos parece algo tão bom assim. Um pouco de diversificação, provavelmente, não fará mal. Três boas especulações, talvez quatro, até uma meia dúzia, se sua atração por tal quantidade for forte o bastante. Pessoalmente, não gosto de ter mais de quatro de uma só vez; a maior parte do tempo, especulo em três ou menos - às vezes numa coisa só. Uma quantidade maior me faz sentir desconfortável. Isto vai muito da preferência pessoal, e da maneira de pensar de cada um. Se achar que pode operar eficazmente com um número maior, tudo bem.
Mas não diversifique só por diversificar. Você se torna um concorrentezinho num concurso de supermercado, no qual o objetivo é encher o cesto o mais rápido possível. Acaba indo para casa com um monte de porcarias caras que nem queria. Ao especular, você deve pôr o seu dinheiro em alternativas que realmente o atraiam, e em mais nenhuma. Jamais compre alguma coisa só porque precisa arredondar “uma carteira diversificada”.
Como dizem alguns, em Wall Street: “Ponha todos os seus ovos no mesmo cesto, e tome conta do cesto”.
Este é o único clichê financeiro que resiste a análise. O primeiro que o disse não era certamente dado a diversificações. É muito mais fácil tomar conta de um, ou de uns poucos cestos, do que uma dúzia deles. Quando a raposa aparecer querendo roubar os ovos, você poderá cuidar dela sem ter de ficar correndo em círculos.
Estratégia Especulativa
Façamos uma rápida revisão do 1º Grande Axioma. Especificamente, o que ele aconselha a fazer com o seu dinheiro?
Manda arriscá-lo. Não tenha medo de se machucar um pouco. Geralmente, a taxa de risco em que estará envolvido não chega a ser de arrepiar os cabelos. Ao se decidir a enfrentá-la, estará se dando a única chance realista de pôr-se acima da pobreza.
O preço a pagar por esta chance gloriosa é um estado de preocupação permanente. Esta preocupação, porém, insiste o 1º Grande Axioma, não é a doença que a moderna psicologia acredita ser. É o molho forte e picante da vida. Quando você se habituar com seu gosto, não passará mais sem ele.